Vinte e um

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Estávamos sentados na mesa do refeitório, Rallyson e Bianca dividiam um fone de ouvido, enquanto viam no celular do Rallyson o episódio de uma série que eu não conhecia, mas que os dois pareciam amar

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Estávamos sentados na mesa do refeitório, Rallyson e Bianca dividiam um fone de ouvido, enquanto viam no celular do Rallyson o episódio de uma série que eu não conhecia, mas que os dois pareciam amar. Eu por outro lado, apreciava a leitura de Macbeth, já que ele seria o próximo livro a ser estudado na aula de literatura.

O lugar ao meu lado foi ocupado por alguém, e eu não precisei tirar os olhos do meu livro para saber de quem se tratava, pelo perfume inconfundível, fora a sensação de formigamento que senti na minha pele, só podia ser ele.

— O que está lendo? — ele perguntou interessado, se inclinando para ver a capa do meu livro.

— Macbeth. — respondi o olhando de soslaio, e vendo o atleta fazer uma careta.

— Deixa eu adivinhar, mais um trabalho de literatura? — fiz que sim com a cabeça e ele soltou um longo suspiro — Acho que vou ficar atrasado em várias matérias. — ele se lamentou, e eu parei minha leitura para dar atenção a ele — O treinador tem pegado no nosso pé, estamos fazendo menos aulas para dar conta dos treinos e se não tivermos notas boas não poderemos continuar no time.

— Você é inteligente, Rios. Apesar dos comentários sarcásticos que colocou no nosso trabalho criticando a obra de Jane Austen, você fez um excelente trabalho. — elogiei e Rodolffo sorriu.

— Gostou mesmo?

— Gostei tanto, que acrescentei ao que eu já havia escrito e entreguei ao professor, e se estiver mesmo com dificuldade, posso te ajudar com as matérias.

— Faria isso por mim, pequena? — ele perguntou e eu concordei, arrancando um sorriso convencido do capitão do time, ele aproveitou a distração dos dois a nossa frente, e se inclinou até o meu ouvido — O difícil vai ser me concentrar tendo essa boquinha tão perto de mim.

Dei um beliscão de leve em seu abdômen, que o fez retrair e sorrir.

— Soube que você vai viajar com a gente pro próximo jogo.

— É, soube essa manhã quando cheguei na faculdade. O reitor gostou do que escrevi e quer que eu cubra o segundo jogo, vai ter que me aturar na viagem, Rios.

— Vai ser um prazer aturar você. — ele sorriu malicioso e piscou, antes de se levantar e me dar um beijo no rosto — Te vejo mais tarde? — ele perguntou com os olhos brilhantes em expectativa.

Senti meu corpo formigar com o convite, isso porque eu sabia bem que havia malícia no seu convite, não nos encontraríamos apenas para estudar.

— Sim. — concordei e ele enfiou as mãos nos bolsos da jaqueta, antes de se afastar.

Foi então que os meus dois amigos a minha frente levantaram a cabeça, tirando o foco dos seus olhos da tela do smartphone e me olharam de maneira interrogativa.

— O que foi isso? — Rallyson quis saber e eu dei de ombros.

— Estamos tentando ser amigos. — contei a meia verdade que eu podia, não queria quebrar a minha própria regra.

— Amigos? — foi a vez de Bianca questionar.

— É, amigos, apenas amigos. — tornei a afirmar, juntando minhas coisas e me levantando.

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Já fui recepcionada por um beijo caloroso quando cheguei no apartamento dele para o ajudar com as matérias da faculdade, e logo nossas roupas não eram mais necessárias, sentíamos uma urgência de pertencermos novamente um ao outro.

Éramos opostos em tudo, menos na cama.

Na cama as nossas ideologias, posicionamento político, e visão de relacionamento não importavam, na cama tudo isso era pequeno demais, levando em consideração todo o desejo que exalava dos nossos poros. Na cama a gente se encaixava perfeitamente, e tudo parecia certo.

Eu não era inocente, eu sabia que o que quer que estivéssemos vivendo, era puramente sexual e eu não via futuro para um relacionamento entre nós dois, até porque, eu sabia bem que relacionamento nunca esteve entre os desejos do atleta.

Muito menos monogamia.

E eu não era do tipo iludida que achava que eu conseguiria mudá-lo, quando aceitei esse combinado eu sabia muito bem onde eu estava me metendo.

Todas as vezes que ele me olhava com ternura, que tocava meu corpo e beijava meus lábios, eu repetia um mantra para mim mesma: "Você não pode se apaixonar." Mas isso não impedia meu coração de bater forte quando eu estava perto dele.

Éramos uma combinação perigosa de fogo e gasolina, e eu sabia que no fim eu acabaria me queimando, mas mesmo assim, queria aproveitar cada segundo ao lado dele.

Nos amamos loucamente até a exaustão, e mesmo assim, nunca parecia ser o suficiente.

Depois de um cochilo, finalmente pegamos nos livros e eu passei algumas horas o ajudando a rever as matérias, as provas não esperariam até o fim do campeonato de futebol, e mesmo que os atletas tivessem flexibilidade por parte dos professores, ainda assim precisavam de boas notas para permanecerem no time.

— Acho que consegui pegar o suficiente por hoje, pequena. — ele disse ao se espreguiçar e eu concordei — Minha cabeça hoje não consegue assimilar mais nenhuma matéria, o que acha de fazermos alguma coisa divertida para distrair a cabeça?

— Não vai me levar no paintball de novo, não é? — perguntei risonha e ele negou com a cabeça.

— Não, mas vai ser tão divertido quanto.

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