CAP 009 || velha roupa colorida!

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- Eu nem ia deixar resumo no começo desse aqui não. Mas resolvi dar só uma dica, rapidinha: a Serra da Cantareira foi escolhida como parte da história por um motivo, nesse daqui finalmente aparece textualmente a explicação do que me fez criar as coisas dessa forma. A minha porção fã não resistiu. É só isso mesmo, espero que cês aproveitem, e bom final de semana por aí! s2


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"Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo,

Que uma nova mudança em breve vai acontecer!"


São Paulo, Maio de Dois Mil e Vinte e Dois. O almoço no sábado depois de ele tê-la ido deixar em casa de manhã se estendeu, por horas, de tal forma que no fim do dia ele ainda estava ali. E as duas pequenas não estranharam, já que ele era amigo da mãe dela e tinha ido até lá com ela. Pelo contrário, fizeram questão de fazer com que a visita brincasse junto com elas. Sequer lembraram do cochilo de sempre depois do almoço, e para a mãe delas tudo bem, pelo menos uma vezinha. Em um determinado momento no fim desta tarde de sábado as duas estavam no quarto, os adultos sentados no chão, e ele fez do jeito que ele tinha visto Simone fazer no início do dia, e as duas com a atenção focadíssima na brincadeira que tinham resolvido inventar naquele momento: fazer sorvete. Tinham uma casinha, ou parte dela, e da cozinha para aquele dia a ideia tinha sido essa, fazer o sorvete de mentirinha.


"Esse aqui é de fruti-fruti. E esse é de limão-limão."

Carol entregou à mãe delas os dois picolés coloridos, feitos de material maleável e de brinquedo. E Simone como sempre riu e entrou na brincadeira junto.

"Obrigada. Eu vou guardar esse de limão-limão pra levar pro meu filho, o Douglas."

Quando ela disse isso, Carol deixou uma risadinha escapar, e antes que a conversa pudesse retornar ou que Simone pudesse continuar a implicância, Mabel fez a mesma coisa que a irmã e passou outros dois sorvetes de mentirinha pras mãos do outro adulto presente. Alessandro sorriu, com o gesto que veio dela espontaneamente, e agradeceu. Deixando que uns segundos se passassem e que os dois pudessem ter essa interação, ainda que sem palavra alguma e mesmo assim extremamente importante, Simone só falou de novo um tempo depois.

"Moça, você riu do nome do meu filho? Porque você riu do nome do meu filho?"

A pergunta só fez com que a menina risse ainda mais, mas essa era a ideia. Ela só tinha achado engraçada a iniciativa de a mãe dela comentar a brincadeira do jeito que ela fez, e por isso não resistiu à risadinha. Voltaram às conversas, os quatro interagindo entre si, e por esse tempo todo permaneceram só eles ali, até que a noite já tivesse caído de fato. Como o dia inteiro se estendeu, o jantar para elas veio mais cedo, e por tabela a impaciência e o enjoo também, que nada mais eram do que: sono. Foram colocadas na cama depois do jantar, e não precisaram sequer de uma história ou de muito pra elas pegarem no sono. Só depois disso é que ele enfim pensou em ir embora.


O flashback desse momento ainda estava muito vivo na cabeça dela quando a segunda-feira começou, e no telefone tinham as mensagens dele ainda, enviadas em algum momento do domingo à noite, agradecendo mais uma vez pela oportunidade daquele encontro. Pela oportunidade de ele frequentar a casa delas pela primeira vez assim e por Simone recebê-lo tão... abertamente. Mas de que outra forma ela poderia fazer? Ela queria que eles construíssem essa convivência já desde o começo, que as duas se acostumassem com a presença inclusive ali naquele ambiente. Que se acostumassem com a figura fazendo parte da vidinha delas, antes de pensar em contar a verdade. Tinham decidido isso de comum acordo, os dois juntos, mas uma vez que ela levou o assunto para a própria terapia depois... entendeu, e ouviu, que ir com calma e dessa forma talvez fosse bom para as crianças. Não só para as crianças, mas para ela também, porque foi lembrada de que não eram só as duas que teriam muito a se adaptar dali em diante, e mais ainda a partir do momento que conversassem sobre a verdade. Foi tirada de seus devaneios quando as duas desceram acompanhadas da avó, que só iria embora pra casa depois do almoço, nesta primeira segunda-feira de Maio. As duas chegaram conversando entre si e com a avó, que estava comentando alguma coisa sobre bolo de cenoura junto com elas no sábado a tarde.

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