Halloween 🔞

988 59 10
                                    

A noite do diabo, tão aguardada e esperada, terminou em tragédia e foi banida oficialmente da universidade. Mais tarde, naquela mesma noite, parei no hospital e tive meu ombro costurado, um olho roxo e hematomas pelo corpo. Não consigo me lembrar o que aconteceu depois que ele me acertou no rosto, mas fecho os olhos e alguns flashs aparecem, me deixando zonza. Depois que acordei, os gêmeos e Taylor me interrogaram, o que é engraçado, pois parece que estavam me treinando para dizer o mesmo a polícia, que me visitou em meu quarto, poucas horas depois. Mas, o interrogatório da polícia foi muito mais exaustivo, me perguntavam a mesma coisa várias vezes de diferentes formas, e no final, contaram que Júlia já estava morta na hora que recebi a ligação.

Ela foi drogada, mas antes foi estuprada e espancada, tinha lacerações internas, teve seu braço quebrado e seu lábio inferior estava rasgado por dentro. Quem fez isso é um psicopata de primeira, daqueles que vemos em séries e não acreditamos que existe na vida real, mas infelizmente, existem.

Georgia disse que Kensy falou que um homem de barba pediu para ela me ligar, que ele passou meu telefone, então ligou uma coisa na outra. Nick sabia que se um aluno me chamasse pedindo ajudaria, eu viria. Ele sabia que Júlia trabalhava comigo, sabia que nós tínhamos uma boa relação e ela confiava em mim, ele sabia que eu viria se ela me chamasse. Mas, ela não fez, então ele precisou drogar Kensy e persuadi-la.

A universidade decretou luto e suspendeu as aulas e atividades até as investigações terminarem. Ao final do inquérito, a polícia fez uma declaração pública dizendo não saber a motivação do assassinato e que provavelmente é obra de alguma seita, por conta do padrão de cortes. "Andem juntos" disse o chefe de polícia, "Se virem alguma coisa suspeita, esse é o telefone [...]". Eu e Georgia nos olhamos e a culpa ficou estampada em nossos rostos, nós sabemos que não foi nenhuma seita ou serial killer, nós sabemos quem mandou fazer isso e porquê. Não consegui ficar até o final do pronunciamento da polícia, minha vontade era gritar e contar para todos que o culpado disso tudo era aquele ser desprezível do Nick e acabar com esse pesadelo, mas ao invés disso, apenas menti um desconforto e sai a passos largos para a minha sala. Quando tranquei a porta, deitei no pequeno sofá e deixei às lágrimas finalmente saírem dos meus olhos e todos os sentimentos que sobrepujei nesses dias que seguiram depois da morte de Júlia, vieram a tona. Puxei os joelhos e os pressionei no peito, sentindo a fisgada em meu ombro ainda não recuperado. Mas, a dor só me lembra a todo momento, que ela morreu por minha culpa, que a doce Júlia não está mais aqui porque eu era o alvo. Eu deveria ter morrido, não ela. A dor e a culpa estão me corroendo por dentro.

Durante o velório, não consigo encarar os pais dela. Não consigo imaginar perder um filho dessa forma, eu não consigo imaginar perder Henry e Morgan, muito menos da forma que Júlia foi morta. Tenho certeza que sucumbiria a loucura. As palavras do padre são proferidas e parece que elas me atingem como bala, "foi tirada muito jovem de todos nós" sinto minhas mãos suarem, "tinha muito o que viver ainda" o ar falta ao meu redor, "Uma menina doce e amada por todos" não consigo respirar. Não escuto mais nada do que o padre diz, só sinto meu coração bater enlouquecidamente. O choro agudo ao meu lado, me fez voltar a realidade e ver que já estão depositando terra em cima do caixão. Fico observando enquanto a terra preta cobre o caixão de mogno com detalhes dourados, custeado pela universidade, o punhado bate e se espalha e outro é jogado em seguida, até não conseguir mais ver nada. Agora, definitivamente, nos despedimos de Júlia. Me levanto com Morgan no colo, pego na mão de Henry e começamos a caminhar para o carro. Ainda entorpecida com minha quase crise de pânico, com meu salto agulha afundando na terra do cemitério, apenas caminho devagar, sentindo o peso de tudo o que aconteceu. Eu não enfiei a faca nela, mas sinto como se fosse. O sangue dela também está em minhas mãos, nas mãos de todos nós. "Sra. Reden" paro meu caminhar e olho para trás, vendo os pais de Júlia virem em minha direção. Prendo a respiração.

Criminous Paradise | TOM E BILL KAULITZOnde histórias criam vida. Descubra agora