A Sombra Da Máfia

33 - Contato

- Pensei que nunca mais ia te encontrar. - Vejo Miguel sentado confortavelmente em meu escritório.

- Preciso me manter difícil até mesmo para os aliados Cassandrinha. Nunca se sabe. - O loiro levanta sorridente e vem em minha direção. 

- Difícil até demais, quase 2 semanas para conseguir contato. - Aperto sua mão e me permito sorrir, aproveitando sua companhia.

- E pelo tempo que não me procura presumo que seja muito sério. - Miguel se afasta e me dá espaço para ir até minha cadeira.

- Não vou enrolar muito, realmente é. E é algo que não sei exatamente como quero lidar. - Confesso me permitindo deslizar na cadeira, não me importando muito em manter uma aparência muito formal.

Acho que esse é o meu novo defeito perto de aliados, deixo transparecer uma imagem muito amigável, principalmente em situações que não me envolvem diretamente.

Miguel se mantém em silêncio, esperando meu tempo pacientemente. Respiro fundo e decido despejar tudo de uma vez.

- Eu preciso que você procure um estuprador. Não apenas isso, mas um pedófilo. - Ele arqueia as sobrancelhas lentamente e se inclina em minha direção.

- Que está solto no meu território? - Sua voz saí baixa e agressiva.

- Exatamente. Eu conheço uma das vítimas, duas em potencial, mas não consigo te dizer se ele já fez alguma outra. - Arrumo minha postura e pego a pasta preta da gaveta. - Esse homem, Alexandre Madson, 51 anos, mora em Brasília. Sem esposa, filhos. A família é a irmã e os sobrinhos.

- As vítimas em potencial? - Assinto em silêncio. - Quantos anos?

- 14 e três anos. - Miguel fecha os olhos e solta o ar com força. - A primeira tinha 15, quando aconteceu o primeiro abuso.

- Então é possível que ele já esteja de olho na próxima vítima, idade parecida e familiar, a possibilidade de conseguir fazer algo é maior.

- Sim. Mas, o adolescente de 14 anos, sabe que ele é uma ameaça, infelizmente a irmã mais velha praticamente treinou esse garoto para esse tipo de situação. Ele se mantém o mais distante possível, protege a mais nova. Mas eu e você sabemos...

- É só questão de tempo. - Completa a minha fala.

- Eu tenho valores Miguel, apesar de querer pagar na mesma moeda, eu não conseguiria. Mas quero que ele sofra e muito. Deixo você se divertir com ele, até que eu tenha coragem de lidar pessoalmente.

Ele pega a pasta e analisa as fotos e informações que consegui coletar, ficamos em silêncio enquanto ele passava folha por folha. A análise silenciosa estava me deixando nervosa, esse assunto todo me deixa ansiosa, se ele demorar mais 5 minutos, tenho certeza que vou surtar.

- Ok. - Ele levanta, dá dois tapinhas na pasta e sorri. - Tenho um trabalho a fazer. É sempre um prazer Cassandra.

Me levanto para apertar sua mão e retribuo o sorriso.

- Pena que sempre tão rápido e apenas em situações como essa.

- Manterei contato, vou te mandar as informações em tempo real. Sei que vai ficar remoendo tudo até que eu entre em contato.

- Obrigada. Por isso e por todas as outras vezes. Estarei aqui quando precisar novamente.

- Sei disso ruiva.

- Então? Tudo resolvido? - Julian indaga assim que saio da minha sala.

- Sim. - Não prolongo o assunto.