A Fênix...(Lookism)

17/ Yakuza

- Vamos ao Karaokê?

- mas eu queria tanto fazer compras - Yui falou fazendo beicinho enquanto as duas garotas que estavam com ela estantaneamente mudavam de idéia.

Ayla observou aquela interação de canto de olhos.

- A Ayla - Yui acenou para a garota de olhos verdes- não quer ir fazer compras conosco?

- Na..- Zoe parecia implorar para ela com os olhos- Certo, por que não?- ela sorriu esmagando sua mandíbula com raiva por ter mudado de ideia tão rápido. Logo seu celular tocou com uma notificação - não posso, surgiu outra coisa - ela passou ao lado de Zoe.

Ela havia engolido o " foi mal" e seguiu adiante.

Havia um tempo em que ela começou a controlar sua língua, quando o assunto era alguém pedindo ajuda a ela. Por que, as pessoas gostavam de pedir ajuda, mas quando não precisavam mais, elas esqueciam completamente de você. E você se tornava nada aos olhos delas.

Ela entrou no carro e Edgar acelerou.

- sabe o motivo? - perguntou sobre a mensagem.

- sei.

- não quer adiar nada pra mim?

- é sobre a família da sua mãe, os que vivem no Japão. - nesse instante algo brilhou na mente de Ayla.

- merda.

- exatamente- Edgar assoprou a fumaça do cigarro, mostrando o quão irritado estava.

- ela era filha de um yakuza, não é? - Ayla perguntou.

- sim.

- mamãe foi sequestrada pelo pai, e pelo Edgar.

- AAA- Ayla gritou assustando Edgar. - u-uma barata- ela riu nervosa arrancando a bota e acertando um canto escuro do carro- pronto fugiu, tem que limpar esse carro melhor Edgar.

- certo - ele respirou fundo se recuperando do susto.

- foi mal - Anna fantasma pairou acima de Ayla- é que eu aproveitei para descobrir umas coisinhas da minha família. E adivinha, minha avó era uma brasileira que foi enganada pela Yakuza e se tornou uma escrava sexual dentro da máfia. O chefão gostou dela e ela teve nossa mãe. Nossa mãe estava prestes a ser entregue para a diversão dos membros, quando deixou o coreano Ha-Jun completamente apaixonado por ela, ele lutou e conseguiu o respeito de Edgar um japonês que lutava nos ringues clandestinos, e ambos fugiram com nossa mãe para a Coreia.

- puta mer... - Ayla abriu a boca chocada.

- e tem mais, eu estou desconfiada que o preço dessa liberdade foi a vida dela anos depois. - ela logo leu o que Ayla tinha escrito em seu celular - sim, eles não tem interesse de paz ao chamar você. Mas.... Meu pai não é tão tranquilo quanto parece.

- eu sei...

- falando sozinha?

- comigo mesma.

- ok..!!

✨Ayla

Eu vi, eu tinha visto naquela noite que entreguei o tablet para ele, eu vi nos olhos dele uma raiva capaz de encendiar tudo. Um monstro que faria de tudo para proteger sua filha, e se fosse necessário exterminar um país inteiro, ele faria. Aquele homem era perigoso, e o que me assustou foi ver nos olhos dele, o mesmo que eu vi uma vez nos meus.
Se Anna achava que eu era ingênua ao ponto de achar que Ha-Jun era inofensivo, ela estava enganada. Eu conhecia muito bem a fúria que um homem era capaz de guardar em seu interior.

✨

Essa semana seria difícil, e Ayla sabia disso. Seus músculos estavam tensos e seu pulso coçava enquanto caminhava ao lado de seu pai, logo atrás Edgar fumava. Os três haviam acabado de desembarcar no Japão e alguns homens tatuados esperavam na frente do carro.

- Ha-Jun Sato? - um deles tentou a confirmação. - o tigre está esperando em seu domínio.

- hum, que legal, ele não acha muito trabalhoso manter a bunda no chão enquanto nos espera?- O Sato mais velho riu, enquanto os subordinados o encaravam com raiva.

- como ousa insultar nos.. - o mais esquentado tentou gritar mas foi impedido pelo motorista.

- silêncio, o Tigre não quer que demoremos - o homem também fez cara feia - a garota vai no carro de trás.

- não- Edgar sorriu - minha filha vem conosco - ele passou a mão pelos ombros da garota - seria ruim se algo acontecesse ao carro em que ela estivesse, não é?

- sim, seria - o homem o olhou apenas abrindo a porta do carro- podem entrar Senhores, e senhorita. - ele olhou para a garota e se virou se sentando no lugar do motorista.

Aproveitando a deixa mais dois carros dirigiram atrás deles.
E atrás deles mais dois, sendo compostos pelos homens de Edgar.

Ha-jun apertou a perna de Ayla e sorriu, tentando passar o mínimo conforto. Já Edgar que sentava do outro lado pegou a mão dela, que estava gelada.

Com isso ela se lembrou da conversa que tivera no avião com seu pai.

Flashback on.

- ele vai querer humilhar você - Ha-jun falou encarando a filha sério - e eu não quero que deixe, se tem uma coisa que aquele merda respeita, é um descendente audacioso e forte. E se ele não respeitar isso, não se importe em quebrar tudo que ver pela frente. - ele riu a olhando por cima dos óculos de lentes laranjas. - por que eu e Edgar não somos tão fracos quanto ele pensa. E minha filha também não é.

- pode deixar, pai - Ayla falou levantando a cabeça.

Ha-jun sorriu de lado, ocultando sua preocupação. Se aquele velho ousasse tocar em um fio de cabelo de sua filha, ele sabia que não seria capaz de esconder todos os corpos que ficariam mostrando sua passagem.

Ayla percebeu quatro coisas nesse momento.
Uma: ela não queria mais fazer o homem que chamaria de avô gostar dela.
Dois: ela não precisava aguentar nada.
Três: Finalmente poderia por em ação os ensinamentos de Edgar.
Quatro:seu pai era foda pra caralho.

E com isso os carros atravessaram os enormes portões.
Haviam chegado no domínio do Tigre.