48 - Círculo de perigo

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Cassandra

- Ela sabe! - Bato a porta da sala sentido o ódio aumentar e aquecer o meu corpo.

Por que ela teve que descobrir? Logo agora quando estávamos começando a criar algo mais... intenso e concreto.

- O que aconteceu? - Julian pergunta alarmado mas sem perder sua postura relaxada.

Respira Cassandra, você precisa de manter racional, precisar assumir o controle novamente, ainda não perdemos o jogo.

- A filha da puta da Bianca sabe alguma coisa! - Grito, extravassando um pouco da minha irá e agonia. - Depois que ela começou a investigar a máfia não saí do meu pé. Cismou que tenho algum envolvimento criminoso. - Jogo a primeira coisa que vejo no chão, mas não me sinto melhor.

- E você tem. E vem esfregando isso na cara dela a um ano, estou surpreso que tenha demorado tanto para te acusar.

Paro no meio da sala e encaro Julian com raiva, se meus olhos pudessem matar, ele estaria esticado no chão agora mesmo.

- Disse que se fazia de cega pois nutria algum sentimento por mim, mas aparentemente não foi o suficiente para mante-la alheia.

- Você vai precisar fazer alguma coisa.


- Acha que não sei? - Grito exasperada controlando meu impulso de querer socar o moreno a minha frente. - Preciso achar uma forma de a manter longe das investigações. - Passo as mãos no cabelo sentindo vontade de arranca-los.

- Ficou sabendo do carregamento que caiu essa madrugada? - Ele se espalha confortavelmente na cadeira.

- Soube. Bianca descobriu nosso padrão, mapeou as áreas em comum e liderou a operação. Ficou de fora da ação, mas ela foi o cérebro de tudo. - Sinto o gosto amargo da confissão invadir a minha boca

- Alane caiu junto. - O encaro em silêncio por alguns minutos, processando a informação.

- O que? - Minha voz saí grave, quase sufocada pelo ódio.

- Ela queria estar em campo de novo, e durante a troca de tiros pegaram ela.

- Quem autorizou que ela voltasse para as operações? - Questiono ainda mais raivosa. - Eu preciso dela aqui, cuidando dos feridos, analisando os dados e cobrando as nossas dívidas.

- Você não saiu daqui dizendo que não queria ser incomodada, não achamos que seria um problema... - O calo com um olhar.

- Não acharam que fosse mas criaram um! Como diabos vocês esperam que eu lide com isso agora?

Bato na mesa com força, fazendo o copo com água cair em cima dos papéis espalhados.

- Julian... - Apoio o rosto na mão, tentando me acalmar. - Vocês não tomam esse tipo de decisão sem me consultar, tenho uma equipe para as operações e quando elas ocorrem eu ESPERO QUE APENAS ELA SAIA DA CEDE. - Eu vou matar alguém ainda hoje.

- Sinto muito, senhora. - Sua voz é séria e seus olhos fitam as mãos repousadas sobre o colo.

- Preciso que deixem a advogada avisada... - Repiro fundo, levantando o rosto e organizando a minha mesa. - Eu quero o básico, esperem Alane fazer a chamada e diga à advogada que não faça nada que possa chamar ainda mais atenção para a máfia senão ela terá que se virar sozinha.

- Sim senhora. Algo mais? - Pergunta arrumando sua postura, demonstrando que entende a gravidade da situação e mostrando respeito pela sua líder, eu.

- Alexandre, Miguel o deixou aqui, certo? - Ele assente. - Ok, Giuseppina, algo suspeito?

- Ela faz muitas perguntas, parece interessada em cada detalhe da organização e perguntou sobre a operação quando viu o movimento, ela não ouviu nada isso eu tenho certeza, mas viu a organização de tudo. Ela definitivamente não é mafiosa, não entende processos básicos.

- Ótimo, minhas suspeitas foram confirmadas, meus contatos não acharam nada sobre ela e Cole ainda não me entrou o relatório. Vejo apenas uma saída para essa aí.

- Forca? - Acabo rindo da piadinha.

- Em que anos estamos, 1800? Mas sim, espiões não tem um final feliz, só preciso saber para quem ela trabalha.

- Você tem ótimos problemas nas mãos, chefinha. Alane, a carga perdida, Alexandre, Bianca, Giuseppina...

- O menor dos meus problemas é a carga... Alane se resolve com a advogada, faço um outro pedido, mantenho Giuseppina sempre acompanhada, desconto minha raiva em Alexandre, mas ainda sim não sei o que fazer com Bianca.

- Acho bom você se apressar, logo mais a informação de que ela foi a responsável chegará no ouvido de todos... de Antônio e é aí que você perde o controle das coisas.

Assinto em silêncio sentindo meu sangue ferver com tantas coisas ao mesmo tempo, e sentindo a ficha cair lentamente, expondo que perco o controle a um bom tempo.

- Verei o que vou fazer e até o fim da semana te passo um plano.

Ele levanta prontamente e sorri.

- Ao seu dispor. - Bate continência. - Passarei as demais informações aos outros.

Me jogo na cadeira me sentindo mentalmente exausta.

Julian saí logo em seguida, me deixando sozinha com todos os meus problemas e questionamentos.

E o maior deles: precisarei matar Bianca para manter a minha identidade e principalmente meu posto?

Sabia que isso poderia acontecer mas estava tão cega na paixão ardente e no tesão que sinto por ela que esqueci que ela representa apenas uma coisa; ameaça.

Antes pequena e sem causar preocupações, agora cresceu como uma erva daninha, está por todos lugares, me deixando completamente perdida e sem saber por onde começar a arrancar...

Fui colocada entre dois caminhos, cada um apontando para uma direção oposta. Bianca ou a máfia. Eu preciso escolher.

Não, não tem o que escolher, a máfia sempre vem em primeiro lugar, não importa qual seja a outra opção.

Ao mesmo tempo que...

Uma parte de mim implora para que desista de tudo, que eu seja livre, viva sem me preocupar tanto com tudo e todos. Implora para que eu me permita amar outra vez, ser amada.

- Você precisa voltar pro eixo. - Murmuro para mim mesma, dando um tapa na testa. - Ideia mais descabida.

Eu fiz um juramento, e sabia o que ele significava quando o fiz.

Mafioso não amam, casamento é apenas mais um acordo. O amor é uma completa ilusão. E eu sei exatamente o que fazer.

Não se dorme com as ameaças, não se ama elas. A única coisa que eu, Cassandra, faço quando me deparo com uma, é elimina-la.

E nesse momento a única coisa que Bianca me representa, é um problema, implorando para que eu acabe com ele.

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