Vicente Johnson:
Quando tudo estava finalmente pronto, começamos a comer em meio a uma harmonia, com todos conversando. Mas notei os olhares raivosos da minha tia na direção de Luciano. Sabia que isso era algo que ela não poderia guardar para si mesma, suas emoções em relação a Luciano. Olhei para meu pai, que comia calmamente e conversava com Josué, ignorando toda a situação.
Pedro estava ao meu lado, cuidando de ajudar Otávia com a comida dela e me deixando fazer o mesmo com Gabriel, que estava birrento, mais querendo conversar com Pedro do que comer.
Quando todos terminaram as crianças chamaram os tios para brincar e resolvi lavar a louça com Pedro me ajudando.
- O que achou do seu primeiro almoço com os gêmeos? - Perguntei.
- Gostei bastante de brincar com eles e ainda mais com ambos puxando assunto com suas mil e uma ideias - Pedro falou divertido.
- Você vai se acostumar com o tempo, eles são bastante ativos nas brincadeiras com qualquer pessoa, o que me deixa mais surpreso que eles se apegaram bem rápido a você - Falei.
- O que posso fazer que tenho uma beleza encantadora - Pedro falou e me fez rir, então o ouvi pigarreando e finalmente me virei para sua direção. As olheiras ficaram ainda mais evidentes à luz da cozinha, pareciam hematomas gêmeos. Ele estava mesmo parecendo péssimo.
desliguei a torneira olhando para ele com cautela.
- Quer descansar um pouco? - Perguntei. - Consigo ver que passou a noite em claro.
- Estou perfeitamente bem. - Ele disse. - Ava me deu um remédio para dormir.
- Não ajudou - Falei.
- Não muito. - Ele abriu um meio sorriso e pegou um copo enxugando, o polegar esfregando a condensação no vidro. - Toda vez que fechava os olhos tinha pesadelos.
Não consegui segurar a pontada de preocupação ouvindo essas suas palavras. Ou tinha mesmo virado uma pessoa que se preocupava muito com os outros, ou estava pensando em como Pedro era desse jeito quando nos conhecemos, com ele sempre escondendo falar sobre os pacotes, e isso me fazia sentir duas vezes mais preocupado com ele, considerando que a simples ideia de me aproximar e fazê-lo se abrir comigo sobre seus pesadelos.
Pedro relutava em comentar sobre esse fator. Mas, apesar do que ele parecia pensar, sempre amei seu jeito de ser, assim que depois de um tempo ele me contava os pesadelos enquanto eu fazia cafuné em seus cabelos com sua cabeça deitada no meu colo. Tudo isso era algo que eu amava fazer e nunca tinha fingido isso, e vê-lo agir da mesma maneira me faz querer me aproximar ainda mais.
Estou ficando louco?
- Então se quiser conversar comigo sobre isso pode dizer - Falei. - Posso fazer igual fazíamos antes tinha pesadelos.
Pedro inclinou a cabeça, como se não tivesse ouvido direito. Me fez lembrar dos gêmeos quando fazem expressões confusas para mim.
- O quê? - Ele perguntou.
- Sei que estou falando demais, mas estou realmente preocupado com você - Falei, colocando a mão em seu ombro delicadamente e Pedro deu um passo para longe.
- Vicente.... - Ele começou.
- Pedro, pode contar comigo sempre que precisar e além disso posso ver que tem muita coisa na sua mente nesse momento. E, como sou seu amigo, tenho esse direito de me preocupar com você e não... - Minha voz falhou. Inspirei fundo para disfarçar. - E temos que confiar um no outro como amigos. Estou querendo dizer que você apenas tem que confiar em mim seus medos? Não sei... não sei ao certo como tudo isso está parecendo para você, mas saiba que estou aqui.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Passado sempre volta (Mpreg) | Livro 1 - Meu coração é seu!
RomansaNa noite antes de seu casamento, Vicente descobriu que seu até então "noivo" Pedro o traiu com Angelo seu até então "melhor amigo". Devastado e com o coração em pedaços, fugiu na mesma noite com um sentimento que irá moldar seu futuro. Vicente esco...