Sete

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Eu estava o evitando

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Eu estava o evitando.

Desde que cheguei na faculdade, fiz de tudo para não trombar com ele, mas agora aqui, sentada na aula de literatura, eu sabia que não teria mais como fugir.

Seu perfume ficou impregnado em mim durante todo o fim de semana, e mesmo tomando muitos banhos para tentar me livrar do seu cheiro, ele parecia grudado em meu nariz. Quando fechava meus olhos, ainda conseguia ver seu rosto próximo do meu, ainda conseguia sentir o calor do seu corpo e o seu toque firme na minha cintura.

Durante todo o fim de semana, tive sonhos com ele, sonhei em como seria o nosso beijo se Yuri não tivesse chegado naquele momento. Não era de hoje que ele invadia meus sonhos, seria muito mais fácil odiá-lo se ele fosse feio e cheio de verrugas pelo rosto, mas ele precisava parecer com um modelo saído do catálogo da Calvin Klein, o que dificultava muito a minha vida.

Ajeitei meu corpo na cadeira, quando o protagonista dos meus sonhos entrou na sala, usando uma calça jeans e camiseta branca, ele parecia ainda mais irresistível vestido de branco.

Não demorou muito para que ele ocupasse o lugar vago ao meu lado, e só de sentir ele tão próximo de mim novamente, me senti quente.

Evitei olhar para o lado dele, prestando atenção as explicações do professor, mas sentia seu olhar em mim durante toda a aula.

— Mandei as notas do último trabalho em seus e-mails. — o Sr. Smith informou a todos da sala, quando a aula já chegava no fim. — Dividi vocês em dupla para o próximo trabalho, e antes de irem embora, vocês podem pegar comigo o papel com as orientações dele.

Me perdi no meio da explicação quando senti meu celular vibrar e vi uma notificação de mensagem de Rallyson, me distraí respondendo e quando olhei em volta, vi que a sala já estava praticamente vazia. Guardei meus materiais na mochila e fui até meu armário para guardar meus livros, e levei um susto quando fechei o armário e dei de cara com Rodolffo encostado ao lado dele.

— Você precisa parar de me assustar assim. — reclamei e ele sorriu.

— Na minha casa ou na sua? — ele perguntou malicioso e eu estreitei meus olhos para ele, prestes a responder algo atrevido, quando o vi erguer um papel na minha frente. — Você é minha dupla — ele completou e eu suspirei — O livro é Orgulho e Preconceito, iremos fazer o trabalho na minha casa ou na sua? — fiquei tão distraída que nem me lembrei do trabalho.

— Ah! Pode deixar que faço o trabalho, coloco o seu nome nele e você não irá perder a nota. — nem ferrando que eu iria confiar em mim algumas horas sozinha com ele, não depois da piscina.

Eu achei que ele iria sorrir e agradecer por se ver livre de um trabalho e ter uma nota fácil, mas ao contrário disso, vi seu rosto contorcer em desgosto e ele negar com a cabeça.

— O trabalho é em dupla, e eu faço questão de participar.

— Rodolffo...

— Não, Freire. Eu quero fazer o trabalho, me encontra na minha casa mais tarde e a gente começa, preciso passar na livraria e comprar o livro.

— Não precisa comprar, eu tenho uma cópia em casa e eu te empresto a minha.

— Ótimo, me passa seu número. — ele pediu estendendo seu aparelho até mim, para que eu registrasse meu contato.

— Pronto. — respondi ao devolver o aparelho para ele, que sorriu.

— Te mando uma mensagem com meu endereço. — ele piscou para mim antes de sair.

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Eu não acreditava que estava me preocupando com a roupa que usaria para ir fazer um simples trabalho com ele, era estúpido da minha parte. Decidi que era melhor não pensar muito sobre isso e escolhi uma calça jeans justa e uma camiseta branca, básica, porém bonita.

— Vai sair? — Rallyson me perguntou, quando me viu pentear meu cabelo e o prender em um rabo de cavalo.

— Vou fazer um trabalho da faculdade. — informei e meu amigo ergueu uma sobrancelha.

— E se maquiou pra isso?

— Qual o problema? — dei de ombros e ele suspirou.

— Nenhum, posso saber com quem é o trabalho?

— Com o Rios. — respondi e meu amigo arregalou os olhos. — Não faz essa cara, ele tá na minha turma de literatura e a dupla foi sorteada pelo professor. — me expliquei, enquanto sentava na cama e calçava meu all star vermelho. — Preciso ir. — avisei, me inclinando para dar um beijo na bochecha dele e evitando seu olhar reprovador.

Alcancei minha mochila e chaves do carro e sai de casa. Coloquei o endereço dele no meu GPS e segui até lá.

Ele não morava muito longe, e assim que cheguei no local, vi que era um prédio. Olhei no meu celular o número do apartamento e desci do carro com a minha mochila, travando as portas do veículo e tocando o interfone do apartamento 202.

— Pronto.

— É a Juliette Freire. — consegui ouvir um sorriso fraco, antes de escutar o portão se abrir.

Subi as escadas, e o encontrei na porta já me esperando, estava apenas de bermuda e seus cabelos estavam bagunçados, e pelo seu rosto, vi que ele deveria estar dormindo.

— Entra. — ele afastou um pouco para que eu entrasse, fechando a porta atrás da gente. O apartamento não era muito grande, e estava bem arrumado para um apartamento masculino. — Vem. — ele me chamou, seguindo pelos corredores e eu o segui.

— Você mora aqui sozinho? — perguntei, tentando puxar assunto enquanto entrávamos no seu quarto.

— Morei um tempo em república, mas não me adaptei, então meus pais arrumaram esse apartamento pra mim.

Sua cama estava feita e o quarto perfeitamente alinhado, vi ele abrir o guarda-roupa e tirar uma camisa preta de dentro e a vesti-la em seguida.

— Achei que estivesse dormindo.

— Eu tomei banho e cochilei no sofá. — ele deu uma risadinha. — Trouxe o livro? — ele perguntou e eu abri minha mochila, retirando meu exemplar de Orgulho e Preconceito, e entregando a ele.

— Eu já li, vou começar a escrever o trabalho enquanto você lê. — informei e ele concordou, ajeitando os travesseiro e se jogando na cama, antes de abrir o livro e iniciar a leitura dele.

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