Epílogo

2K 109 1
                                    

Mônaco - Fevereiro de 2019

- Sarah? - falei olhando no espelho - É a Maya.

-Onde você se meteu? - fechei os olhos com o celular na orelha ainda - Preciso de você!!

Estava no pior encontro da minha vida e para completar Sarah não me atendia de jeito nenhum.

-Preciso que me ligue fingindo uma emergência. -Desliguei o telefone frustrada do lado de fora do banheiro feminino de um corredor escuro que havia nos fundos do restaurante caro que me fez desperdiçar meu vestido novo. - Me liga de volta, por favor.

- Se além de chato, ele também não for um idiota, ele vai saber.- Uma voz firme atrás de mim me surpreendeu. - É um dos foras mais antigos... a ligação de emergência.

Quando virei dei de cara com um homem enorme encostado na parede. Seus olhos estavam apontados para baixo, conferindo uma mensagem de texto no celular. Ele continuou sem olhar pra mim.

- Você escuta minha ligação, me dá opiniões não solicitadas... - os dedos dele pararam no meio da mensagem.

O dono da voz se afastou da parede e ficou em pé, a pouca luz que tinha no corredor refletiu sobre ele iluminando seu rosto. E eu consegui olhar pra ele com clareza notando os cabelos castanhos e os olhos verdes, ele vestia uma calça jeans e uma camiseta bem despojada. Olhei novamente para o seu rosto e notei que ele me encarava

-Tente aproveitar o resto da noite, linda. - ele me olhou e saiu andando - Tenho certeza que seu encontro promete.

Voltei para a mesa do meu encontro fracasado e enquanto eu olhava para o celular desejando desesperadamente que tocasse.

- Maya??  - ouvi a voz do homem do banheiro caminhando na direção da mesa que eu estava - É você?

- Quanto tempo! - Ele passou a mão no peito. - Sou eu, Charles.

Antes que eu entendesse o que estava acontecendo, o homem que aparentemente se chamava Charles se inclinou e me puxou para um abraço de urso e sussurrou no meu ouvido.

- Entra na onda. Vamos deixar sua noite mais animada, linda. - Pasma eu só pude olhar quando ele voltou sua atenção para Felipe e estendeu a mão.

- Sou Charles Leclerc. - ele sorriu - Maya e eu nos conhecemos há muito tempo.

- Felipe- Meu acompanhante cumprimentou.

- Felipe, você se importa se nos juntarmos? - Charles não parava de sorrir - Faz muitos anos que não vejo a Maya
Adoraria matar as saudades. Você não se importa, não é?

Apesar de ter perguntado, Charles definitivamente, não esperou pela resposta e em vez disso, puxou uma cadeira para sua acompanhante e a apresentou

-Esta é a Vanessa - ele apontou para a mulher ao seu lado.

- E como vocês dois se conheceram? -Felipe perguntou e eu sorri sem mostrar os dentes.

- Vou deixar que ele conte sobre como nos conhecemos. Na verdade, é uma história bem engraçada e ele adora ser engraçado. - falei olhando para Charles.

Charles não se intimidou e não levou mais de alguns segundos para inventar uma história.

- Maya era a garota mais linda da escola e todos os garotos eram loucos para chamar ela para sair - ele sorriu para mim e eu franzina testa - No dia que ela aceitou sair comigo a levei para uma festa que pela idade dela não podia e tivemos que correr da polícia.

- Mas Maya é bem desengonçada e no meio da correria se soltou da minha mão e caiu no chão quebrando o pé - Charles e todos da mesa riam - Nosso encontro terminou no hospital com o pai dela me dando uma bronca.

- Quanto tempo vocês ficaram juntos? - Felipe perguntou .

- Foi pouco. Nos separamos logo após aquele outro incidente. - sorri maliciosa para Charles e ele arqueou a sobrancelha. - Talvez não seja bom entrar em detalhes.

O resto da noite foi praticamente assim, Charles contou mentiras elaboradas sobre nossa adolescência, sem medo de se envergonhar no processo, e continuou divertindo todo mundo. Acrescentei alguns detalhes quando não estava muito chocada com as porcarias que ele inventava.

Fora do restaurante o meu carro foi o primeiro a chegar e eu não sabia muito bem como me despedir de Charles.

- Belo carro, Maya - Charles sorriu. -
Melhor que aquele pedaço de lixo que você dirigia na época, hein?

- Acho que sim. - Eu ri.

Charles deu um passo à frente, me puxando para um abraço. enrolou meu cabelo na mão algumas vezes e segurou, usando para puxar minha cabeça para trás. Seus olhos encararam meus lábios quando olhei para ele e, por um breve segundo, pensei que ele poderia me beijar.

- Vejo você na reunião de exs alunos ano que vem? - ele se inclinou e beijou minha testa.

- Hum... com certeza. -Assenti, quase sem equilíbrio.

Entrei no carro sentido como se alguém estivesse me olhando, ergui o olhar enquanto colocava o cinto de segurança e Charles me observava com atenção. Era como se ele quisesse dizer algo, mas, depois de uns instantes, seria estranho ficar sentada ali esperando. Respirei fundo e fui embora com um último aceno, questionando por que eu sentia como se deixasse algo importante.

NO REGRETSOnde histórias criam vida. Descubra agora