CAP 014 || baby, I can see your halo!

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"Remember those walls I built?

Well, baby, they're tumbling down.

And they didn't even put up a fight,

They didn't even make a sound.

...

I found a way to let you in,

But I never really had a doubt. (...)"



São Paulo, Agosto de Dois Mil e Vinte e Dois. Depois do dia no Guarujá e daquelas duas noites juntos de novo lá, eles de fato não se afastaram. O romance estava por ali o tempo todo, ainda que disfarçado ou às escondidas de quase todo mundo, porque os dois não queriam que mais gente soubesse de tudo por enquanto. Mas ele estava nas mensagens particulares trocadas, no gesto dele de cuidado ao longo do dia sobre o almoço vez por outra, ou então no meio da tarde e nos cafés que eles geralmente até dividiam com a Verônica (que ali da agência, era a única pessoa que sabia de fato de alguma coisa, por motivos óbvios). Sem falar em ele insistir em quase sempre passar pela casa delas no fim do dia. Pra estar com as meninas antes de elas dormirem, pra ficar mais tempo depois com ela depois disso. Era o fim de uma quinta-feira, dia onze, e eles tinham prometido às duas de ele ir vê-las, então eles deixaram a agência mais ou menos no mesmo horário ainda que em carros separados. O jantar não foi nada demais, era inclusive algo que elas comiam sempre, mas de qualquer forma era ele ali fazendo companhia pra elas. Ouvindo as historinhas, contando outras, e tendo o prazer de dividir o fim do dia delas com as duas.


"Mamãe, ele pode contar uma historinha 'pá' gente dormir hoje?"

"Você pode? 'Pufavô', antes de você ir embora 'pá' sua casa?"


Mais uma vez elas pediram, e mais uma vez ele não soube como resistir. Nem queria também. Simone disse que ia ficar organizando a bagunça na cozinha, porque depois do jantar eles ficaram mais um bom tempo ali tomando o sorvete que ele fez questão de levar (para depois do jantar, se a mamãe deixasse, e se elas comessem tudinho e se comportassem!) pra dividirem, e que os três podiam ir subindo na frente. Alessandro sabia que era a forma dela deixar eles três a sós por um tempinho, e ele só tinha a agradecer por isso. Ela tirou toda a mesa, lavou a louça, guardou o que sobrou do sorvete e do jantar, deixou tudo limpo e ele não tinha voltado ainda. Como ainda queria tomar um banho, decidiu que ia fazer isso enquanto ele não terminava. Ao passar pelo quarto delas, vendo que as duas já estavam mais pra lá do que pra cá, quase adormecidas, ela apontou em silêncio para o final do corredor e depois seguiu. Dez ou quinze minutos depois, não mais do que isso, mas ela já tinha saído do banho, Simone ouviu as três batidas na porta do quarto. Estava terminando de pôr o pijama, no closet, e mal ouviu o que ele disse.


"Eu posso entrar?"

"PODE!"


A voz saiu mais alta do que ela pretendia. Da porta ele observou o quarto por alguns segundos, antes de ela estar no seu campo de visão. Viu a foto ali do lado da mesa de cabeceira dela, numa moldura diferente, mas era exatamente a mesma que ela tinha lhe dado meses antes. A dele estava em casa, na sala, com destaque para que elas vissem sempre que fossem lá, assim como qualquer outra pessoa que fosse visitá-lo. O quarto era espaçoso, os tons mais claros, a decoração clássica. A cara dela, do que ele se lembrava dela. Finalmente Simone veio de dentro do banheiro, os cabelos bem penteados e usando o vestido azul, cuja barra da saia e toda a extensão dos botões na frente e por fim a gola dele eram acompanhados pelos brilhos prateados.



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