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Patrick Vitello

Uma sensação ruim me fez olhar para o vidro do carro, em meio a tantos me encontrava. Meu pai estava do meu lado e minha prima e tio atrás. Nós quatro estávamos bem calados e não saiu muitas palavras de nós quatro. A presença de Arianna foi o combustível para que estragasse um pouco do nosso humor. De fato foi inconveniente, mas, acontece... A sensação ruim me correu mais uma vez, e assim olhei para a estrada, apertei meus dedos firmemente no volante. Quem eu menos queria vê andava pela calçada se misturando entre os outros. Mesmo que isso acontecesse eu o reconheci de longe... Voltei a dirigir com mais cautela, tentando desfocar meus pensamentos naquele que acabei vendo...

Assim que chegamos no grande edifício, somente eu e minha prima seguimos na frente. Os dois homens ficaram conversando com a secretária e logo não demoraram para nos acompanhar. Como chegaram tarde, tiveram de pegar o outro elevador.

Valentina tinha seus braços cruzados próximo ao corpo e olhar distante, ao contrário de mim, que tinha minhas mãos no bolso da calça e pose relaxada.

— Posso te fazer um pedido?

— O que seria? — questionei enquanto éramos levados pelo elevador.

— Que tome mais cuidado com quem se relaciona. Principalmente, com seus amigos....

— Seja direta — pedi, conhecia muito bem a forma em que ela queria ser.

— Bom. Quero que se distancie de Arianna.

— O que? Por que? — retirei meus óculos.

— Não preciso responder.

— Obviamente que sim, Valentina!

— Só fique longe dela, evite contato. Fará bem não só para você, mas para todos ao nosso redor.

— Você deve estar brincando com a minha cara... — resmunguei, apertando o vão entre meus olhos.

— Não estou.

Uma revolta cresceu em meu peito que me vi totalmente cego em palavras.

— Você e essa mania escrota de se meter onde não deve! Eu me relaciono com que eu quero!

— Não haja como uma criança mimada, por favor!

— Para de tentar controlar a minha vida ou atitude, Valentina!

— Eu não estou fazendo isso! Estou apenas...

— O problema será meu se eu acabar quebrando a cara ou não. Você não deve se envolver em nada, na vida de ninguém!

— Eu só ajo assim pelo bem estar de quem está ao meu redor! — protestou, enfurecida.

— Pois não adianta nada! Ouviu? N-a-d-a!

— Quando vê que eu estava certa e você o errado, estarei bem aqui, batendo palmas pela sua burrice!

As portas de metais foram abertas e ela saiu, contraí meu maxilar com meu coração batendo a mil em meu peito. Se Valentina pensava que mandava em mim, estava muito enganada!.

Permaneci por um grande período de tempo no escritório. Estava escuro e o rosto de cada um mostrava o cansaço. Folguei a gravata em meu pescoço dando um suspiro longo. Valentina estava na pequena área de alimentação que ficava do outro lado com meu pai. Otto estava com seus olhos vidrados no vidro que mostrava o quão a cidade estava iluminada.

— O que Ângelo deve estar pensando agora... O que aquela mente deve ter? — questionou, se afastando.

— Não sei... — respondi — Mas espero que seja coisas boas. Jasmine é, e, talvez, ela consiga...

A Verdadeira Felicidade | Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora