𝐁𝐫𝐚𝐬𝐢𝐥 𝐏𝐚𝐫𝐭𝐞 𝐈

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Por que não posso ir junto? — Henry pergunta, com sua voz chorosa. 

Estou sentada na sua frente, explicando pela décima vez o motivo que não vou levá-los para o Brasil.

Docinho, já falamos sobre isso — toco seu rosto — Estou indo a trabalho, levo vocês em outro momento.

Mas eu quero ir agora, com você.

Henry — meu pai o chama. Ele e Ellie vão ficar com eles nesses dias que estarei viajando. Olho para ele, que me dá uma balançada de cabeça.

Eu sei, amorzinho, mas agora não tem como — ele faz beicinho e abaixa a cabeça — O que foi? Fala comigo — sinto que alguma coisa está errada.

— Eu quero ir com você — uma lágrima escorre em seu rosto e respiro fundo — Eu sou corajoso, posso te defender se alguém tentar te machucar — meus olhos começam a arder e preciso controlar minhas emoções para não chorar. Olho de novo para o meu pai, que também está surpreso com o que escutou.

Ninguém vai me machucar, amor — toco seu rosto e ele tira minha mão — Henry! —o chamo firme, pois estou chocada com o que fez. Ele nunca me respondeu ou a qualquer outra pessoa, nunca fez menção de ser violento, nem nada do tipo. Meu pai também chama sua atenção, mas ele apenas chora.

— Vão sim, vão machucar você de novo e te levar embora de mim — desce da cadeira e sai correndo escada acima.

Fico parado apenas pensando nas palavras dele. Eu sabia que as coisas que aconteceram tinham afetado ele, mas não imaginava a dimensão disso. Meu pai fala algumas coisas, mas nao consigo escutar. Subo as escadas e começo a escutar seu choro. Abro a porta devagar e o vejo deitado com o rosto enterrado no travesseiro. Me sento ao seu lado na cama e acaricio seu cabelo.

— Olha para mim — não se move — Filho, olha aqui para a mamãe — ele se vira, o pequeno rosto vermelho do choro—  Me desculpa, docinho, não quero que fique triste comigo, mas eu vou viajar a trabalho e nada, nada vai acontecer comigo — ele faz beicinho.

Vão machucar você — se senta na cama.

— Quem te disse isso? — pego na sua mãozinha — Ninguém vai me machucar, bom? — às lágrimas brotam em seus olhos — Me desculpa, amor — respiro fundo — Não quero que sinta medo, tudo bem.

Mentir é errado, mamãe — dou uma risada sem mostrar os dentes.

É por isso que estou falando a verdade, nada vai acontecer comigo. Confia em mim? — ele torce a boca, como se estivesse pensando.

— Promete? —  faço que sim e o abraço.

Aperto seu pequeno corpo contra o meu, tentando tirar todo o seu medo. Quando o segurei pela primeira vez prometi que não deixaria que nada acontecesse com ele. Que sempre faria de tudo para que fosse feliz e que nada faltaria para ele. Não pretendo descumprir isso, muito menos faltá-lo.

Criminous Paradise | TOM E BILL KAULITZOnde histórias criam vida. Descubra agora