O Encontro

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Os Kaulitz estão agitados, ela não atende as suas ligações nem responde suas mensagens. A forma como a noite terminou os deixou agoniados, seus pensamentos sempre acabavam na mesma pergunta: será que vamos perdê-la? Não queriam que visse sua outra face, mas vê-la escondendo coisas deles, por mais que soubessem o que era, os sucumbia a insanidade. Por que ela não podia confiar neles? Por que eles tinham que ter se envolvido com ela dessa forma?

Sabiam que tinham ido longe demais e vê-la naquele estado, chorando, dizendo que aguentaria suas selvagerias e violências por eles, os espedaçaram por dentro. Como ela ainda conseguia pensar neles depois do que fizeram? Não não não, ela não deveria fazer isso, eles não são boas pessoas. Tudo seria tão mais fácil se fosse apenas pelo sexo, mas não era e eles sabiam disso. Não conseguiam mais fugir ou desviar do que sentiam. Por que ela não foi como todas as outras? A todo momento eles lembram do seu olhar, que  trazia toda a dor que sentia, a forma como se desviou dos seus toques, como estremeceu quando eles chegaram perto, o medo em seus olhos... por que não pararam quando ela exprimiu tudo isso? Porque dor é a única coisa que eles sabem retribuir e a única sensação e sentimento que os causa ebulição e os faz reagir instantaneamente, sem pensar ou refletir. Se sentiam como monstros, cruéis e sádicos monstros. Como os monstros que foram criados para ser. 

Um telefonema os desperta da sua aflição, Marcelo do máfia dos Nachos aceitou o encontro. Hoje saberiam qual seu real interesse na garota por quem estão obcecados. A adrenalina já conhecida por eles começa a alvoroçar internamente. Encaravam essa situação toda como um jogo macabro e doentio, ansiando pela vitória. Por mais colossal que fossem com ela, não iriam permitir que outros a machucassem, esse direito era exclusivo deles. Nem que para isso mais sangue tivesse que ser derramado.

Chegaram no endereço marcado, a noite estava sepulcral, não se ouvia nada além do piar dos animais noturnos. A iluminação estava fraca, deixando o ambiente com aspecto mais sombrio que o natural. Dois carros se aproximam e uma porta se abre, revelando seu alvo. Sem pensar, eles descem de seu carro também e caminham pesadamente até parar em frente ao seu rival. Se encaram durante longos segundos, tornando a atmosfera mais pesada, como se o mínimo suspiro fosse capaz de iniciar uma guerra. 

Então — Marcelo é o primeiro a falar — A que devo a honra — sua voz sai ríspida na última palavra, com um desprezo evidente em estar ali. 

Queremos que deixe ela em paz — Tom é o primeiro a falar, estreitando o olhar diretamente para o homem a sua frente, com uma risada macabra escapando pelos lábios dele.

— E por que eu faria isso? — Marcelo pergunta com tom de desdém. Tom sente seu corpo todo ficando tenso, precisando se controlar para não desferir um soco bem no meio do olhar presunçoso de Marcelo. 

Bill encara a situação com puro ódio, estava a menos de um metro do homem que perseguiu sua namorada e a ameaçou. Ele sabia que isso tinha acontecido sem ela precisar falar. Suas mãos tentavam mover-se no automático para rasgar a garganta dele e deixar  como aviso para todas as outras facções que qualquer um que continuasse atrás dela, morreria. Mas não podia fazer isso, não agora. Na lei da máfia tinham que tentar negociar, caso contrário, perderiam o prestigio. Taylor, seu motorista, se aproxima dele e lhe entrega um envelope, ele abre e confere o conteúdo, assentindo. 

— Porque temos uma coisa que te interessa mais do que ela — Bill fala, arqueando a cabeça um pouco para o lado — Estamos tentando isso de uma forma amigável, sem precisar iniciar uma guerra entre famílias — sua mandíbula trava, pois normalmente não é tão passivo assim. 

Marcelo trava seu maxilar e suas narinas inflam. Ele faz sinal positivo com a cabeça e Bill se aproxima e entrega o envelope. Se encaram por segundos infinitos, até Marcelo dar passos para trás e Bill permanecer no mesmo lugar. Ele estava movido pela loucura e excitação que confrontos como esse lhe traziam. Tom fala seu nome de forma baixa, fazendo-o recuar também alguns passos, até se parar ao seu lado. 

Criminous Paradise | TOM E BILL KAULITZOnde histórias criam vida. Descubra agora