De alguma forma...

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| TOM |

Ela sempre aguentou nossos rompantes e ciúmes, sempre ponderou nossos humores e sinceramente? Não sei como não terminou com nós antes. É como se uma criatura, uma besta tomasse conta e assumisse o comando. Antes dela, nunca me importei desse lado assumir o comando, em alguns momentos é necessário ser frio e calculista, vestir uma pele cruel e perversa. Nunca precisei cortejar ninguém ou me importar com sentimentos. Nunca, até conhecê-la! Bianca mexeu com toda a estrutura dominante na minha vida, de pouquinho em pouquinho, foi me conquistando sem nem se esforçar para fazer isso.

Lembro exatamente quando a vi chorando por mim, pela primeira vez. Bill e eu interpretamos errado uma situação e fomos tomado pela ira e quase a perdemos. Quando as lágrimas saíram dos seus grandes olhos, quando vi seu corpo pequeno tremendo, machucado, eu... eu me senti um monstro. Perto dela, com ela, fico suscetível, desarmado, eu fico exposto, como se todas as camadas que criei ao longos não existisse mais. Ver seus olhos tremendo, as feições em seu rosto marcando o impacto que daquela frase idiota que disse, aquilo acabou comigo. Vê-la triste, magoada, chorando faz com que uma faca gire em meu peito, tanto que fiquei sem reação quando saiu daquela sala.

Até agora estou tentando entender em qual momento pensei que falar aquela merda daria certo? Porra, se já não bastasse ela achar que a traímos, ainda agi igual um imbecil.

Engulo em seco e olho para Bill — Será que ela tem outra pessoa? — meu irmão desvia o olhar da nova casa dela e me encara.

Quero acreditar que não, mas aquele sorriso... — não consegue concluir a frase e nem precisa.

Vi o sorriso dela falando ao telefone, seus olhos brilharam e seus lábios se repuxaram tanto, que parecia que chegariam as orelhas. O sorriso que deu foi de tirar o fôlego, do jeito que fazia quando nos via chegando ou entravámos no mesmo ambiente que estava. A primeira vez que a vi sorrir, de um jeito tímido e sem jeito, foi na casa do Liam. Suas bochechas coraram, seus lábios arquearam-se para cima e olhou brevemente para baixo. A forma como ficou genuinamente envergonhada, me agitou. Mas, um dia quando estávamos observando sua rotina de longe, ela estava sentada na janela da sua casa e sorriu. Levantou o rosto, seus olhos ficaram finos e sua boca se abriu, de um jeito divertido e hipnotizante. Foi nesse momento, quando seu sorriso incrível apareceu, que meu coração palpitou e, por mais que tenha demorado para perceber, tive certeza que faria qualquer coisa por ela.

E se ela estiver com outra pessoa, o que faremos? Ou vamos aceitar? — Bill agora olha para a casa e um sorriso macabro se arqueia em sua boca.

— Ou ela é nossa ou ela é nossa, não tem outra opção!

Minha vontade é invadir esse lugar e levá-la para a casa dela, para a nossa casa com ela. — admito, o peito inflando de agonia — Será que ela ficou alguém, nesse tempo que ficou longe?

Se ela fez isso... — Bill aperta a mão, seu maxilar trava e os olhos cintilam. Já vi várias vezes essa expressão no rosto do meu irmão e sempre fico com pena de quem vai ser alvo da sua fúria. Mas, se Bianca se envolveu com outra pessoa, se permitiu que alguém encostasse nela, não vai ser só a raiva do Bill que vai enfrentar.

[...]

As crianças foram ficar com ela desde que voltou sei lá de onde, e durante os três primeiros dias, ficaram dentro daquela casa sem sair para nada. Naquela noite, enquanto a observávamos, conseguimos ver a animação dela quando chegaram. Estava no terraço, segurando uma xícara nas mãos e conversando com alguém, quando a porta se abre e ela dá um sorriso incrível, larga a xícara e corre até eles. Deu para escutar eles gritando "mamãe" com aquelas vozes de desenho animado que tem.

Criminous Paradise | TOM E BILL KAULITZOnde histórias criam vida. Descubra agora