Respirei aliviada quando não vi o capitão do time escorado no meu armário depois do intervalo, ainda não sabia como seria encará-lo depois de tudo e isso seria um problema para a Juliette do futuro resolver, agora eu precisava ir para a aula.
Estava passando em frente a sala do zelador, quando me senti sendo puxada com brusquidão para dentro, para logo depois sentir as mãos dele sobre a minha boca, impedindo que eu gritasse.
Rodolffo sorriu quando me viu o encarar com os olhos arregalados, e depois de ter a certeza que eu não gritaria, ele retirou a mão da minha boca.
— Estou louco para te beijar.
Mal tive tempo de raciocinar, e seus lábios já estavam grudados nos meus, seu corpo pressionava o meu corpo contra a parede, enquanto repousava uma das suas mãos em meu quadril e a outra em minha nuca, entrelaçando os dedos pelos meus cabelos, e intensificando e aprofundando ainda mais nosso beijo.
Subi minha mão pelo seu peito rígido e o empurrei quando me dei conta do que estava fazendo, eu ofegava, meu coração batia como louco no peito, e eu levei as mãos até minha cabeça tentando recobrar minha respiração.
— O que foi? Ninguém vai ver a gente aqui.
— Isso não pode mais acontecer.
— Juli...
Não esperei que ele terminasse de falar, e saí mais do que depressa da sala do zelador, minha vista ainda estava embaralhada, e eu só percebi que tinha alguém na minha frente, quando senti meu corpo se chocar com uma parede de músculos.
— Ei, apressadinha. — Yuri sorriu quando levantei meu olhar para ele, e eu olhei disfarçadamente para a porta atrás de mim, puxando Yuri para longe, antes que ele visse Rodolffo sair do mesmo lugar que eu estava.
— Me acompanha até minha aula? — perguntei, tentando disfarçar minha pressa, e ele sorriu.
— Será um prazer.
Yuri estava distraído, e eu aproveitei para olhar por cima do meu ombro, Rodolffo estava parado no corredor nos olhando afastar, com cara de poucos amigos.
— Você me prometeu um encontro, posso te levar no cinema hoje? — ele perguntou, e seus olhos castanhos brilhavam em expectativa.
— Ah, claro. — confirmei e ele sorriu satisfeito.
Paramos em frente à minha sala, e ele colocou as mãos nos bolsos da jaqueta.
— Preciso ir para a aula, mas te envio o meu endereço depois.
— Combinado. — ele se inclinou para beijar minha bochecha antes de se afastar.
Foi quando senti um olhar queimar minha nuca, e evitei olhar para trás, tentando fingir indiferença e entrei na sala, tinha muitas coisas para estudar, e precisava me concentrar nisso, e não no comportamento atípico do capitão do time.
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— Você está linda. — Rallyson me elogiou quando entrou no quarto e eu dei um sorriso em agradecimento.
Usava um vestido verde de tricot, curto e de mangas compridas, além de uma jaqueta preta por cima, nos pés optei por um tênis all star de cano longo branco. Deixei meus cabelos soltos e cacheados, e passei uma maquiagem leve.
— Yuri parece ser um cara legal.
Eu sabia bem onde meu amigo queria chegar, e eu preferi ignorar, não queria me estressar agora.
— Sim. — concordei, enquanto pegava uma bolsa pequena e colocava minhas chaves e celular dentro dela, além dos meus documentos — Você também está arrumado. — reparei quando olhei para ele, e ele fez uma careta levada enquanto colocava um cabelo imaginário atrás da orelha.
— Vou sair com aquele carinha do tinder de novo.
— Você não tem jeito. — sorri e neguei com a cabeça.
— E é só você que tem direito a dar umas sentadas, é? — ele retrucou e eu fiz careta.
— Só vamos ao cinema, não pretendo sentar em ninguém hoje.
— Mas eu pretendo e muito.
Em meio as nossas risadas, ouvi o barulho da buzina e me apressei em sair, me despedi do meu amigo e deixei meu apartamento.
O jeep branco do Yuri estava estacionado na entrada, e a medida que me aproximava sentia o seu perfume que exalava pelo ambiente.
— Você está linda. — ele elogiou quando eu entrei no carro e eu lhe dei um sorriso sem graça.
— Obrigada. — reparei um pouco melhor nele, e vi que seus cabelos, que estavam quase sempre presos, estavam soltos, e eu pude ter uma dimensão maior do comprimento deles, iam até um pouco abaixo dos ombros e eram bem ondulados, ele ficava ainda mais bonito com eles soltos — Acho que é a primeira vez que te vejo com o cabelo solto. — dei uma risadinha e ele mordeu os lábios — Está muito bonito também.
— Obrigado... pronta? — ele parecia animado e eu assenti.
Yuri arrancou o carro, e passamos todo o caminho conversando sobre coisas aleatórias, ele sabia ser divertido e se mostrava uma companhia agradável. E por alguns instantes eu consegui esquecer completamente de Rodolffo.
Já no cinema ele comprou nossas pipocas e nossos refrigerantes, deixei que ele mesmo escolhesse o filme, e ele acabou escolhendo um que ele pensou ser de luta e eu não me opus, mesmo que não gostasse tanto do gênero.
O filme na verdade era um romance, o protagonista é um lutador e badboy.
Foi impossível não me lembrar do Rodolffo enquanto assistia, a mocinha "inocente" dividida entre o bad boy cafajeste e o mocinho que ela julgava ser ideal para ela. Clichê, é claro, mas se parecia muito com a minha realidade atual, eu estava dividida entre dois jogadores de futebol e enquanto a atração e tensão sexual que exalava entre Rodolffo e eu era quase palpável, Yuri me parecia mais certo, e com menos risco de partir meu coração.
Mal notei quando os créditos começaram a subir, não gostei tanto do filme e Yuri por outro lado, pareceu ter gostado bastante, e fizemos o caminho todo de volta com ele comentando sobre.
Desafivelei o cinto quando Yuri parou na portaria do meu prédio, mas antes que eu pudesse agradecer pela noite e pela companhia, ele também desafivelou o próprio cinto e se inclinou próximo ao meu rosto, fazendo um carinho suave em minha bochecha.
— Você é tão linda. — Yuri foi diminuindo a distância entre nós, e eu sabia bem o que aconteceria em seguida.
Fechei os olhos quando senti seus lábios tocarem os meus, e permiti que sua língua invadisse a minha boca. O beijo de Yuri era gostoso e calmo, mas no momento que ele se intensificou e ele tocou a minha coxa, eu o afastei. Por algum motivo que eu desconhecia, parecia errado beijar ele.
— Eu me diverti bastante. — disse tentando soar o mais sincera possível.
— Espero que possamos fazer isso de novo.
— Claro. — concordei e ele sorriu — Boa noite, Yuri.
— Boa noite, Ju.
Ele continuou parado na portaria, até que eu entrasse em meu prédio, e assim que o fiz, ouvi o barulho dos pneus e o ronco do motor enquanto ele se afastava.
Por mais interessante e divertido que Yuri fosse, eu me sentia estranha por ter permitido que ele me beijasse, talvez tenha sido rápido demais.
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A Aposta
FanfictionJuliette Freire e Rodolffo Rios se odeiam há três anos e não fazem questão de esconder o ódio mútuo que sentem um pelo outro. Sejam com piadas ou provocações, eles sempre estão trocando farpas pelos corredores da Universidade. Ele a odeia por tudo o...