Louder Than Love

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"Queridos Tom e Bill

Desde que tive aquele sonho com vocês, o buraco em meu peito me engoliu. Saber que nunca mais me chamarão de amor, tocarão meu rosto e todas as outras coisas que sempre fazemos, acabou comigo. Eu queria acabar com minha vida! Estava prestes a fazer isso. Já tinha tudo planejado, há muito tempo. Tomaria os remédios para a pressão e para dormir em demasia, já que os frascos estão cheios e parei de tomá-los assim que tive o aborto. Parece crueldade dizer assim, com tanta frieza, mas o que sou agora além de sangue e cinzas? Quem sou agora sem a parte que fazia de mim um ser humano? Escrevi uma carta de desculpas para as crianças.

"Meus filhos lindos e amados,

Vocês foram o maior presente que os deuses me deram. Agora, são muito novos para compreender o que fiz, mas não me odeiem. Não fiquem com raiva por eu não estar mais aqui. Fiz o que acreditava ser melhor para mim no momento e não foi apenas porque perdemos os pais de vocês. Eu os amava com todo meu coração, mas já estava sucumbindo muito antes disso acontecer. Um dia, peçam para seus avós contarem a parte resumida da minha história. Não fiquem tristes! Eu estou bem e vocês nunca tiveram culpa de nada. Aguentei o quanto consegui e tudo por vocês! Tudo já está bem e vocês serão muito felizes. Sejam sempre gentis, educados e amorosos. Estudem! Se divirtam! Sorriam e aproveitem todos os dias de sol e chuva! Sejam sempre essas crianças maravilhosas que são e nunca, jamais esqueçam o quanto eu amo vocês. Amo vocês até depois do fim! Estarei sempre presente em todos os momentos!

Vocês foram a parte mais feliz de toda a minha existência! 

Me desculpem.

Obrigada! 

Me desculpem.

Obrigada! 

Amo vocês para sempre! 
Mamãe."

Coloquei os frascos de remédio na cabeceira, a carta apoiada e um copo d'água. Fiquei horas apenas observando minha caligrafia torta nos dizeres "Para Henry e Morgan". As lágrimas saíram dos meus olhos e perfuraram minha blusa. Na verdade, eu não queria fazer aquilo, mas precisava. Não queria deixar meus filhos, mas sentia que já os tinha abandonado. Todas vezes que pensava em desistir, em rasgar a carta e tocar os remédios no lixo, a água me afogava até eu quase perder a consciência. A dor expandiu, até me fazer encolher no lago. Gritos de desespero começaram a ser dados e eu só conseguia chorar. "Por favor me leve, por favor me mate, por favor por favor por favor..." repetia isso insistentemente em minha mente. 

Os gritos ficaram ainda mais altos.

B...

Mas eu continuava olhando para o vazio. Alguém parou na minha frente. 

BIANCA... 

Eu não via, não escutava. Pelos céus, estava sendo consumida pela dor. 

BIANCAAAAAAAA...

Alguém me chacoalha, mas meu olhar continua estático. Então começo a escutar, como um sussurro. 

"Henry..."

Sou puxada para mais fundo no lago.

"Henry está..."

É o meu filho doce e amado. As amarras ficam mais fortes em meus braços e pernas. Os gritos continuam, o nome de Henry é dito aos berros, mas sempre que tento ouvir, o véu tapa ainda mais meus sentidos. "Henry está...", "Pelo amor de deus, é teu filho..." 

Criminous Paradise | TOM E BILL KAULITZOnde histórias criam vida. Descubra agora