37 - Quem fez isso com você?

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Cassandra

Acordo ainda nua e nos braços de Bianca, meu celular vibra desesperadamente na mesa de cabeceira, mas não parecia incomodar minimamente o sono dela. O claridade do celular no quarto escuro me fez fechar os olhos com força e querer joga-lo longe, mas as mensagens urgentes de Julian me fazem ignorar qualquer incômodo. Saio do conforto dos braços que desejei tanto estar com cuidado, tentando não acorda-la. Visto minhas peças íntimas e saio catando o resto das minha roupas pela casa e deixo o apartamento praticamente correndo.

Assim que saio do elevador, estranho não enxergar o carro de Julian logo de cara em frente à porta de vidro de prédio, onde ele literalmente estaciona desde que moro aqui. Ignoro o primeiro sinal vermelho de algo errado e deixo a portaria. As ruas estavam vazias, pois já passavam das 02 horas da manhã, e com vazias eu quero dizer que não tem nenhum sinal do meu amigo aqui. Dou mais alguns passos até decidir que tem algo muito errado aqui e preciso urgentemente voltar pra dentro e... pegar a minha maldita arma.

Erro de principiante Cassandra, deixar a zona segura desarmada.

Sinto uma mão pressionar a minha boca enquanto a outra segura meus braços para trás com uma força descomunal. Como pode ser biologicamente possível um ser humano ser forte desse jeito? Sou literalmente carregada até um beco escuro, e finalmente colocada no chão.

Tento manter a minha respiração calma e a mente limpa, para tentar me defender do ataque que eu tenho certeza que vai vir a qualquer momento.

- Adam me pediu para pedir gentilmente que você solte Pietro. - Uma voz familiar soa no escuro.

Adam e Pietro na mesma frase não parece ter sentido pra mim, de forma alguma.

- O que? - É tudo que me permito dizer.

- Pietro, o rato da sua equipe. Adam o quer de volta. - Um dos soldadinhos de chumbo que Adam confia a vida sai dramaticamente das sombras. Me permito rir apesar da situação.

- Não vou estar podendo realizar esse humilde pedido.

- Se não voltarmos com ele, Adam virá busca-lo pessoalmente, quero que fique ciente disso.

- Ótimo, mande aquele russo de merda entrar no meu território com intuito de roubar um prisioneiro meu. Vai ser um prazer matar aquele bastardo. - Vocifero mesmo estando em completa desvantagem. Cinco a uma não é um bom número. Mas se um dia me preocupar com isso, não estou em pleno juízo.

- Deveria cortar a sua língua apenas pelo insulto. - Avança como um leão para cima de mim.

- Adoraria ver você tentar. - Cuspo aos seus pés, mostrando meu desprezo em um simples ato.

- Sabe Cassandra, Pietro é família apesar de tudo. - Franzo a testa confusa. - Semyonova odiaria ver seu sangue ser derramado.

- Pietro é da família de Adam? - Pergunto com uma risada de desdém. - Será ainda mais prazeroso ver aquele filho da puta sangrar. Sabe, eu não cheguei a ir visita-lo mas saber que verei o sangue dos Semyonova escorrer me fez sentir uma vontade repentina de ir lá. - Maxim praticamente rosna de ódio na minha cara.

- Apesar de ter desertado sangue é sangue, acho que você entende isso Cassandra. Está declarando guerra.

- Desertor, traidor, x9... a lista fica cada vez maior e melhor, puta merda. E ainda me mantém na razão. Sangue ou não, Pietro trabalhava para mim, morava e se sustentava no meu território, com o meu dinheiro. Ele me traiu e é meu direito cuidar dele como bem entender.

- Certo Manccini. - Maxim massageia as têmporas, parecia cansado da discussão. - Me de ao menos Samanta e a garota. - Me permito soltar uma risada irônica, longa o suficiente para instigar o alerta de Maxim.

- Tarde demais pitbull, elas estão mortas... o bebê também, antes que me pergunte.

Meu sorriso morre ao sentir a dor excruciante em meu rosto, passo a língua nas bochechas, sentindo o gosto de metal crescer na boca. Cuspo o excesso de sangue e dou de ombros.

- As matei com minhas próprias mãos, inclusive se você quiser saber os detalhes, eu mesma tirei o feto da barriga de Samanta. - Um soco mais forte que o anterior atinge meu rosto. Cuspo novamente o excesso de sangue e volto a encara-lo. - Era uma menina, se isso importa. O choro era tão irritante que precisei sufoca-la para que parasse.

Maxim grita a plenos pulmões antes de voltar a desferir socos pelo meu rosto e corpo, mal tive um segundo para raciocinar e tentar me defender, mas convenhamos, seria inútil mesmo que conseguisse me soltar. Estou completamente desarmada e em desvantagem, iria acertar um soco ou dois antes de me segurarem novamente.

Meu corpo quase desfalecido é jogado contra a parede e eles me deixam sozinha sem falar mais nada. Conseguir levantar pareceu durar uma eternidade, quando fazia algum progesso caia novamente no chão. Sentia dor em todos os lugares e não sou capaz de dizer onde está doendo mais.

Entro no lobby de cabeça baixa, apesar de ser rotineiro chegar quebrada em casa, prefiro evitar possíveis questionamentos. Bato a porta com força e quase não consigo tranca-la novamente. Me jogo ao lado de Bianca sem me preocupar tanto em acorda-la.

Talvez uma parte obscura e la no fundo quisesse que ela acordasse e cuidasse de mim, mas só talvez.

- O que? - Ela murmura sonolenta. - Que cheiro é esse Cass? - Bianca acende o abajur do seu lado da cama e sua expressão serena é substituída pela de terror em segundos. - O que caralho aconteceu? Porra!

Minha principessa levanta em um pulo, indo ao banheiro e voltando com o kit de primeiros socorros em segundos.

Diferente das outras vezes, ela não insiste para que eu vá correndo ao hospital, apenas senta ao meu lado e começa a limpar a bagunça que me encontro. Bianca não me faz nenhuma pergunta ou fala qualquer coisa durante o processo, mas não consegue disfarçar o olhar mortal e a força desnecessária no algodão, a qual eu não me atrevi a dizer que não precisava de tanto.

Depois de tirar o excesso de sangue do meu rosto e literalmente rasgar a minha blusa para ver se precisava de cuidados em outra região, ela respira fundo, guarda as coisas que usou e me olha séria.

- Quem fez isso com você? - Seu tom de voz sério e enfurecido é completamente diferente de qualquer um que já tenha escutado. Não havia apenas preocupação, havia ódio, e muito.

- Bia...

- Eu juro que se você falar que não foi ninguém teremos um problema sério. - Passa a mão no rosto, demonstrando sua impaciência.

- Eu não quero que você se meta nisso. Por favor.

- Devo te lembrar que sou policial? - Arquio a sobrancelha sem saber se entendi direito. - Você vai me falar ou terei que descobrir sozinha?

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