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JASMINE FREIRE

Assim que desci do carro, não demorei para chegar à varanda.

Por um longo tempo meus olhos ficaram fixados no umbral de madeira...

Eu havia tomado uma decisão que tornou algo que priorizei.

— Oi, estou aqui de novo... — suspirei. Me aproximei mais um pouco da porta. — Ângelo, eu amei vê suas fotos quando era apenas uma criança. Espero que ainda tenha o sonho de ser um astronauta... — respirei fundo. — Sinto muito, mas, não vou conseguir cumprir com o meu dever... Me perdoe, por favor — engoli em seco.

Sei que estava sendo algo fútil desistir bem no terceiro dia, mas, perante a tantos pensamentos e relatos. Eu cansei. Me afastei dando as costas em seguida, estava cansada de ficar como uma boba conversando com alguém que sequer falava algo.

Mesmo estando de manhã, estava escuro e mais frio do que o normal. Cruzei meus braços seguindo em direção a rua. Sei que decepcionaria Jesus, mas, essa missão não era minha... Redobrei minha atenção assim que prossegui meu caminho, o sentimento de estar sendo seguida e observada por alguém foi algo inevitável... Mesmo com medo prossegui meu caminho, não demoraria muito para voltar a mansão, o quanto mais cedo eu arrumasse as minhas coisas melhor seria.

O cheiro matinal misturado com terra molhada vinda da grama me fizeram prender mais ainda meus braços contra meu peito. Cinco pessoas saíam de um carro próximo ao fonte. Nora estava próximo deste, bem animada enquanto conversava. Notando minha presença, franziu o cenho, mas logo se recompôs. Ela me chamou com a mão e não demorou muito para que eu ficasse ao seu lado.

— Bom, queridos, essa daqui se chama Jasmine! — apertou sua mão em meu ombro.

Logo me foi apresentado que as três mulheres eram às velhas empregadas da casa, e o homem careca alto, o mordomo. Os cumprimentei e pude constatar que eram boas pessoas. Ficando apenas eu e Nora, ela não deixou nenhum minuto passar e perguntou.

— Voltou cedo, por quê?

— Nora... — minha respiração falhou por um instante. Me lembrei de tudo o que aconteceu e seguirei minha vontade de chorar. — Eu sinto muito, mas, eu estou desistindo...

A mulher trincou o maxilar me avaliando. Em todo o momento permaneci calada, esperando sua resposta.

— Querida, venha, vamos entrar — tocou-me — Conversaremos lá dentro, que é bem melhor...

— Nora, não...

— Por favor, Jasmine... — suplicou com a voz chorosa.

Assenti e seguimos em direção a casa. Cabisbaixa, não recusei o toque de Nora em meu ombro me guiando. Minha mente estava em um turbilhão, e os acontecimentos estavam sendo os grandes motivadores.

Sentadas um enfrente a outra na sala, abaixei minha cabeça novamente deixando mais lágrimas caírem.

— Desistir? — murmurou.

— É que... — suspirei — É muito difícil, o peso em meu peito só aumenta, Nora. Eu sinto falta da minha casa, de tudo... — me forcei a olhar em seus olhos — Não sei se conseguirei prosseguir, então... Seguindo pela lógica. Desistirei...

Suas mãos quentes se uniram a minha.

— Sei que é difícil, mas, querida. Você é a esperança dessa casa. Jasmine... Temos tanta expectativa em você... — funguei.

— Me perdoa, Nora. Está muito difícil. Eu me sinto uma louca!

— Eu e minha família somos considerados bem mais loucos. — apertei meus lábios, a água cristalina deslizava de seus olhos. — Por favor, não faça isso...

A Verdadeira Felicidade | Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora