fatos dolorosos

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Sn Smith

— Pai?! O que faz aqui? — pergunto confusa ao ver a imagem do mais velho com uma cara séria — Se veio me buscar pra ir embora, deu uma viagem perdida. — digo fazendo menção de fechar a porta, porém sua mão interfere.

— Sua mãe está enfurecida, Smith. O que deu na sua cabeça? — ele adentra a casa de Joshua e para em meio a sala com as mãos na cintura.

— O que deu na minha cabeça? O que deu na sua, ao invadir a casa dos outros assim? — fiz o mesmo que ele, pousando minhas mãos em meus quadris.

— Já pensa que essa casa é sua? — solta uma risada amarga — S/N não seja estúpi-

— Essa casa é dela sim, por quê? — de repente, Beauchamp apareceu na sala com uma cara séria e parou ao meu lado abraçando minha cintura.

Meu pai o olhou assustado e em seguida retornou a postura rígida. Josh havia dito que a casa é minha. Isso me deu um frio na barriga? Com certeza.

Mas voltando ao assunto, eu não sabia o que diabos meu pai tinha vindo fazer aqui. Se ele achava que iria me levar de volta para aquele hospício – intitulado casa – estava muito enganado. Eu só sairia daqui se fosse Joshua quem me expulsasse.

— Não se meta na conversa que estou tendo com a minha filha. — meu pai falou seco intercalando o olhar entre mim e o loiro.

— Estou na minha casa, faço o que bem entender. — meu namorado disse mais seco ainda e o homem a nossa frente bufou.

— Olha aqui, vou logo ao ponto do porquê vim aqui-

— Estou esperando isso a séculos... — o interrompi de braços cruzados logo recebendo um olhar raivoso por sua parte.

— Quando sua mãe descobriu que você tinha fugido ficou louca de ódio e foi até o meu escritório dizer tudo... — ele começa — Pra mim não era mais surpresa você ter fugido com esse aí. — se refere a Joshua e eu o fuzilo com o olhar.

— Vê lá como fala de mim dentro da minha casa, porra. — Josh disse se irritando e eu passei a mão em seu peito tentando o acalmar.

— Continua... — mandei ao meu pai.

— Então ela achou que eu não me importava, brigamos feio e ela disse que você havia dito que ela merecia todas as minhas traições... — ele diz e eu relembro — E eu acabei confirmando isso na hora da raiva com a cabeça quente, agora ela está mais enfurecida ainda e eu não sei o que fazer.

Sinceramente ao ouvir aquilo, não me importei nenhum pouco. Poderia ficar do jeito que estava, não iria mudar em nada na minha vida mais. Eu seria apenas uma das milhares de adolescentes filha de pais separados.

— E o que eu tenho a ver com isso? — perguntei indiferente e Joshua soltou uma risada.

— Você estragou o meu casamento, pirralha! — ele grita e eu abro a boca incrédula.

— Eu?! EU QUEM ESTRAGUEI? — gargalhei sem humor — Foi você quem escolheu passar noites e mais noites num cabaré com vadias ao invés de estar em casa com a esposa e filha, realmente acha que FOI EU quem estragou a merda do seu casamento? — reverberei caminhando em sua direção e apontando o dedo em seu peito.

— Não me desrespeite, eu sou seu pai! — ele abaixou meu dedo e ficamos em uma troca de olhar mortal.

— Agora você é meu pai? Depois de me vender para um gangster e me obrigar a trabalhar para ele, agora você é meu pai? — perguntei com amargura.

— Foi você quem se entregou. — ele disse na cara dura.

— EU FIZ ISSO PRA ELE NÃO TE MATAR E NEM MATAR A MINHA FAMÍLIA. — perdi o controle e dei um tapa em seu rosto — As consequências da merda QUE VOCÊ FEZ, foi eu quem tive que pagar... Ainda tem coragem de vir aqui e dizer isso pra mim, saiba que eu não queria me vender a ninguém, mas fui obrigada porque você fez merda e não soube resolver. — joguei em sua cara.

— Mas foi a melhor coisa que eu fiz em toda a minha vida, sabe por quê? Porque nessa ação acabei encontrando o amor da minha vida, ele em meses me tratou melhor do que você em anos... — uma lágrima teimou por rolar em minha bochecha enquanto dizia tudo.

Joshua viu meu estado e me puxou para seus braços. Repousei a cabeça em seu peito e chorei. Ele passou suas mãos por meus cabelos tentando me confortar, mas a dor era grande.

Meu pai apenas ouviu tudo com a mão onde acertei o tapa. Ele não iria dizer nada, afinal, era tudo verdade. No fim das contas, se ele não tivesse feito toda aquela merda, eu não teria conhecido o Beauchamp e me apaixonado por ele, não teria conhecido o amor da minha vida.

No fundo eu agradecia ao meu pai.

— Vai embora daqui antes que eu acerte tua cabeça com um tiro. — meu namorado ordenou irritado e meu pai saiu.

Depois disso me soltei de Joshua e afundei os dedos em meus fios, suspirando cansada em seguida. Caminhei até o sofá e sentei, ficando em silêncio por alguns segundos.

Ele caminhou se aproximando e sentou ao meu lado, apoiou os cotovelos no joelhos e encarou um ponto fixo.

Josh não sabia como agir nesse tipo de situação e nem o que dizer, então apenas ficou ao meu lado e me esperou ficar mais calma. De repente ouvimos passos sobre a escada.

Joalin chegou na sala coçando seus olhos, a mesma estava com uma cara de sono e cabelos bagunçados. Possivelmente teria acordado naquele momento.

— O que houve aqui, ouvi gritos... — ela parou em nossa frente e eu me senti mal por acorda-la.

— Desculpe, Jo! Não queria ter te acordado. — peço e ela dá de ombros.

— O pai dela veio aqui falar merda e acabaram brigando. — Josh disse irritado e sua irmã assentiu.

— Você tá bem, amiga? — se sentou ao meu lado e acariciou meu ombro.

— Nada que eu já não esteja acostumada. — pousei a cabeça sobre seu ombro e ela beijou o topo.

Em seguida saiu e me deixou sozinha com Beauchamp novamente fazendo o silêncio se instalar no cômodo.

— Quer conversar? — Joshua o quebrou.

— Não quero isso agora, podemos deixar pra depois? — nego fazendo menção de levantar, mas ele me segura.

— Sabe que pode me contar tudo, S/N... Não é só porque eu não sei agir nessas situações que você precisa se privar — ele fala segurando meu pulso — Posso não saber o que dizer, mas eu estou aqui pra te ouvir. — sua mão desceu até a minha e nossos dedos se entrelaçaram.

Sua pele era tão quente.

Não contive o sorriso, ele me acalmava nos piores momentos. Seus olhos azuis clarinhos me encaravam enquanto dizia cada palavra, acho que os meus brilharam quando ouvi tudo.

O puxei para levantar e o abracei. Meu rosto encaixou em seu peito e seus braços prenderam minha cintura. Me senti em meu porto seguro, Joshua era ele. Ao senti-lo comigo eu tinha certeza de que nada podia me abalar.

— Eu te amo, sabia...? — falo olhando em seus olhos e ele solta um pequeno sorriso.

— Eu te amo, Smith! — declara e nosso lábios selaram.

Eu estava em casa.

Obsessive || Josh BeauchampOnde histórias criam vida. Descubra agora