Abro os olhos e sinto minha cabeça explodir quase que de imediato. Eu sempre faço isso quando saímos juntas e eu me arrependo em todas elas. Observo os remédios e a água na cômoda e só o pensamento de beber água quente me faz levantar, pego os comprimidos e vou pra cozinha.
- Bom dia bela adormecida alcoólica. - Bianca me comprimenta rindo tomando seu café.
- Eu odeio sair com a Isabela. - Resmungo arrependida e abro a geladeira, pegando a garrafa de água.
- Lembrando que você já estava bêbada quando saiu. - Coloca café em outra xícara e empurra lentamente na minha direção. - Vai ajudar, os morangos estão docinhos também.
Engulo os comprimidos e puxo uma cadeira, sinto meu corpo derreter ao sentar, apoio minha cabeça na mesa e reclamo de coisas que nem eu entendo.
- Para de resmungar e come, logo a ressaca passa. - Ela parecia se divertir com o meu sofrimento, mulher sádica.
- Estou vendo você se divertir me vendo destruída tá? - Acuso e tomo um gole do café.
Duas semanas morando com ela e já fiquei completamente viciada em café de verdade, como ela mesma diz.
- Eu te avisei. - Da de ombros sem esconder a risada. - Bebeu o dia e a noite inteira e ainda queria estar sóbria.
- Não queria estar sóbria, queria não estar de ressaca.
Bianca
- Ah não Bia. - Choraminga pela terceira vez. - Eu tô um caco.
- Vai ficar o dia inteiro morrendo no sofá? - Coloco os braços na cintura sem disfarçar minha indignação.
- Sim, minha cabeça tá explodindo de dor.
- Toma outro remédio, devo ter algo mais forte. Mas vamos, só pegar um pouquinho de sol, não quero ir sozinha, por favor. - Puxo seu braço e ela levanta revirando os olhos.
- Vou pegar o protetor solar, óculos de sol e meu biquíni. - Sorrio animada e corro pro quarto.
Pego meu celular e verifico minha conversa com Pedro pela quarta vez no dia. Já havia me dito que estava tudo bem, mas ainda estou apreensiva com toda a situação, esperando que ele me fale o pior a qualquer minuto.
Volto pra sala e Cassandra me olha de cara feia perto da porta, nem o óculos de sol conseguia disfarçar seu mal humor.
- Se reclamar de novo eu te jogo na piscina em. - Aperto sua bochecha a provocando e abro a porta.
- Eu odeio todo mundo que tá aqui. - Sussurra no meu ouvindo, falando em português para que ninguém entenda, e senta na espreguiçadeira.
- Não é como se eu gostasse também, mal conheço esse povo. Na verdade acho todos meio antipáticos. - Coloco minhas coisas na mesa e tiro minha canga da cintura. - Por isso quis que você viesse.
Cassandra tira os óculos e me encara descaradamente por um tempo, ignoro seu olhar sobre mim e começo a passar o protetor solar na minha pele.
Peço a ajuda dela pra passar nas costas e ela aceita, mesmo meio relutante. Parecia não querer ficar muito perto de mim e eu posso imaginar o motivo.
- Vai trabalhar amanhã? - Pergunta afastando meu cabelo pro lado.
- Sim, era pra ter ido hoje, mas fiquei de babá de pinguça, Clara vai querer que eu recompense essa semana.
- Se eu soubesse que te causaria problema, teria te impedido de ficar. - Responde em um tom mais sério, me entrega o protetor e murmura um "terminei" antes de se afastar.
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A Sombra Da Máfia
RomanceEntre despedidas dolorosas e expectativas altas, Bianca deixa para trás sua vida familiar para se juntar à polícia italiana. Apesar da desaprovação dos pais e do coração partido do irmão caçula, Pedro, ela encontra apoio em Cassandra, uma italiana m...