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PATRICK VITELLO

Ainda na lanchonete, tentei ao máximo focar minha atenção na conversa com o homem. Rio por dentro ao me recordar do quanto Jasmine, roubou minha atenção. Sua beleza era tão única e ofuscante que sinceramente, e se eu pudesse — a pediria em casamento no mesmo instante que a vi!

Mas, com certeza ela já devia ter um namorado e além do mais... Meu foco no momento já pertencia a dois seres pequeninos e estressados, mesmo não tendo tanta idade.

Voltei o mais rápido que pude para Percy, quis mandar mensagem para meus tios porém não achei tão conveniente já que estavam numa reunião. Estão velhos e os entendo... De vez em quando, dou uma passada na empresa mas não dou muita importância já que meus negócios se referem a outros temas. Mas pelo bem e querer colaborar para o desenvolvimento. Os ajudo me encontrando com alguns assessores ou ocupando seus lugares em reuniões quando não podem comparecer.

Com meus óculos por cima dos meus olhos, rodei minha visão no na piscina, a área desta era bem grande dando a possibilidade de almoçarmos e passar um tempo. A pequena academia destaca seu luxo, havia pouco tempo que tinha sido construída, mas mostrava ter tudo o que precisamos para ter um ótimo treino. Voltei a olhar o jornal em minhas mãos tentando ler as letras que aos poucos estavam se contorcendo no papel. Mas minha tentativa de terminar a leitura foi retirada graças ao toque da mão de minha prima em meu ombro. Valentina se sentou em uma das cadeiras de jardim, ficando próxima a mim.

— Ué, por quê não está na sala? — questionei tentando voltar meu foco para o folheto.

— Quis inspirar um pouco de ar aqui fora... E estava cansada de conversar tanto. — suspirou me fazendo olha-la.

— Então não estava com saudades de Marina.

— Seu babaca! — arremessou a pequena almofada contra mim me fazendo rir de sua atitude.

— Calma... — pedi.

— É claro que eu estava com saudades, só quis me afastar um pouco e além do mais, não queria te deixar só... — piscou.

Mesmo que tentasse disfarçar. Era nítido que ainda sentia a imensa falta do irmão. E como resultado, usa da minha companhia pra tentar ocupar o lugar daquele que carrega o mesmo sangue que ela.

— Sei — sorri de canto.

— Mas então. Como vai os negócios?

— Uau... — a olhei — A mais revoltada da família, perguntando sobre negócios?

Ela revirou os olhos deixando um riso baixo sair de seus lábios.

— Qual o problema? Só porque sou mulher não posso perguntar?

A encarei com desdém, ela ama me irritar e dizer algo sem sentido sendo que ela é a pulso firme nessa questão de trabalho e ajuda mais do que ninguém em alguns assuntos. 

— Ok, não pergunto mais nada... — gesticulou com a mão.

— Não vamos falar de trabalho

Me sentei ficando numa postura confortável.

— Então, como vai a vida amorosa?

— Mais parada que um caminhão em um trânsito.

— Ah não diga isso...

— É sério. — suspirou — E além do mais. Eu quero um homem que seja bom para mim, e um ótimo pai para meu filho. E se eu não achar, serei feliz do mesmo jeito.

— Olha ela, seguindo meus passos...

— Nada disso. Como pais também temos que ter a certeza do que é bom para nós, e para nossos pequenos...

— Sim. — sorrio ao me lembrar dos meus meninos. Benício e Mariana são meus maiores tesouros...

JASMINE FREIRE

A cena de Ben alimentando a ave me faz sorrir de forma involuntária, foi engraçado o momento em que tocou pela primeira vez no animal sem ser machucado por ele pois sua expressão de felicidade sondou seu rosto e foi como um troféu que Fred havia ganhado. Quando ele teve que ir, já era um pouco tarde, sendo assim, meu irmão voltou para casa pronto para tomar um banho, e eu, colocar meu cavalo no estábulo.

Passando pela porta, deixei um suspiro de alívio correr por meu nariz. O dia foi até fácil, com a ajuda de meu amigo. Com certeza se não estivesse vindo aqui eu ainda estaria cuidando dos animais. Com meus pés batendo contra o piso frio da casa, subi cada degrau escutando o barulho de água vindo do banheiro denunciando que meu irmão estava tomando seu banho.

Recolhi meu vestido de estampa, sandálias e toalha esperando meu menino sair. E assim que ele o fez fiquei surpresa ao vê que vestiu a roupa ainda no cômodo, ele sorriu para mim e deu alguns saltos indo em direção ao seu quarto. Passei pela porta já me preparando para limpar meu corpo e aliviar a tensão em meus ombros cansados.

Sentindo o perfume doce se espalhar em minha pele fixei minhas mãos no corrimão de madeira seguindo para a cozinha em seguida. O cheiro de pipoca fez meu estômago entrar em um colapso. Vendo meu irmão derramar as pequenas pipocas sobre o pote vermelho enquanto mastigava, me fez dar um sorriso. O refrigerante sobre a mesa de madeira ganhou meu olhar, e assim que meu irmão notou minha presença, pediu para que eu o levasse junto com os copos para a sala.

Já deitados sobre o sofá, Benjamin se aconchegou mais próximo a mim enquanto eu o cobria e a mim, com a manta feita por nós e Marina alguns anos atrás. O controle foi pego de minha mão e assim ele escolheu o que iríamos assistir. Levantei uma de minhas sobrancelhas quando vi que não foi posto em uma série, e sim um filme.

— Hoje é dia do cinema, esqueceu? — questionou me deixando surpresa, pelo visto notou a minha confusão. Assenti com a cabeça e logo o filme se iniciou, o nome Jumanji na tela tomou minha atenção e a do menino.

Minutos depois estávamos rindo das cenas, foi tão satisfatório escutar às risadas do meu pequeno que não me importei com as horas, o vê feliz preenchia meu peito.

Quando sua cabeça miúda deitada sobre meu corpo denunciou que caiu no sono, não perdi tempo e o enrolei com o lençol envolta do seu corpo. Com destreza e ajuda de Deus, consegui o levantar do sofá ainda em meus braços. Mesmo com uma idade considerável “madura” para um menino, ainda o pego em meus braços e levo para cama. Consegui desligar a televisão indo em seguida para às escadas que a cada passo dado por mim, sua madeira rangia. Segurando minha respiração consegui andar mais devagar e assim que entrei no quarto do meu pequenino a soltei. Antes de pô-lo por debaixo das cobertas, à puxei e quando o coloquei no colchão, Ben se movimentou facilitando meu puxão no tecido pesado. Como estava de bruços, aproveitei e dei um beijo em seu rosto.

— Durma bem meu amor... — desejei

Até o faria levantar para orar, mas, como seu estado de cansaço era bem visível, deixei passar daquela vez. Saí do quarto com cuidado para não bater a porta, segui para o meu e fechei o umbral com cuidado também.

Caminhei até minha penteadeira me sentando em seguida sobre o banquinho, catei o pequeno quadro o qual exibia a foto a qual meu irmão, Fred, Margarida e Marina estavam abraçados. Se eu fechasse os olhos por um instante, ainda podia sentir o momento. Peguei o outro que tinha a imagem de Ben bebê sobre a cama com um pijama azul e meias brancas, e eu no canto, olhando para seu rosto completamente boba. Aquele dia foi o qual meus pais o entregaram para nós. Depois deste, nunca mais ouvi, ou soube sobre eles...

Na verdade, quem foi o meu verdadeiro pai, amigo e companheiro foi Jesus Cristo. Desde pequena me fez entender questões e me ensinar diversos assuntos e como lidar com algumas pessoas e me comportar em algumas situações. Somente o seu amor era e é o suficiente para mim. E eu tinha certeza no meu coração, se caso, um dia eu tivesse de fazer algo que desejasse para que Seu nome fosse glorificado. Lá estaria eu, pronta para servir aquele que merece toda honra e glória.

Deixei os ítens onde estavam e peguei minha Bíblia antes de me deitar, mesmo cansada queria ler nem que fosse um pouquinho.

A Verdadeira Felicidade | Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora