Vinte e cinco

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Estavam todos animados e eufóricos após a vitória, mas foi só nos sentarmos no ônibus, e encostar a cabeça no banco, que todos dormiram quase instantaneamente, inclusive a Ju

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Estavam todos animados e eufóricos após a vitória, mas foi só nos sentarmos no ônibus, e encostar a cabeça no banco, que todos dormiram quase instantaneamente, inclusive a Ju.

A volta foi silenciosa, sem a festa dos atletas e das líderes de torcida, e por mais que isso fosse padrão todas as vezes que viajávamos para jogar, eu também gostava do silêncio. Deixei um sorriso escapar, quando a cabeça da Ju encostou no meu ombro, e eu não pensei muito antes de enlaçar sua cintura e a puxar para deitar em meu peito, cheirando seus cabelos enquanto ela se aconchegava mais em mim.

Fiquei velando seu sono, fazendo um carinho em seus cabelos e tentando não fazer muitos movimentos para que ela não acordasse. Nunca imaginei que gostaria tanto de tê-la agarrada a mim.

Mas mesmo com as minhas tentativas de não a acordar, o motorista não era tão sutil. E quanto ele fez um movimento brusco para desviar do que parecia ser um buraco, ela acabou abrindo os olhos. Mesmo desperta, ela permaneceu com a cabeça deitada em meu peito, e os braços em volta da minha cintura.

— Esqueci de te falar uma coisa. — disse baixinho e ela levantou um pouco a cabeça para prestar atenção em mim — Vou precisar ir para casa nesse fim de semana, é aniversário do meu pai. — ela apenas assentiu, enquanto eu continuava fazendo carinho em seus cabelos.

Já fazia um tempo que minha irmã me avisou da pequena comemoração que fariam para o aniversário do meu pai, mas nos aproximamos tanto nos últimos dias, que eu já não conseguia mais ficar longe dela, sentia uma necessidade gritante de estar sempre com ela nos meus braços.

Fiquei dias tentando chegar no assunto, imaginando se ela se assustaria com o convite, ou se aceitaria ir de boa. E quanto mais o fim de semana se aproximava, mais ansioso eu ficava com a possibilidade de ficar longe dela, mesmo que fosse apenas por um fim de semana.

— Quer ir comigo? — convidei e ela sorriu, mas sua expressão era confusa — Como amigos. — me apressei em dizer — Seria divertido, poderia te levar para conhecer minha cidade, e tenho certeza que minha mãe te mostraria fotos constrangedoras da minha infância, fora que minha irmã mais nova ama implicar comigo, acho que vocês se dariam bem.

— Me ganhou nas fotos constrangedoras. — ela brincou e eu dei risada.

— Então você vem?

— Se quiser mesmo que eu vá, sim.

— Eu quero. — afirmei, sentindo um alivio por ela ter aceitado meu convite.

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"Eu sei exatamente quem eu sou

Mas quantas esquinas eu tenho que virar?

Quantas vezes tenho que aprender?

Todo o amor que eu tenho está em minha mente?

Eu espero que você compreenda, eu tenho amor que nunca irá acabar

Felicidade, mais ou menos

É apenas uma mudança em mim, algo em minha liberdade (...)

Eu tenho amor que nunca irá acabar

Eu sou um homem de sorte."

Precisamos sair cedo de casa para podermos aproveitar melhor nossa viagem. No som do carro, eu ouvia "Lucky Man" baixinho, enquanto a Ju dormia no banco do passageiro. A cidade que meus pais moram não é longe de San Diego, e não demoramos muito a chegar.

A olhei de soslaio, admirando seu rosto bonito e sua respiração calma, e um sorriso escapou dos meus lábios. Não importava o quanto eu a olhasse, todas as vezes ela parecia ainda mais bonita.

Avistei de longe a casa dos meus pais e estacionei o carro na porta, tirando o cinto e me inclinando até ela, fazendo um carinho em sua bochecha. Ela se remexeu um pouco e resmungou algo que não compreendi.

— Acorda, dorminhoca. — brinquei com ela e a vi abrir os orbes castanhos, antes de focá-los em mim.

— Eu não tava dormindo, só fechei os olhos um pouquinho. — ela retrucou e eu dei uma risada alta.

— Larga de ser mentirosa, tava até roncando.

— Eu não ronco. — eu sei que havia prometido a ela que não a provocaria mais, mas até com o cenho franzido, as bochechas coradas em irritação, parecendo mais uma pitbullzinha brava, era uma das mulheres mais lindas que já pus meus olhos — Chato! — ela bufou quando eu dei uma gargalhada, mas sua braveza não durou muito e logo ela começou a rir também.

— Chegamos, e eu preciso te contar uma coisa. — anunciei e ela me olhou desconfiada — Quando eu contei aos meus pais que eu traria uma garota, eles deduziram que somos namorados, e eu não desmenti. — confessei, mordendo o lábio e esperando a reação dela, que continuava me olhando confusa — Achei que seria melhor se eles pensassem isso, se eu falasse que somos amigos, eles não deixariam a gente dormir no mesmo quarto.

Vi ela abrir e fechar a boca algumas vezes, a surpresa estampada no seu rosto, para depois soltar uma risada.

— Então vou ter que fingir para os seus pais, que nós dois namoramos? — ela questionou divertida e eu assenti.

— Tem problema?

— Só um. — ela tentou ficar séria, mais sua expressão era de divertimento — Como eu devo te chamar?

— Como assim? — questionei e ela deu uma risada, antes de desprender o cinto, e levantar do banco do passageiro e passar a perna por cima de mim, sentando de frente no meu colo, ela era tão pequena, que nem precisou fazer tanto esforço.

— Oras, se somos namorados, precisamos de apelidos carinhosos. — ela brincou, passando os braços pelo meu pescoço e se inclinando até o meu ouvido — Prefere "bebê" ou "amorzinho"? — ela questionou no pé do meu ouvido, e uma risada escapou da minha garganta — Qual desses você acha que vai convencer melhor seus pais, de que somos um casal apaixonado?

— Gosto de amorzinho. — respondi e ela deu uma risada gostosa.

— Então, amorzinho. — ela debochou, me dando um beijo na bochecha — Acho que é melhor entrarmos, estou ansiosa para pedir sua mãe suas fotos de criança, para colocá-las no nosso casamento e imaginar como serão nossos filhos.

— Sou um cara de sorte, pequena. — a puxei para um beijo intenso, puxando seu quadril para ficar mais próximo ao meu, mas ela me afastou.

— Deixa de safadeza, a gente tá na porta da sua casa.

— Você que sentou no meu colo. — tentei protestar e ela riu, colocando o dedo indicador sobre os meus lábios.

— Shii... — ela destravou a porta do motorista e desceu do meu colo — Agora vem.


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