17 - Negócio

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Acordo me sentindo pior do que ontem, com a boca seca parecendo que bebi a noite inteira e com o corpo ainda mais destruído. Meu celular vibra na cômoda, levo uma eternidade para conseguir esticar meu braço até ele, mas eu chego lá.

- Fala Julian. - Solto um gemido de dor ao me acomodar na cama.

- Ouvi dizer que Elijah está morto. - Anuncia descrente.

- Ah, sim, eu dei uma facada nele ontem. Talvez, duas ou três... acho que mais até. - Murmuro realmente tentando me lembrar de quantas foram, não faço ideia na real.

- Você? - A surpresa em sua voz me deixa ofendida.

- E por que não? Tá insinuando que não sou capaz? - Elevo o tom de voz. Como assim, que audácia.

- Não, Cassandra, não é isso. - Se defende rápido e o ouço rir. - Não achei que você mataria um rival que veio tentar um negócio.

- Ah sim, esqueci de avisar, o "negócio" que eles queriam, era me matar. - Faço aspas com a mão e reviro os olhos. - Me fizeram uma emboscada, quando estava saindo da empresa ontem, depois deles terem me tirado de casa durante a noite. Três contra uma, eu quase morri, estou destruída, uma possível costela quebrada, mas feliz que ele tenha morrido. - A minha felicidade é genuína, menos um carrasco para ter que lidar.

- Caralho, ingleses safados. Pareciam realmente dispostos a um acordo. Não seria a primeira vez que trabalhamos uma trégua.

- É, seria vantajoso trabalharmos juntos de novo. - Apoio o rosto nas mãos e suspiro. - A cocaína deles é a melhor que já vendi, os lucros em todos os lugares sempre são extremamente altos. - Diminuo ainda mais o tom de voz, não sei se Bianca ainda está em casa.

- Falando nisso... - Dá uma pausa e ouço o barulho das folhas, passando de um lado pro outro.

Lá vem.

- Temos seis estabelecimentos pedindo reposição de cocaína, dois não fizeram exigências, os que vendem qualquer porcaria. Então não vai ser tão trabalhoso. - Ele vira mais uma página. - Os outros quatro colocaram em letras miúdas, pedidos com medo da sua reação. - Ele ri. Sempre o mesmo temor ao exigir algo de mim. - A mercadoria dos ingleses ou do seu amigo, Noah.

- No momento terão que se contentar com a mercadoria do Noah. Assim que me sentir melhor entro com contato com Brandon, ele vai me dever uns favores por causa da gracinha de ontem. Posso exigir um ou dois carregamentos extras. - Pondero a ideia por um instante, até que essa surra não sairá de graça.

- É uma boa. Vai fazer o pedido habitual e mais duas cargas?

- Exatamente. E advinha, de graça. Metade do preço, dependendo do meu humor. Eles não estavam pra brincadeira ontem, a coisa foi feia. - Nem tem uma parte do meu corpo que não esteja dolorida e com um amatoma, isso não vai ser pago apenas com a baixa de Elijah.

- Não vai ser fácil negociar com você. - Julian ri e eu concordo, não vai mesmo.

- Não vou pegar leve com eles. Quando fizer as entregas avise que resolverei com Brandon assim que possível.

- Pode deixar chefinha.

- Mais alguma coisa?

- Nada que precise da sua atenção. Vou reabastecer os bares, acompanhar o pagamento das meninas e receber a sua parte no lucro.

- Dia agitado em garoto. Vou ficar em casa hoje, devo aparecer na empresa amanhã pela tarde. Não quero ser incomodada ao menos que seja uma emergência.

- Quando a chefe resolve dar uma de imortal e sair no braço com três marmanjos a minha carga fica mais pesada. - Zomba me fazendo rir brevemente. - Vou passar o recado pra frente. Qualquer coisa é só ligar.

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