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NORA VITELLO

Sobre a massa que estava sobre o material, inspirei o cheiro doce da torta deixando o mesmo se instalar em meu estômago. Pela primeira vez, depois de semanas, finalmente consegui achar o ponto certo!. Usando minha mão esquerda, peguei o garfo e perfurei a mesma sobre o alimento certificando-me se estava realmente, no ponto certo. Animada, bati as palmas de minha mão.

Passos soaram no cômodo me fazendo virar e um largo sorriso em meu rosto se formar. Meu esposo me admirava com um olhar caloroso.

- Pelo cheiro que senti, acho que alguém conseguiu alcançar o que tanto queria... - declarou, risonho. Aproximou-se de mim, deu-me um abraço e logo se afastou pondo suas mãos novamente no bolso de sua calça. Beijou minha bochecha e me parabenizou pela conquista, todo orgulhoso.

- Não foi nada... - comentei abaixando minha cabeça.

- A sua conquista é a mesma que a minha, Nora.

Encarei seus olhos azuis e intensos, mesmo que eu amasse observa-los por horas e horas. Era doloroso saber o quanto me recordavam os do meu filho mais velho, Ângelo...

O grito animado de três crianças foram o suficiente para nos interromper e fazer-me afastar do homem próximo a mim. Isabella, minha filha mais nova, encostou seu ombro no batente da porta esbanjando um sorriso amarelo em seus lábios. Os três pequeninos correram em minha direção abraçando-me fortemente. Fiquei admirada como meus netinhos evoluíram. Tinham chegado ainda naquela noite de agosto.

- Ah, como você cresceu Benício! - afirmei puxando-o para perto de mim.

O garoto de apenas onze anos tinha cabelos de cores às quais admiro pois, lembra-me de sua mãe. Às bochechas estavam rosadas combinando perfeitamente com seus olhos azuis. Ao sentir o toque suave da menininho de cabelos negros, me agachei para pegá-la em meus braços. Seu tamanho e risada destacaram sua fase dos quatro anos. Preenchi seu rostinho de beijos o apertando contra meu corpo...

A conversa logo começou a soar pelo cômodo, vindo de todos.

- Eu também quero um abraço! - exigiu Mariana. Seus pequenos braços estavam cruzados contra seu peitoral, seus lábios torciam no canto de sua boca e o pequeno vão em sua testa demonstrava o quão estava irritada. Antes mesmo que sua voz soasse mais alguma coisa, agachei novamente permitindo Oliver deslizar do meu corpo parando no chão. Entrelacei meus braços ao redor de Mari e sem esperar, os outros envolveram-me em um abraço forte.

- Vocês vão me sufocar desse jeito! - gargalhei.

Mariana e Benício eram filhos dos meu sobrinho, Patrick, já Oliver da minha filha mais velha.

- Estávamos com saudades vovó! - disse Benício enquanto se afastava de mim.

- Eu também! - afirmei dando um beijo em seu rosto.

A voz da adolescente ecoou convidando meus netinhos para tomar sorvete, eles se desgrudaram gritando de felicidade pelo alimento tão esperado. Ri me levantando enquanto se afastavam. Os três eram as próprias baterias de animação da casa. Sempre amei os fins de anos por sempre virem nos visitar.

Como baterias também acabam, as três já estavam deitadas sobre o colchão no meio da sala. Pela respiração e posições, não iriam despertar tão cedo. Me afastei e subi os extensos degraus da escada. Os murmúrios e conversas vindo do corredor a minha direita eram predominantes e baixos, mas mesmo sendo tão baixos, eu conseguia reconhecer a de cada um... Às pessoas que compõem minha família se divertiam e riam descontraídos. Valentina, minha filha do meio, tinha seus braços cruzados e feição fechada, ao contrário de sua irmã, quem continha um sorriso leve e estava ao seu lado próxima a parede - e as duas eram a cópia uma da outra, desde a pele pálida ao cabelo negro "como a noite". Muitas das vezes pessoas que não sabiam muito de nós, viam perguntar se Valentina era a mãe de Isabella, isso era muito engraçado.

A Verdadeira Felicidade | Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora