12 - Problema

24 2 1
                                    

Bianca

- É injusto, eu sou ótima mas nunca ganho de você. - Choramingo e bebo um pouco da minha coca.

- Já te disse algumas vezes Bianca, eu sou melhor do que você nisso, supera. - Sua voz descansada e convencida me faz revirar os olhos tão forte que por um momento penso que não voltariam mais pro lugar.

- Você até pode ser por agora, mas isso vai mudar.

Nossa discussão é encerrada com o toque do meu celular. Era Pedro. Pego o celular alarmada, será que aconteceu alguma coisa?

- Oi pirralho, aconteceu alguma coisa? É tarde aí.

- Alexandre tá aqui. - Quase não escuto sua voz de tão baixo que está falando.

- Uma hora dessa? - Pergunto ficando tensa. - Onde você tá, pegou a Beatriz?

Mal percebo quando minha perna começa a balançar descontroladamente, e o meu corpo ficar quente com a tensão. Ignoro o olhar curioso de Cassandra e mantenho meu foco em meu irmão.

- Estamos no meu quarto, já tranquei a porta, mas consigo ouvir ele perguntar da gente pra mamãe. - Sinto as lágrimas formarem nos meus olhos e meu coração ficar apertado por estar tão longe. Vir pra cá foi uma péssima ideia.

- Pedro. - Limpo a garganta e respiro fundo. - Deixa a porta fechada e não abre por nada, entendeu? - Levanto da mesa e saio do restaurante, deixando Cassandra sozinha na mesa.

- E se a mamãe pedir pra abrir?

- Não abre! Não responde, finge que está dormindo, mas não abre a porta. - Tento permanecer calma e racional, mesmo que seja difícil, eu não posso surtar agora.

- O que ele foi fazer aí? - Pergunto indignada.

- Eu não sei, tudo mundo já estava deitado. Pausei meu jogo quando ouvi a voz dele lá em baixo, peguei a Beatriz e tranquei a gente aqui. - Ele parecia nervoso, e eu entendia completamente, se pudesse me teletransportava pro Brasil agora mesmo.

- Você fez bem, mas fica calmo ok? Vai dar tudo certo. Eu tô aqui. - Tento tranquilizar a nós dois.

Nada tá bem, eu não to bem com essa situação, como eu aceitei a ideia de vim pra tão longe e deixa-los sozinhos? Eu fui burra e egoísta. Não deveria deixar um adolescente de 13 anos lidar com isso sozinho, sem o apoio e a supervisão de uma adulta responsável.

E agora eu não posso simplesmente voltar, seria imprudência da minha parte, perderia meu emprego, minha carreira e ficaria completamente inútil sem ter como cuidar financeiramente de nós três.

- Você pode ficar comigo até ele ir embora ou dormir? - Sua voz falha e sinto vontade de abraçar meu pequeno.

- Claro que posso, o tempo que precisar.

Ficamos uns 30 minutos em ligação até Pedro ter a certeza que Alexandre havia dormido ou voltado pra casa. Contei todos os detalhes da minha semana para mante-lo calmo e menos nervoso, e ele fez o mesmo, falando sobre os amigos da escola e sobre o jogo que tinha começado. Desliguei a contra gosto, apenas porquê Pedro insistiu muito, dizendo que agora estava tudo calmo e só depois dele dizer que deixaria a porta trancada e que deixaria nossa irmã mais nova dormir com ele.

Volto pro restaurante ainda aflita, mas não havia nada mais que eu pudesse fazer.

- Desculpa. - Sento a frente de Cassandra que já havia terminado de comer. - Era uma emergência.

- Tá tudo bem? - Pergunta tentando disfarçar a preocupação.

- Sim, agora sim, não há nada que precisemos nos preocupar. - Eu espero.

A Sombra Da Máfia Onde histórias criam vida. Descubra agora