CAP 003 || maria, maria!

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Por razões aleatórias eu me lembrei dele e resolvi trazer um quote pra vocês, diretamente de um filme clássico dos anos 1950, porque representa bem o aviso que eu quero dar: "Fasten your seatbelts; it's going to be a bumpy ride." Apertem os cintos, pois é a partir daqui que essas noites & esses dias vão começar a ficar bastante animados. 😎

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"Mas é preciso ter manha,

É preciso ter graça,

É preciso ter sonho sempre.

Quem traz no corpo a marca,

Maria, Maria,

Mistura a dor e a alegria! (...)"





São Paulo, Dezessete de Março de Dois Mil e Vinte e Dois. Entre a segunda-feira e a manhã de quinta, três dias muito esquisitos se passaram. O contato entre os dois se manteve, ainda que muito esporadicamente, e sobre assuntos estritamente ligados à reunião desta quinta pela manhã. Depois de uma pesquisa inicial, de organizar um pouco melhor as suas ideias, ele compartilhou com ela alguns pontos que pensava em propor aos donos do bar quando chegassem lá. Estava genuinamente surpreso de tê-la encontrado, reencontrado, e tentando como podia... se manter por perto. Ele ainda refletia sobre isso enquanto sentava pro café, na quinta de manhã muito cedo, por enquanto em companhia apenas da cunhada.


"Que horas vocês vão se encontrar?"

"Ela me disse que o cara marcou as dez da manhã no bar."

"E entre vocês, como estão as coisas? As conversas?"

"Eu... eu não sei te dizer, Helena. Esses últimos dias a gente falou de trabalho, apenas. Desse caso específico de hoje, eu compartilhei umas ideias iniciais que eu tive com ela, ela devolveu com o que ela achava..."

"Parece que no que diz respeito a trabalho vocês conseguiram estabelecer um diálogo? E que ele tem funcionado bem?"

"Pelo menos num primeiro momento, é o que parece mesmo. Mas é bom. A gente passou tempo demais longe, é como se eu tivesse conhecendo ela de novo. Ela estava chocada quando a gente se encontrou, eu te falei... e ela só começou a se sentir minimamente confortável pra conversar quando o assunto de trabalho surgiu."

"Ela parece alguém que eu gostaria de conhecer."

"Parece, parece sim. Eu acho que cês iam se dar bem. Mas por enquanto acho que é isso, se eu quiser talvez me aproximar dela, por mais devagar que seja, acho que vou ter que me contentar em começar pelo trabalho mesmo. Mas tá tudo bem."


Luiz ainda estava no banho, a esposa tinha se arrumado primeiro que ele. Ainda estavam no esquema de que o casal circulava juntos no mesmo carro a caminho do trabalho ou do que fosse preciso, enquanto Alessandro continuava usando o de Helena - mesmo a contragosto! - até segunda ordem. Os pais dele não sabiam ainda de que a possível futura chefe era uma ex-namorada, sabiam só que se tratava de 'alguém conhecido'. Mas entre eles três, Alessandro e o casal, o assunto nos últimos dias não tinha sido outro. Ele de fato nunca esqueceu o afastamento repentino e o sumiço completo por quase quatro anos depois disso, e ainda estava tentando processar a informação de que tinham se esbarrado de novo. Queria poder se reaproximar dela, caso a decisão de ficar em casa fosse mesmo se concretizar, até porque se isso acontecer... vai ser pros dois trabalharem juntos diariamente, muito provavelmente. Longe dali, nos últimos dias, o pensamento de Simone não era nem de longe tão pacífico quanto o dele. O pavor imenso diante da reação dele quando a verdade viesse à tona não tinha deixado a sua companhia, nem por um segundo. Mesmo que dona Graça estivesse ali do lado tentando acalmá-la, conversa após conversa. As duas estavam conversando no quarto de Simone, muito cedo ainda, sequer tinham tirado as meninas da cama para se arrumar pro horário da escola.

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