3 - Traidor

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- Bom dia. - Comprimento quase em um sussurro ao sair do quarto e encontrar Cassandra na cozinha passando um café.

- Buon giorno ragazza. - Responde animada e coloca a garrafa de café em cima da mesa, que estava posta. Ovos mexidos, pão e algumas outras coisas que não me dei o trabalho de reparar por conta do sono. Apesar de adorar acordar cedo, meu cérebro leva pelo menos uns 20 minutos para iniciar completamente, ao contrário da ruiva.

- Eu sei que você disse que não toma café da manhã, mas resolvi fazer mesmo assim. É de boas-vindas. Fiz ovos mexidos, mas acho que exagerei na pimenta. Tem croissant, esse biscoito que você disse uma vez que estava querendo experimentar. Shiu, não é pra reclamar, comprei vários. Pão, geleia e essas frutas. Não sabia exatamente o que fazer, então optei pelo simples. - Fala tudo de uma vez e da um sorrisinho fofo ao terminar. Tenho quase certeza que ela está com vergonha. - Ah, também não sei nada sobre café, eu costumo tomar fora, então se estiver ruim, eu sinto muito. - Concordo lentamente com a cabeça, não dando muita importância para isso.

- Obrigada Cass, de verdade. Não precisava se dar o trabalho. - Aprecio de verdade o gesto, essa mulher é muito mais amavel pessoalmente. - Preciso apenas mandar uma mensagem para o Pedro, avisando que correu tudo bem, acabei esquecendo de fazer isso ontem a noite.

Volto para o quarto após uma concordancia silenciosa de Cassandra, pego o celular em cima da cômoda e mando a mensagem para o adolescente irresponsavel que provavelmente estava acordado uma hora dessa.

"Bom dia pirralho, cheguei ontem e nem peguei no celular. Estou bem e a viagem foi super tranquila. Eu e a Cassandra não nos matamos, ainda, então está tudo bem tranquilo. Vi pouco da cidade, mas aqui é lindo, e bem frio. Não esquece de trazer muitos casacos. Beijos."

- Pedro já sabe que virá passar as férias aqui? - Pergunta quando volto para a cozinha. Sorrio com a lembrança recente dos olhinhos de meu irmão brilhando ao ver a passagem.

- Sim... infelizmente, começamos um papo meloso no aeroporto e não consegui manter a surpresa, entreguei a passagem a ele, antes de embarcar. - Passei um pouco de geleia no pão, mesmo que a combinação não me agradasse tanto, e me servi um pouco de café. Vai ser um sabor exótico.

- Consigo ver os olhos dele brilhando. - Cassandra comenta com um meio sorriso, que morre ao beber um pouco do café. - Mio Dio. - Murmurou desgostosa.

Seguro a risada de sua careta de desaprovação e degusto o café em uma bicada, com receio de estar realmente ruim, sinto o sabor forte invadir minhas papilas gustativas, ironicamente do jeito que eu gosto, forte e sem açúcar.

- Você vai achar que estou brincando, mas está exatamente do jeito que eu gosto. - Cassandra torceu o nariz, em um julgamento silencioso.

Terminamos de comer sem muita conversa, Cassandra não era do tipo muito comunicativa durante as refeições, apesar de falar bastante, preferia comer em silêncio e com calma, eu sei que irei odiar isso mais para frente, mas agora, enquanto meu cérebro está sendo despertado lentamente pela cafeína, eu agradeci por seu silêncio.

- Você tem uma boa mão para cozinhar. - Murmuro começando a lavar as louças que ela me deu, e pude notar o sorrisinho discreto em seus lábios.

- Tenho a mão boa? - Pergunta sem disfarçar o tom zombeteiro de sua voz e muito menos a malícia.

Semicerro os olhos ao finalmente entender o que ela estava insinuando.

- Pelo amor de Deus, Cassandra. - Repreendo e coloco a mão na testa abaixando a cabeça. - Esqueci que você tem mentalidade de quinta série. - Ela gargalha.

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