Me senti balançar naquela linha fina que me dividia entre o amor e o ódio, me obrigando a escolher um lado. Eu sabia que Rodolffo era um canalha, e talvez fosse um erro enorme voltar a confiar nele, mas a verdade é que eu o amava e eu não conseguia mais lutar contra esse sentimento.
Eu sabia que deveria ter dito algo naquele momento, mas eu estava em uma batalha interna entre a razão e a emoção, e por mais que a minha racionalidade listasse todos os motivos pelos quais eu não deveria mais confiar nele, que ela tentasse me lembrar da dor de ter um coração partido, e o quanto ele me machucou, meu coração machucado batia acelerado depois de ouvir toda aquela declaração.
E naquele momento eu soube que nada mais me impediria de tentar novamente, mesmo que fosse a decisão mais burra que eu já tomei na vida.
Eu estava nervosa enquanto terminava de fazer uma maquiagem em meu rosto, ansiosa demais para escolher uma roupa e nervosa para vê-lo.
— Ju, estou indo para o campus... — Rallyson parou de falar, quando me viu parada, usando apenas as minhas lingeries, olhando para o armário aberto — Vai sair?
— Vou ao jogo. — respondi e meu amigo ergueu uma sobrancelha — Acha que estou sendo burra de perdoá-lo?
— Não, você mesma me disse que as pessoas merecem uma nova chance, e mesmo não gostando dele, ele parece realmente arrependido.
— Ele se declarou para mim hoje, na aula de literatura. — contei e meu amigo sorriu.
— Eu soube, as notícias correm rápido pelos corredores. — ele oscilou o olhar entre mim e minhas roupas penduradas — Qual o motivo do nervosismo?
— Não sei o que vestir. — confessei e meu amigo deu uma gargalhada — Não ri de mim, me ajuda.
— Acho que tem uma peça aí que seria muito significativa que usasse hoje. — ele apontou, me fazendo lembrar do presente que ele havia me dado.
Abri a sacola, retirando de dentro dela a camisa dele e sorri certa de que era a escolha certa para essa noite.
— Não demora, ou perderemos o início do jogo. — ele avisou, me lembrando do horário e eu assenti.
Coloquei a camisa dele, e suspendi a barra, dando um nó na ponta, a transformando em um cropped. Vesti minha calça jeans e meus all star, pegando meu celular e borrifando um pouco do meu perfume antes de sair do quarto.
Me senti ansiosa durante todo o caminho conhecido até o campus, e fiquei ainda mais nervosa quando meu amigo parou no estacionamento. Caminhamos juntos até o campo, ouvindo os gritos da torcida adversária enquanto os jogadores entravam, ele estava prestes a entrar e só teria oportunidade de falar com ele ao fim do jogo.
Apressei o passo até a arquibancada, escolhendo um local próximo a grade, era importante que ele me visse.
Quando anunciaram os lobos, vi que ele era o último da fila e então eu o gritei.
— Rodolffo! — ele levantou a cabeça para me olhar, sorrindo quando seu olhar desceu pelo meu corpo e ele notou a sua camisa.
O capitão olhou para os lados, antes de correr em minha direção.
— Você veio.
— Rios! — ouvi a voz imponente do treinador — Tá achando que está na colônia de férias, traga seu traseiro já pra cá!
Eu sabia que não teríamos tempo agora, e eu não queria que ele levasse bronca de novo.
— Ganha o jogo. — pedi e ele assentiu — Por você, por nós.
Rodolffo sorriu com o meu pedido, me jogando beijo, antes de colocar o capacete e o protetor bucal, se ajoelhando para fazer o sinal da cruz antes de entrar em campo.
A torcida vibrava, as líderes de torcida entoavam músicas de incentivo, enquanto faziam suas séries coreografadas. Rodolffo estava concentrado em todas as jogadas, voltando a jogar bem como sempre jogou, fazendo nosso time fazer pontos, atrás de pontos contra o time adversário.
No último lance, ao invés de arremessar a bola, vi o quarterback avançar as jardas segurando a bola como se sua vida dependesse disso, driblando os adversários e correndo como um louco até a endzone.
Ele gritou ao fazer o último touchdown, que definiu a vitória dos lobos ao fim do jogo. Apontando para mim na arquibancada, e deixando claro que ele dedicava aquela vitória a mim.
Não sei de onde eu tirei a força e habilidade para pular a cerca, mas quando dei por mim, eu já corria pelo gramado, sem me preocupar com mais nada, muito menos com os gritos tentando repreender minha atitude.
Rodolffo veio ao meu encontro, e eu pulei em seu colo, entrelaçando minhas pernas ao redor da sua cintura, sentindo o capitão do time me apertar forte em seus braços, tão forte, que eu conseguia sentir seu coração batendo forte no peito, enquanto eu o abraçava.
Me afastei o suficiente para suspender seu capacete, seus olhos brilhavam com tanta intensidade, que mais pareciam um céu estrelado, ele sorria para mim, seu olhar oscilando dos meus olhos até meus lábios, e sem mais me importar, eu o beijei, sentindo o gosto salgado do seu suor.
Um grunhido escapou da sua boca, e ele me apertou ainda mais forte, sua língua quente invadindo a minha boca, num beijo devastador. Senti toda aquela enxurrada de sentimentos me atingir de uma vez, fazendo meu coração bater ainda mais forte, e as borboletas se agitarem no meu estômago.
— Eu te amo, pequena. — ele se declarou entre o beijo.
— Te amo, capitão.
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A Aposta
FanfictionJuliette Freire e Rodolffo Rios se odeiam há três anos e não fazem questão de esconder o ódio mútuo que sentem um pelo outro. Sejam com piadas ou provocações, eles sempre estão trocando farpas pelos corredores da Universidade. Ele a odeia por tudo o...