Nosso reencontro

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Will



Eu não tenho feito outra coisa, a não ser pensar em reencontrá-lo. Pode parecer exagero, mas não tenho feito muita coisa desde que Sunee disse que a leitura do roteiro seria na quarta-feira. Minha vida se resumiu a esperar que os dias passassem rápido, então dá para imaginar como estou me sentindo ao me olhar no espelho do retrovisor em plena quarta-feira pela manhã, ainda faltando uma hora para a reunião de elenco e produção, e estando a menos de dez minutos de distância do prédio da produtora. Nervosismo é o que me resume. Embora saiba que precise estar tranquilo, e não cometer exageros diante de todos, e principalmente dele.

Passei voando pelo hall de entrada da produtora, o elevador levou menos de dois minutos para chegar ao décimo andar, mas para mim pareceu uma eternidade. Depois de me instalar na sala de reuniões, sentado em uma das muitas cadeiras que compõem a grande mesa oval, observo a paisagem pela janela à minha frente, e meu pensamento voa até a primeira vez que vi Nate. Tanta coisa mudou de lá para cá. Sou tirado dos meus devaneios com a entrada de algumas pessoas da produção.

[...]



A sala está repleta de gente. Quase toda a equipe está aqui, produção, direção e os atores, menos ele. Eles falam sem parar, riem, e eu apenas balanço a cabeça, ou sorrio, cada vez que alguém se dirige a mim, mas de repente, a maçaneta gira, e a porta abre. Meu coração quer sair pela boca, quando meus olhos veem a pessoa que eu tanto aguardava, meu desejo é ir até ele, abraçá-lo, tocar seu rosto e beijá-lo. Ele entra, cumprimenta todos e senta de frente para mim, e finalmente seu olhar recai sob o meu. São segundos, mas parecem minutos. Percebo que ele está um pouco abatido, ele me olha como se estivesse com vergonha de algo, e eu lanço um sorriso sem graça para ele, e ele retribui da mesma forma. Meu coração bate a mil com esse sorriso.

Há um muro invisível que nos separa, mas seu profissionalismo está acima de qualquer coisa, e a leitura do texto foi realizada sem nenhum entrave, ou problema. Por fim, P'Tan, o diretor, nos chamou antes de todos saírem da sala, informando que tinha algo para nos falar separadamente do elenco. Senti como se vivesse um déjà-vu, mas nesse caso não era ilusão, realmente estou revivendo isso novamente. Sentei ao lado do diretor, olhei para Nate, que sentou-se do lado oposto.

— Então meninos, vocês perceberam que esse texto traz algumas reparações, coisas e situações que na série foram deixadas de fora, e uma delas é um beijo mais quente que aqueles que vocês trocaram! — P'Tan fala e olha para ambos.

Antes que eu diga algo, Nate se manifesta.

— Mas, eu dei uma olhada no texto, e não me lembro de ver essa parte...

— Porque ela não ainda não foi bem definida, e para isso eu preciso de vocês!

— Como assim? — pergunto.

— Muito simples. Eu pensei na cena, e os roteiristas já escreveram algo, e há duas versões da cena do beijo. Eu vou enviar para vocês, quero que analisem e me digam o que acharam, e o que ficaria melhor para gravarmos!

— Você quer que a gente escolha, P'? — Nate pergunta, e o diretor apenas balança a cabeça positivamente.

— Tem outra coisa! Sei que vocês são muito amigos, então acho que não preciso recomendar que estudem o texto juntos, já que há muitas cenas de casal no início, e sempre com aquele tom mais carinhoso e de muita cumplicidade, afinal o texto diz que ele estão juntos há dois anos!

[...]



As palavras do diretor martelavam na minha cabeça. Assim que saímos da sala, Nate encontrou Mark, que o esperavam para falar algo em particular. Então a solução foi esperá-lo ao lado do seu carro. Não demora muito para que o aviste. Seu olhar encontra o meu, e ele passa a andar mais devagar, e o meu coração fica apertado.

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