𝐀𝐭𝐥𝐚𝐧𝐭𝐢𝐬 𝐈𝐕

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AVISO: há cenas que podem provocar gatilhos! 

Por sua conta em risco! 

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Dentro da área da Química temos algo chamado Termoquímica, que estuda as reações químicas e fenômenos físicos que ocorrem a absorção ou liberação de energia em forma de calor. Associado à Bioquímica, essas reações podem ser aceleradas quando utilizamos um catalisador para que as partículas colidam e o processo seja mais rápido. Há vários fatores que alteram a velocidade dessas reações, como temperatura, luz, pressão e outras propriedades que afetaram o processo. Agora, sentada no banco de trás da viatura que me prendeu, sinto como se minhas reações químicas estivessem ocorrendo de forma muito lenta, quase nula. Tio Liam era meu catalisador! E agora ele não está mais aqui e sinto como se todos os fatores que me fazem querer lutar estivessem sendo retirados. 

As luzes da cidade dos anjos passam pelos meus olhos, mas estou entorpecida com tudo que aconteceu. Não sinto dor em meu corpo, não sinto os machucados e hematomas que certamente me colorem, só sinto... na verdade, não sei o que sinto agora. Puxo os braços para a frente, meus olhos se enchem de lágrimas novamente e começo a senti-las descendo por minhas bochechas. Fecho os olhos para tentar parar de chorar, mas não consigo. A imagem borrada do momento que o carro capota traz de volta a dor latejante. Não consigo entender como isso aconteceu, como estávamos conversando e simplesmente do nada aquilo acontece.

Logo que entrei na viatura as algemas foram tiradas, mas ainda sinto como se estivesse presa, como se minhas mãos estivessem atadas. Não era para isso ter acontecido, meu Deus, está tudo tão confuso.  

Tudo bem, Bianca? — viro o rosto e olho a mulher ao meu lado. 

Engulo em seco e meus lábios tremem por ter me dado conta somente agora de quem está ali. 

Liam está morto, Hetty. — dizer novamente essas palavras em voz alta de novo faz o buraco em meu peito rasgar e machucar. Meu peito aperta e ela passa seus braços pequenos em volta dos meus ombros. Meu choro e soluço esganiçado ecoa no veículo em movimento. 

Hetty, a agente que foi chefe do meu pai e conheci durante o período que morei com ele e Ellie em Vênus Cove, acaricia meu cabelo e repete que ficará tudo bem. Nunca vou esquecer o dia que a conheci, alguns dias depois de ter voltado de Los Angeles, quando soube que Bill tinha se acidentado de carro por ter ido atrás de mim. Sua presença é imponente, mesmo com seu um metro e meio de altura e os cabelos curtinhos, pouco abaixo das orelhas. 

Estávamos na cozinha quando chegou com outro agente. Lembro exatamente da minha cabeça ter girado por pensar que estavam ali por mim, para me levar presa. Mesmo sem ter ideia do porquê fariam aquilo. Mas na verdade, foram lá exclusivamente para conversar com meu pai sobre um caso. Ele me apresentou como sua filha, Henry como seu neto e conversamos durante alguns minutos. Conforme os meses foram passando, as visitas deles foram esporádicas, vez lá que outra. Sam, o agente que a acompanhava e amigo mais antigo do meu pai dentro dos fuzileiros navais, teve presença mais constante. Meu pai me treinava do jeito que conseguia, por conta da minha gravidez e ele o ajudou em algumas coisas, assim como Hetty, com o treinamento tático e algumas artimanhas. 

Estava tão presa ao que aconteceu minutos antes, que não percebi quem está nesse carro. 

Quando nos afastamos, suas mãos pequenas seguram meu rosto e um discreto sorriso se forma no seu. Ainda olhando para mim, ela diz ao agente que está no banco da frente, ao lado do que dirige. 

Vamos para a casa de barcos! — avisa Hetty, o que faz o homem se virar para nós. O reconheço de imediato. Afinal, ele me prendeu. 

Não temos tempo para isso! Temos que...

Criminous Paradise | TOM E BILL KAULITZOnde histórias criam vida. Descubra agora