8 - Bagagem

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Entro no carro do moreno alcoolizado me perguntando seriamente se iria colocar a minha vida em risco de forma tão despretensiosa e ridícula.

- Vaza daí Julian, não quero morrer nas suas mãos, eu vou dirigir. - Dou a volta no carro e espero ele trocar de lugar de forma desajeitada. - A quanto tempo você está bebendo? - Murmuro impaciente.

- Cê realmente acha que consigo lembrar? - Responde arrastado e ri em seguida.

- Péssima hora pra estar tão bêbado. - Dou partida no carro e começo a dirigir em direção ao bar de sempre.

- Tá tensa, aconteceu alguma coisa? - Pergunta em um vislumbre de sobriedade.

- Uma parada com a Bianca, mas você está péssimo demais pra me ajudar. - Acelero um pouco mais ao perceber as ruas vazias, a velocidade sempre me ajudou a pensar.

- Ela finalmente disse na sua cara que você não é a gostosona que pensa e que não quer te dar? - O som da sua risada fica longe ao relembrar a cara de desespero dela. - Cassandra? Foi uma brincadeira. - Julian me chama cautelosamente mas não presto muita atenção. - Cassandra?

- Não foi exatamente isso. - Respondo ríspida e estaciono no acostamento, viro bruscamente pro homem mamado ao meu lado e o encaro séria. É possível perceber ele tentando parecer mais sério do que bêbado. - Você acha que eu sou igual aos caras que matamos lá na base? - Seu rosto fica confuso por alguns instantes e ele ri.

- Acho que nós dois somos tão criminosos quanto eles. - Reviro os olhos e respiro fundo.

- Não Julian, estou falando de estupradores, você acha que sou igual a eles? - Ele franze as sobrancelhas e me encara completamente confuso.

- Não... - Arruma a postura e me olha sério. - Você pode ter a ficha criminal mais extensa que eu já vi, mas nunca desrespeitou uma mulher dessa forma. Já te vi recusar mulheres que você sempre foi afim por terem bebido um pouco mais da conta, sendo que você mesma estava completamente chapada.

- Tá, mas isso é o mínimo. - Respondo no automático, não entendo de imediato o seu ponto.

- Exatamente sua tonta, mesmo bêbada você consegue reconhecer quanto outra mulher está em condições ou não de transar. Porque agora você está achando que sóbria, teria desrespeitado alguma? - A sinceridade em suas palavras me fizeram recobrar a consciência, eu realmente não era nem um pouco parecida com aqueles filhos da puta. - O que aconteceu entre você e a Bianca?

Respiro fundo, descansando brevemente a cabeça no volante, revivendo seu desespero e crio coragem pra falar.

- Eu fiz um jantar para comemorarmos que ela foi aprovada no trabalho novo, acabei perdendo a mão e bebendo demais, e eu perguntei se ela queria dormir comigo. - Me sinto levemente exposta e envergonhada, por mais que fale qualquer coisa com Julian, tudo com a Bianca é diferente, até isso.

- E ela te deu um fora, disse não? - Pergunta sem entender.

- Não exatamente, e é aí que está o problema.

- Olha ruiva, eu não estou entendendo aonde você quer chegar. Ela negou ou não negou, vocês transaram ou que? - Resmunga impaciente me fazendo recordar que ele ainda está sob efeito de álcool e provavelmente drogas. Julian está tão alto que me fez esquecer que também estou bêbada. Bom, não é o melhor conselheiro no momento, mas é o que tenho.

- Ela não disse simplesmente "não", ela entrou em desespero Julian. - Deixo a angústia que estou sentindo no peito transparecer e ele finalmente parece entender. - Ela começou a suar, as mãos dela estavam tremendo e a respiração completamente desregulada, eai ela simplesmente saiu correndo.

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