Abelhinha

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ATENÇÃO

*Essa obra é de cunho totalmente fictício, mas é importante ressaltar que esse capítulo tem cenas de abuso e violência física e sexual contra uma menina menor de idade. Não indico para pessoas mais sensíveis*

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Aos 8 anos...

Eu e minha mãe moramos em duas peças no fundo da enorme casa dos seus patrões. Duas pecinhas esquecidas, de um quarto e um banheiro minúsculo. 

 Arruma tuas coisas  minha mãe fala, entrando em casa, enquanto termino de pintar o desenho que estava fazendo  Vamos embora — dá de ombros.

— Vamos onde? — pergunto, largando o lápis azul e olhando a mulher que segurava uma garrafa de água nas mãos. 

Mas, eu sabia que o conteúdo nela não era esse. 

— Só arruma tuas coisas e não enche meu saco, Bianca — diz, ríspida e sai do cômodo. 

Faço o que ela manda e coloco as poucas roupas que tenho na mochila, meu notebook e dois livros. Percorro com os olhos os desenhos que grudei na parede e uma sensação de melancolia se apodera de mim. Aqui, pelo menos, temos duas refeições no dia e eu posso tomar banho de piscina com Scoot. Lembro dele e corro em direção ao seu quarto, bato na porta e espero. 

Ele é 4 anos mais velho que eu, sendo o filho mais velho dos patrões ou ex patrões da minha mãe. Nesses dois anos que trabalhamos aqui, Scoot foi meu único amigo, sempre se importando se eu tinha comido ou se tinha roupas para usar no inverno. Praticamente todos os blusões que tenho vieram dele, assim como me deu seu note velho. Scoot faz aula de computação desde pequeno, então me ensinou a mexer e programar. 

— Oi — fala assim que me vê, coçando os olhos, acho que estava dormindo.

Oi — respondo, tímida — Só queria te dar tchau — me olha surpreso.

Ué, vai onde? — pergunta, agora me olhando com uma expressão curiosa.

 Na verdade eu não sei. Acho que vamos morar com o novo namorado da minha mãe — dou de ombros, cabisbaixa. 

— Não — diz Scoot, como se estivesse confuso — Não, Bianca — escutamos a voz de minha mãe me chamando no andar de baixo. 

Meus olhos ardem, porque não queria ir embora, mas também não tenho escolha. 

Não esquece de mim —dou um abraço rápido nele, o pegando de surpresa. 

Desço as escadas correndo e encontro minha mãe. Olho uma última vez em direção a Scoot, que agora está parado na ponta da escada e meu coração fica pequenininho, pois vou sentir muita saudade dele. 

No meu aniversário passado, eu estava triste, pois mais uma vez minha mãe não tinha lembrado ou não deu bola para a data. Então estava terminando de limpar o banheiro, quando o vejo cutucando meus ombros. Quando me viro, ele está com um sorriso travesso nos lábios, com as mãos para trás e me pede para fechar os olhos. Obedeço e sinto ele colocar uma caixa em meus braços. Devo ter feito a expressão mais engraçada do mundo, pois ele dava gargalhadas. Abro o presente e vejo um tênis novinho e eu nunca tive um tênis novo na vida. Lágrimas se formam e não contenho um sorriso de animação. Agradeci ele por meses. 

Criminous Paradise | TOM E BILL KAULITZOnde histórias criam vida. Descubra agora