Capítulo 5

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- Lucian, e-eu não posso aceitar isso... - Killian murmura envergonhado ao ver o preço das roupas nas etiquetas.

- Você precisa de mais roupas, ou pretende usar as minhas ? Eu não me importo, mas não acho que elas caibam em você.

- N-não, eu... - ele balbucia envergonhado.

- Apenas aceite. - Lucian usa um tom mais frio e autoritário, o forçando a ceder.

- Tudo bem, mas eu quero devolver o valor das roupas! - Killian fala confiante, mesmo que por dentro, não estivesse tão confiante assim.

- Tudo bem, como quiser! - ele apenas sorri e acena com a cabeça.

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- Com fome ? Tem um ótimo restaurante aqui perto. - Lucian fala ao dar ao girar a chave na ignição, dando partida no carro.

- Um pouco... - Killian assume envergonhado.

- Ótimo, então vamos... - ele sorri, mas para de repente ao ouvir seu celular tocar e suspira.

- Fale, rápido. - Lucian fala em um tom frio ao atender a chamada.

- Tenho novidades sobre o caso do Padre. - o homem fala despreocupado. Lucian suspira novamente e volta seu olhar para Killian, que apesar de se sentir incômodo, está com um sorriso de "tudo bem, eu não me importo".

- Continue. - ele estende sua mão até Killian e acaricia seu rosto rapidamente, o que o faz corar e se encolher no banco do passageiro.

- Já podemos levá-lo a julgamento. Vão transferir o velho hoje à tarde, mas ele insiste em te ver antes de ir para o presídio...

- Merda, esse velho está obcecado por mim!

- Só vá vê-lo logo. A audiência já tem uma data prevista e ele provavelmente vai passar o resto da vida na cadeia. Vamos acabar logo com isso.

- Certo, só preciso fazer uma coisa antes e vou.

- Okay. - o homem desliga e Lucian deixa um longo suspiro sair, não queria ouvir as lamentações de um velho, mas precisava acabar com isso logo.

- Acha que ele vai passar o resto da vida preso ? - Killian questiona hesitante.

- Vou garantir que sim.

- Obrigado, Lucian.
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Lucian caminha pelo corredor, arrastando uma cadeira velha, de repente ele para, a posiciona de frente para a cela e se senta.

- Saia. - ele fala ao guarda enquanto pega seu maço de cigarros no blazer.

- Sim, senhor. - o homem se apressa e some no corredor.

- Fale. - Lucian acende um cigarro e deixa a fumaça fluir entre seus lábios.

- Pode fumar aqui ? - o homem brinca.

- Eu posso fazer o que quiser.

- Como o Killian está ? Continua fazendo faculdade ?

- Isso não é da sua conta. - Lucian traga um pouco da fumaça e o observa, encarando seu rosto fixamente.

- Bom, eu o ajudei a entrar na faculdade, então... - o homem dá de ombros e logo depois suspira.

- É mesmo ? - ele ri, se questionando por quanto tempo aquele homem manteria o personagem.

- De qualquer forma, espero que ele esteja bem. Killian e eu somos muito próximos, entende ?

- Me chamou aqui só para falar isso ? - ele ergue uma de suas sobrancelhas e sente que algo está errado.

- Sim, estava preocupado com ele. - o homem sorri de forma despreocupada. Lucian o observa por mais alguns segundos, porém logo se levanta e sai.

- Já terminou ? - um dos policiais o questiona ao vê-lo sair do local.

- Sim, podem levar.

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- Estou em casa. - ele anuncia ao entrar, no entanto, não encontra Killian na sala, apesar de seus livros estarem sobre a mesa de centro.

Lucian segue para dentro do apartamento, procurando por Killian e ao chegar no seu quarto, vê a porta do banheiro entreaberta. Ele o encontra com o rosto próximo ao vaso sanitário, vomitando com o corpo trêmulo.

Lucian se surpreende, sem entender o que estava acontecendo, e se aproxima com cuidado. Ele tenta tocá-lo, mas Killian recua assustado.

- Killian, tudo bem. Venha aqui. - ele fala devagar e de forma calma enquanto abre seus braços. Killian o encara por alguns segundos, tentando processar tudo, mas logo acaba se jogando em seus braços e se agarrando ao seu corpo.

- Lucian... - ele murmura entre o choro e segura sua camisa com mais força.

- Shh... tudo bem, você está segura agora. Eu prometo. - Lucian acaricia seus cabelos negros e o aconchega próximo ao seu peito. Enquanto tenta acalmá-lo, veias negras começam a surgir próximo aos seus olhos, que mudam para uma cor de vermelho sangue e perdem o brilho, como se o pouco de autocontrole que lhe resta estivesse sumindo. Ao pensar que o principal responsável pela sua dor e instabilidade emocional segue vivo, sua raiva e revolta se tornam ainda maiores, queria resolver tudo do seu jeito e fazê-lo sofrer, mas tinha que seguir o jogo antes de que pudesse fazer isso.
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- Pegue. - ele lhe entrega um copo com água e se senta ao seu lado na cama.

- Obrigado... - Killian murmura e bebe um gole da água.

- Se sente melhor ?

- Sim... - ele suspira e se sente culpado por mostrar toda aquela cena. Não queria parecer um garotinho frágil.

- Quer me contar o que houve ?

- Lucian, eu... - Killian hesita, apavorado, e desvia seu olhar para o copo em suas mãos, tentando controlar suas mãos trêmulas e as lágrimas que brotam dos seus olhos. Havia algo entalado em sua garganta há muitos anos, no entanto, Killian não conseguia colocá-lo para fora ainda.

- Killian, olhe para mim. - Lucian segura seu queixo e gira seu rosto, fazendo com que seus olhos encontrem os dele.

- Tem alguma coisa acontecendo que ainda não me contou ? - ele o questiona preocupado. Killian apenas concorda com a cabeça e desvia seu olhar para o lado.

- Tudo bem, me conte quando estiver pronto. - Lucian suspira e beija sua testa gentilmente.

- Eu prometo que vou resolver tudo, mas vou fazê-lo do meu jeito. Pode confiar em mim ? - ele fala confiante, mas com um olhar amoroso e gentil.

- Eu confio em você, Lucian. - Killian segura sua mão direita, acariciando o dorso dela, e lhe mostra um sorrisinho amoroso.

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