Trinta e um

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Não sei porque chamam de coração partido, se você sente todo o seu corpo doer, até o fundo dos seus ossos

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Não sei porque chamam de coração partido, se você sente todo o seu corpo doer, até o fundo dos seus ossos. Acho que a única forma de descobrir se você realmente amou alguém, é se aquele sentimento te deixar destruída.

E bem, eu me sinto destruída.

As minhas lágrimas molham o meu travesseiro, enquanto eu fecho os olhos com força, tentando esquecer de tudo o que aconteceu essa noite. Mas as memórias estavam frescas demais na minha cabeça, para eu simplesmente esquecer.

De todas as lembranças que pulavam na minha cabeça, a que mais me atormentava eram as dele, a forma como seu rosto parecia perdido e sem ação, e seus olhos se tornaram suplicantes para que eu o ouvisse, como se isso fosse capaz de mudar as coisas.

Eu o ouvi, ouvi ele confirmar tudo o que Yuri havia exposto na festa na frente de todos, ouvi as palavras saírem da sua boca, alto e claro, que tudo não passou de um jogo, uma aposta para ferir meus sentimentos.

E por mais que eu tentasse com todas as forças odiá-lo por tudo o que ele fez, eu sabia que ele não era o único culpado disso tudo.

Sempre soube que ele era um canalha, que adorava fazer joguinhos e me provocar. Eu deveria ter sido mais esperta, eu caí na sua conversa mesmo o conhecendo, eu aceitei aquele combinado mesmo sabendo que era um erro, eu não resisti ao seu charme mesmo sabendo que eu deveria, e foi eu que me apaixonei por alguém que claramente não possui um coração.

"Eu te amo".

Lembrar das suas últimas palavras me fez sentir ainda mais raiva de mim mesma, raiva por sentir meu coração disparar no peito, mesmo sabendo que aquilo era mais uma de suas mentiras, mais uma das suas incontáveis tentativas de me iludir.

Ele já havia ganho a aposta, já havia conseguido me humilhar em público, então por que cuspir aquelas palavras mentirosas? Por que ele ainda queria continuar mexendo comigo, como se pisar no meu coração não fosse o suficiente?

Mesmo sabendo que ele era um canalha frio, não imaginava que pudesse ser tão... cruel. No final, eu me tornei aquilo o que eu mais temia, mais uma na incontável lista de conquistas dele.

Rolei nos lençóis, tentando me livrar daquelas lembranças, tentando desligar meus pensamentos e simplesmente dormir. Escutei uma batida suave na porta, antes de ver Rallyson entrar no meu quarto.

— Eu vim assim que eu soube... — voltei a chorar compulsivamente quando vi meu amigo parado na porta, incapaz de controlar os soluços que escapavam da minha garganta. Ele correu até a cama, deitando ao meu lado e me deixando chorar em seu colo — Eu sinto muito, Ju. — senti seu carinho em meus cabelos e eu apenas chorei mais — Ele é um idiota.

— Eu fui uma idiota. — balbuciei entre soluços — Eu me deixei enganar mesmo sabendo que ele não prestava, mesmo sabendo que ele era o único que conseguiria partir meu coração.

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