Os olhos da Ju brilharam como o de uma criança, quando eu estacionei minha moto em frente ao parque de diversões, e foi assim que eu soube que a havia trago para o lugar certo. Ela tirou o capacete, e ajeitou aquele cabelão com os dedos, olhando para cada canto iluminado do parque com admiração.
Enfiei minhas mãos no bolso da jaqueta, reprimindo a vontade que eu tive de segurar suas mãos, enquanto atravessávamos juntos a entrada do parque. Passei na bilheteria, e comprei vários bilhetes para que pudéssemos ir em quantos brinquedos ela quisesse.
Mas logo de cara, a Ju cismou com a barraca de tiro, só porque ela gostou do urso que dariam de prenda.
Precisava parabenizar a garota, era persistente, mas péssima de mira. Várias fichas depois, a fila atrás dela só aumentava, enquanto ela tentava incansavelmente acertar o alvo. Conseguia ver um suor fino se formar em sua testa, enquanto seus olhos se estreitavam e ela se inclinava ainda mais, como se isso fosse a ajudar a atingir o ponto certo.
— Pequena, podemos comprar um urso igual a essa no shopping. — tentei fazer ela desistir, enquanto ela entregava uma nova ficha ao homem da barraca, tentando uma outra vez.
— Eu quero aquele. — ela disse firme, e mesmo que eu tentasse segurar uma risada, ela acabou escapando, o que só fez ela franzir ainda mais o cenho, enquanto suas bochechas ficavam vermelhas em irritação — Achei que nosso combinado era sem piadas. — ela retrucou e eu mordi a parte interna da minha bochecha para não dar uma gargalhada, mas não consegui disfarçar minha cara de riso.
Tudo isso pareceu dar ainda mais gás para a garota, acho que toda a raiva que ela sentiu por mim naquele momento, ela concentrou no alvo, e finalmente ela acertou.
— Eu consegui. — ela comemorou dando vários pulinhos, para logo depois se atirar nos meus braços e me abraçar forte.
A apertei forte entre meus braços, e eu afundei meu rosto na curva do seu pescoço, sentindo o cheiro gostoso que exalava da sua pele.
— E você duvidou de mim, Rios. — ela disse rancorosa, se soltando do meu abraço e se virando para a barraquinha, abrindo um sorriso quando viu o senhor se aproximar com um urso azul enorme.
— Eu sempre acreditei, só te irritei para te ajudar a acertar o alvo mais rápido. — menti e ela fez uma careta para mim, antes de pegar o urso e o abraçar — Você sabe que compraria um igual no shopping, sem ter que se esforçar tanto, certo?
— Não se trata disso, se trata da conquista.
— Certo. — acenei com a cabeça, enquanto ela sorria sapeca para mim, seu olhar revezava entre o urso gigante e eu, me fazendo soltar um longo suspiro — Não tá pensando em me fazer carregar esse urso gigante pelo parque, né? — perguntei e ela deu uma risadinha, neguei com a cabeça e peguei o urso de sua mão — Vem, vamos comprar mais fichas.
Eu realmente andei todo o parque segurando aquele urso, todos que nos viam juntos pensavam que éramos um casal de namorados, e vi várias mães suspirarem e apontarem em nossa direção, dizendo o quanto éramos fofos, tudo isso pareceu passar despercebido por ela, ou se ela notou, resolveu não comentar sobre.
— Cuidado com ele. — ela pediu com o dedo em riste, estreitando os olhos, enquanto entrava em um dos carrinhos.
Tive que enfiar o urso ao meu lado em outro carrinho, tomando o maior cuidado para que ele não caísse, e acabasse dilacerado quando algum outro carro na pista passasse por cima dele. Ela gargalhava todas as vezes que conseguia bater no meu carro, e era impossível não me contagiar com a sua alegria.
Juliette se fez de durona para ir na montanha russa, mas assim que o carro atingiu o ponto mais alto, ela buscou a minha mão e apertou forte, antes que fizéssemos a descida. Acho que fiquei tão dormente com a sensação da mão dela na minha, que eu só percebi que o percurso havia acabado, quando ela soltou a minha mão.
Vi ela bocejar, e passei meu braço por cima do seu ombro, dando um beijo casto em sua cabeça, e a conduzindo para a saída, a ajudei a colocar o capacete e montei na moto, esperando que ela sentasse em minha garupa.
Sempre gostei de correr, mas a sensação das coxas dela ao redor do meu quadril, e suas mãos delicadas na minha cintura era tão boa, que me fez pegar o caminho mais longo até a sua casa, respeitando todos os limites de trânsito, e todas as paradas.
Subi com ela até a porta do seu apartamento, me sentindo ansioso por ter que me despedir, eu queria poder ficar mais tempo com ela, mais ao mesmo tempo tinha medo de como ela reagiria quando eu dissesse isso.
— Eu me diverti muito, Rios. — ela disse, pegando o urso azul das minhas mãos e me presenteando com aquele sorriso encantador.
— Tirando a parte que tive que carregar esse urso a noite inteira, foi realmente divertido. — brinquei, mesmo que eu não tivesse realmente me importado de fazer isso — Te vejo amanhã.
Me inclinei para lhe dar um selinho, mas não consegui resistir e acabei a beijando com vontade, a prensando contra a porta, e segurando firme em seus quadris, a trazendo para mais perto de mim. Ela retribuiu meu beijo com a mesma intensidade, deixando o urso cair no chão, e passando os braços ao redor do meu pescoço, puxando de leve os cabelos da minha nuca.
— Ahn-rãn. — escutamos alguém pigarrear e nos separamos sem fôlego, vendo o amigo da Ju parado atrás da gente — Não queria incomodar, mas vocês estão bloqueando a passagem.
Ele fez um gesto com a mão, apontando para a gente e para a porta, e eu puxei a Ju para o lado, deixando a passagem livre para que Rallyson pudesse entrar. Caímos na risada quase que instantaneamente depois que ele passou por nós.
— Acho que se a gente não quisesse ser descoberto, que não deveríamos estar nos beijando aqui.
— Não mesmo. — ela concordou rindo, ao contrário do que pensei, ela parecia bem tranquila pelo amigo dela agora saber sobre nós — Te vejo amanhã. — nos despedimos selando nossos lábios, e eu me virei para ir embora, ao mesmo tempo que ela entrava em casa.
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A Aposta
FanfictionJuliette Freire e Rodolffo Rios se odeiam há três anos e não fazem questão de esconder o ódio mútuo que sentem um pelo outro. Sejam com piadas ou provocações, eles sempre estão trocando farpas pelos corredores da Universidade. Ele a odeia por tudo o...