Trinta e quatro

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Acordei escutando barulho de pedrinhas batendo na minha janela, apertei o urso com quem eu dormia abraçada desde o nosso rompimento, e fechei os olhos com força, tentando resistir ao impulso de ir falar com ele

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Acordei escutando barulho de pedrinhas batendo na minha janela, apertei o urso com quem eu dormia abraçada desde o nosso rompimento, e fechei os olhos com força, tentando resistir ao impulso de ir falar com ele.

Eu sentia sua falta, mais do que gostaria de admitir, eu o desejava e sonhava com ele a cada minuto de descanso ou tempo ocioso. Mas eu sentia medo de ficar frente a frente com ele, eu sabia que minha frágil racionalidade não seria páreo contra o meu coração apaixonado, e isso me amedrontava.

Bastava olhar para ele, que eu sabia que eu não resistiria a vontade de pular em seus braços e beijar sua boca.

— Ele tá aí de novo. — um Rallyson emburrado e sonolento invadiu meu quarto e acendeu a luz na minha cara.

Abri meus olhos, ainda tentando me acostumar com a claridade do quarto e suspirei. Já faziam alguns dias desde a última vez que ele apareceu bêbado aqui, ele percebeu que eu não queria ele por perto e manteve distância, mesmo que continuasse mandando mensagens e ligando, geralmente depois das duas da manhã.

— Fala pra ele ir embora. — pedi, ao ouvir os gritos dele lá fora de novo.

— Para de fingir que não sente a falta dele, acha que não sei porque dorme com esse urso horroroso todas as noites?

— Não ofende meu urso. — reclamei e ele rolou os olhos — E que mudança é essa de pensamento? Achei que não gostasse dele.

— Eu acho que ele foi um canalha com você, mas se fosse só uma aposta, ele não estaria sofrendo desse jeito.

— Por que está defendendo ele? De qual lado você está?

— Do seu! Foi horrível o que ele fez? Sim, mil vezes e eu o odiei por isso, mas ninguém consegue fingir sentimentos.

— Acha mesmo que ele gosta de mim?

— Acho, esse cara é louco por você, e você por ele. Então se resolvam, não aguento mais acordar de madrugada e despachar ele daqui. — nós dois nos viramos para a janela ao ouvi-lo gritar meu nome de novo e eu suspirei — Vai dormir de conchinha com quem você realmente quer dormir, e não com esse urso feio. — ele debochou e eu dei uma risada fraca, já me levantando da cama para ir até ele.

— Não vou dormir com ele. — afirmei já caminhando para fora.

Abracei meu corpo, quando senti a brisa fria da madrugada e caminhei até ele. Seus cabelos estavam sem corte, sua barba mal aparada e haviam olheiras fundas em seus olhos, também parecia mais magro, mas continuava lindo.

Ele ficou surpreso por eu ter decidido aparecer, mas sorriu, aquele sorriso que eu sentia tanta falta. Nesse exato momento, minha mente entrou em alerta, era como se uma sirene alta tocasse dentro da minha cabeça, minha consciência gritando: "Corra! Se proteja!", enquanto eu forçava as minhas pernas a continuarem caminhando até ele.

Meu coração estava disparado no peito, e eu me perguntava se o dele batia tão forte quando o meu.

— O que está fazendo aqui? — ele ignorou completamente a minha pergunta, me puxando pela cintura e me abraçando forte, enquanto enfiava o rosto na curva do meu pescoço e aspirava meu perfume.

— Como eu senti sua falta, pequena! — ele disse rouco próximo ao meu ouvido, fazendo todo o meu corpo ficar dormente.

Senti meu coração vacilar quando eu o ouvi me chamar pelo apelido de novo, seu nariz ainda estava afundado no meu pescoço, me causando arrepios pelo corpo. Fechei os olhos, me sentindo fraca por retribuir ao abraço, e ainda mais quando aspirei seu cheiro, ele cheirava a álcool e cigarros, mas ainda assim cheirava a ele.

— Ei, chega. — tentei soar firme, o empurrando pelos ombros para que me soltasse — Você não pode continuar aparecendo aqui bêbado.

— Desculpa, não consigo não sentir sua falta. — ele correu os olhos pelo meu corpo, antes de umedecer os lábios — Lembro desse pijama. — ele sorriu fraco, seus olhos escurecendo mais a medida que ele me analisava. Eu estava com o mesmo pijama que usei na noite que passamos juntos na casa dos seus pais.

Ignorei as lembranças da noite quente que tivemos naquele dia, e o puxei pela mão.

— Vem. — ele franziu as sobrancelhas por um instante, seus pés travados no chão — Não posso te deixar dirigir nesse estado, e também não posso te abandonar na rua. — me expliquei e ele sorriu antes de me seguir para dentro.

Eu sabia que era uma péssima ideia, e talvez eu me arrependesse depois. O levei até o sofá, e arrumei algumas almofadas para que ele deitasse.

— Vou pegar um cobertor pra você, tá bem frio. — anuncei, já indo até o meu quarto e pegando um cobertor em meu armário.

Quando voltei a sala ele já estava deitado. Abri o cobertor para o cobrir, e enquanto eu o estendia sobre ele, ele me puxou e eu cai deitada por cima dele.

— Se comporta, se não te jogo na rua. — briguei e ele soltou uma risada baixa — Amanhã a gente conversa. — ele concordou e eu voltei para o meu quarto.

A noite seria ainda mais longa, sabendo que poucos metros nos separavam. Voltei a agarrar meu urso, fechando os olhos e tentando controlar as batidas do meu coração.

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