Acordei antes do despertador, ouvindo a chuva fina batendo na janela do meu quarto e estranho, não é muito comum chuvas nessa época do ano aqui na Califórnia. Talvez seja a forma da natureza dizer que o verão realmente chegou ao fim por aqui. Um fato sobre mim: odeio chuva e climas frios, foi por isso que escolhi San Diego há três anos atrás para estudar, justamente por ser conhecida pelo clima mais quente, diferente de Pittsburgh, onde nasci e fui criada.
Espreguicei bem a tempo de ouvir o meu despertador, juntando toda a coragem que tinha para me levantar da cama e ir tomar meu banho.
Soltei um murmúrio de desgosto quando senti os pisos frios sob meus pés descalços. Retiro minhas roupas pelo caminho até o banheiro do meu quarto, ligo o chuveiro e coloco na temperatura mais quente, antes de entrar debaixo dele.
Mas mesmo estando sob a água quente, ainda sinto meu corpo tremer involuntariamente com o vento frio que entra pela fresta da janela que esqueci aberta, me apressando para sair logo do banho.
Saí me enrolando na toalha, aproveitando para escovar meus dentes, antes de voltar para o quarto e vestir minhas roupas. Escolhi uma calça branca de cintura alta e um suéter cropped vermelho.
A lã do suéter aqueceu meu corpo instantaneamente e eu apreciei isso. Calcei meus tênis all star, na mesma cor da blusa, e prendi meus longos cabelos num rabo de cavalo alto. Nunca me importei tanto de me arrumar para ir a faculdade, então apenas passei uma máscara de cílios e um protetor labial, antes de deixar o quarto.
Encontrei Rallyson; meu colega de quarto e melhor amigo, já na cozinha preparando o café da manhã.
— Bom dia! — desejei animada, vendo meu amigo bocejar e me lançar um olhar cansado.
Pude ver pelas suas olheiras que ele não havia dormido muito.
— Tá virado, é? — perguntei, enquanto pegava uma fatia de pão e colocava na torradeira, me servindo de uma xícara de café em seguida.
— Fui naquela festa que você não quis ir ontem. — respondeu, dando outro longo bocejo. — Nem dormi ainda.
— Não sei como aguenta esse ritmo, se eu não dormir não consigo me concentrar direito na aula.
Peguei minha torrada, e me sentei à mesa, fazendo meu desjejum junto com meu amigo.
Rallyson e eu nos conhecemos nas primeiras semanas de aula, iríamos morar em uma república, mas como fizemos amizade, resolvemos logo alugar um apartamento para nós dois. O que para mim foi ótimo, teríamos mais privacidade e eu não precisaria me estressar por causa de barulho na hora de estudar.
Festas são constantes em repúblicas e fraternidades, e eu preciso manter meu foco. Rallyson sempre reclama por eu não ir as festas com ele, mas nunca liguei muito para festas. E como ele preza pela seu sossego tanto quanto eu, ele nunca fez questão de trazer as festas para o nosso apartamento. O que é ótimo para mim.
— Melhor irmos logo, ou vamos nos atrasar. — chamo depois de terminar de tomar o meu café.
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A chuva já havia parado quando chegamos no estacionamento da universidade, que está mais cheia do que eu me lembrava. Vi alunos atravessarem o campus com suas mochilas, parecendo apressados para chegarem logo nas suas respectivas salas.
Haviam diversos stands espalhadas pelo campus, com faixas chamativas para atrair os novos estudante. Os veteranos distribuíam panfletos, tentando despertar o interesse dos calouros em seus clubes estudantis.
Me despedi de Rallyson, que seguiu até o prédio da a sua primeira aula, e eu segui pelos corredores barulhentos e movimentados, bem típico de primeiro dia de aula, em busca do meu armário.
Suspirei pesadamente quando o vi, me livrei dele por três meses, mas vi que já me irritaria com ele logo no primeiro horário de aula.
Rodolffo Rios é definitivamente meu pesadelo, e parece querer a todo custo me irritar.
Já não basta a arrogância e prepotência, ele ainda precisa ser quarterback e capitão do time de futebol da faculdade.
Tudo isso, somadas ao seu ar de bad boy, fazem dele um cara quase que irresistível, além do fato, é claro, dele ser lindo, talvez por sua descendência latina.
Basta desfilar pelos corredores, com seu porte imponente e atlético, usando a jaqueta do time da escola, que as garotas quase que imploravam para irem para a sua cama.
E eu, confesso que também não sou imune aos seus encantos.
Rodolffo é alto, bem mais do que eu nos meus humilhantes 1,60 que herdei da família da minha mãe, tem a pele bronzeada, cabelos negros, olhos castanhos e misteriosos, barba bem feita e desenhada, e um sorriso de tirar o sério de qualquer um.
E ele têm o incrível poder de me tirar do sério, de todas as formas possíveis.
Nesse exato momento, ele está me tirando do sério, enquanto se atraca a uma líder de torcida, bem em frente ao meu armário.
Pigarrei, parada bem ao lado dos dois enquanto o olhava brava.
Rodolffo largou a líder de torcida e assim que me viu, abriu um sorriso sacana, seus lábios ainda estavam borrados com o batom rosa da garota que ele engolia segundos antes.
— Se importa? — perguntei, fazendo sinal para que ele se desencostasse do meu armário e o deixasse livre para que eu pudesse pegar meus livros. — Deveria fazer isso na frente do seu próprio armário. — completei brava, quando ele deu um passo para o lado e deixou o caminho livre para mim.
— Falo com você depois. — ele dispensou a garota, antes de se voltar para mim. — Tá brava por que estou na frente do seu armário, ou está brava por que não estava beijando você? — ele provocou, me fazendo rolar os olhos.
— Você se acha, Rios. — desdenhei, pegando os livros que eu precisava, e fechando novamente o meu armário. — Deveria se preocupar mais com os treinos do time de futebol, e menos com garotas, quem sabe assim vocês ganhem o próximo jogo. — consegui tirar o sorrisinho debochado do rosto dele, e não consegui evitar o sorriso vitorioso que surgiu no meu. — Já estou começando a ficar com pena de falar sobre as constantes derrotas dos lobos no jornal da faculdade.
— Vamos ganhar o próximo jogo. — ele afirmou, ajeitando a jaqueta do time no corpo, e estreitando os olhos para mim. — E você terá que escrever uma matéria, exaltando o capitão do time.
— Por causa de um jogo? — ri e neguei com a cabeça. — Precisam ganhar o campeonato para eu cogitar escrever algo positivo sobre você. — afirmei e ele se colocou a minha frente, me fazendo dar alguns passos para trás e encostar no armário, intimidada por seus quase dois metros de altura. Ao lado dele sou quase uma anã.
— Vou fazer questão de ganhar então. — ele se aproximou mais, encostando seu corpo ao meu, seu hálito quente batendo no meu rosto. — Aí terá que escrever algo legal sobre mim, Juli. — completou com a voz baixa e rouca, passando as costas de seu dedo médio e indicador na minha bochecha, descendo até meu queixo.
— Você está invadindo meu espaço, Rios. — o empurrei e saí de perto dele, obrigando minhas pernas trêmulas a caminharem para bem longe dele.
Respirava fundo, enquanto tentava clarear minha cabeça e controlar meu coração, que batia disparado em meu peito.
Rodolffo Rios, sabe como ninguém, me tirar do sério.
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N/A: Essa história se passa nos San Diego, Califórnia, mas todos os cenários e locais dessa fanfic foram inventadas. 😉
Atualização: Essa história está passando por revisão, e alguns nomes e locais serão alterados 😉
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A Aposta
FanfictionJuliette Freire e Rodolffo Rios se odeiam há três anos e não fazem questão de esconder o ódio mútuo que sentem um pelo outro. Sejam com piadas ou provocações, eles sempre estão trocando farpas pelos corredores da Universidade. Ele a odeia por tudo o...