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JASMINE FREIRE

Me afastei do espelho assim que a buzina soou do outro lado da porta anunciando que meu amigo, Frederico, já havia chegado para levar-nos até o ponto de ônibus. Nossa viajem iria durar muitas horas e três automóveis seria responsáveis por nossa chegada. Primeiro o ônibus, que nos deixaria bem distante de Carta-véu, o segundo seria um bem pequeno, e o terceiro o táxi. Eu sei que deveria ter ido na rodoviária principal de Carta-véu, mas isso iria demorar bem mais e eu não estava acostumada nenhum um pouco em ir para lá — só ia com extrema necessidade!.

O mais engraçado que eu estava bem mais distante em ir para uma cidade desconhecida e grande do que a pequena Carta-véu, que irônico!

A maioria das coisas que eu e Benjamin não iríamos levar e não usaríamos por um bom tempo, guardamos no sótão, no andar de cima. Mesmo querendo esconder, era nítido que Ben estava triste por conta dos animais. Não perguntei nada pois eu sabia que isso o irritaria — ou o deixaria mais sensível.

Cumprimentamos nosso amigo e pomos os cinto de segurança dando inicio a nossa longa viajem. Não sabia o que me esperava, mas estava confiante que tudo daria certo e que a família fosse ajudada de alguma forma, por mim... Envolvi os ombros de meu irmão com um braço permitindo que ele pusesse sua cabeça em meu ombro esquerdo.

— Ansiosa pela chegada? — questionou Fred depois de sairmos da estrada de terra e entramos na do asfalto.

— É, um pouco.

Mesmo que ele ficasse em silêncio, eu sabia que queria dizer, contar, alertar, muitas coisas. Mas deixou a quietude morar entre nós durante um tempo.

— Espero que goste de lá...

— Eu também — o vento vindo da janela a minha direita, foi responsável por sacudir às mechas do meu cabelo.

— Mas torço para que não queira morar eternamente lá.

Rimos juntos, neguei essa possibilidade. Mas pensei. E se eu o fizesse? Qual seria o problema?. Acho que seria bom para mim, novas terras. Porém, eu ainda preferiria uma casinha tranquiliza no meio do nada... Deixei meu olhar perder em meio a rapidez e paisagem do outro lado da janela, a picape esverdeada parecia grande demais. Mesmo que eu estivesse em total expectativa, uma parte de mim estava assustada e impactada. Deus havia mudado minha vida num estalar de dedos. No mesmo tempo em que eu me via cuidando dos meus animais, eu me lembrava que era apenas uma lembrança e que de fato eu estava dentro de um automóvel, tomando rumo a algo determinado a mim. Era incrível demais...

O cheiro de gasolina me fez franzir o nariz e olhar novamente para o ônibus, pessoas subiam e desciam e eu esperava a minha vez em meio de tantas pessoas, algumas, além de nós, se despediam de seus parentes ou amigos. Frederico ainda falava com Benjamin até pedir para que ele cuidasse de mim e finalmente me olhar, nos abraçamos e assim que nos afastamos pude olhar em seu rosto e sorrir. Ele transmitia totalmente a mensagem de casa.

— Vou sentir sua falta.

— Eu também vou sentir a sua, a de todos — mesmo que nos outros dias eu pude passar um tempo com eles, esse pareceu ter voado com um tempo e ser uma névoa branca todas às vezes que eu pensava sobre.

— Logo logo nos veremos.

— Logo logo...

Benjamin subiu em minha frente. Olhei pela última vez a Frederico e sorri, acenei e prossegui meu caminho sem medo algum em meu ser — isso era mais do que bom.

Com três horas de viagem já me senti um pouco cansada, tinha certeza que estava assim já que por um momento, vi algo se mover dentro de uma das mochilas de Benjamin. O olhei e ele estava sereno. Convicta de que era algo da minha mente, busquei o sono.

A Verdadeira Felicidade | Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora