A Verdadeira Felicidade | Livro I

6

OTTO VITELLO

Ser um bom empreendedor, um homem de negócios. Exigi bem mais do que estudos, horas escutando uma palestra. O maior deles e que deve estar no topo é; força de vontade. Isso mesmo. Sempre a tive em foco e lembrando a mim mesmo de fazer o meu dever. Amava minha profissão e tinha muito orgulho do que a minha família tinha construído e eu estava dando continuidade.

Meu trabalho era totalmente especializado em produzir aparelhos tecnológicos para melhorar a vida dos que habitavam não somente nessa cidade, mas também no exterior. Nova York, Europa, França e Itália foram um dos primeiros que graças a nossa dedicação conseguimos conquistar e progredir. No período que meu filho tinha o poder sobre o lugar, foi uma verdadeira hera de bonança, os negócios iam tão bem que ganhar em premiações e receber convites para jantares preenchiam não somente a sua agenda como a minha também. Os colaboradores sempre questionavam como consegui prepará-lo para chegar a tal posição de maneira tão fascinante. Bom, até hoje não consegui achar a resposta...

O prédio de sete andares exibia sua beleza e o quão estava novo. Combati meus pensamentos por um tempo atravessando o enorme saguão da recepção, às pequenas mesas e cadeiras de espera pareciam mais convidativas do que o normal — com certeza era a minha procrastinação querendo atrapalhar e até me impedir de prosseguir e me preparar a reunião que teria, e demoraria um tempo indeterminado para acabar.

Mais ao fundo, entre às paredes brancas, havia os dois elevadores, os dois levavam tanto para o subterrâneo — onde fica os materiais de emergência — quanto para os andares lá encima.

Dei bom dia para os funcionários próximos e assim adentrei o espaço de portas de metais. Enquanto era levado, foi inevitável não lembra-me de Ângelo. Apenas seu escritório ficou intacto, e uma das salas foram a escolhida para ser o meu. Mesmo perante tantas circunstâncias, acreditava que meu garoto ainda voltaria e tomaria o que tinha seu por direito. Estou ficando velho e, bom, suas estratégias sempre foram e são melhores que as minhas...

Obviamente eu tive alianças com pessoas de alta confiança, Ângelo protagonizou a escolha durante um bom tempo — eu tinha um certo temor nisso. Sempre tive. Aqueles que tinham maior poder podiam facilmente tirar uma parte da empresa, ou ela por completo das nossas mãos. E pela falta de força que eu tinha na minha idade, não a teria para defender...

Chegando no quarto andar, não me importei com a quantidade de jovens e o pequeno fluxo de pessoas. A idéia de meu filho em dar oportunidades para jovens que escolhem essa profissão foi uma dos métodos que fez nossa empresa evoluir mais do que nunca. Com cautela, consegui escutar murmúrios, um grupo de pessoas que trabalhavam a um determinado tempo estavam numa conversa paralela. Hesitei ao escutar o comentário de uma das funcionárias.

— Desculpem-me mas... Acho meio patético nossos patrões ainda acreditarem que, o tal Ângelo ainda voltará... — suspirou — Se eu fosse eles já teria mandado derrubar aquela casa a tempo!

Pigarreei passando próximo a eles, nem fiz questão de procurar quem havia comentado, não queria ter que enfrentar mais em uma discussão em plena manhã!. Se moveram de um lado para o outro, para finalmente iriam iniciar seus deveres.

Bebendo mais um pouco do meu café, o pus sobre a mesa abaixo de mim. O alívio de apenas saber que a reunião só seria feita com o término da chegada dos outros empresários e a do meu cunhado, Edgar, deixou-me um pouco leve. Minha cabeça estava a um ponto de estourar...

O perfume amadeirado de Edgar marcou presença assim que ele abriu a porta — suspirei sabendo que o tempo de tranquilidade meu estava já acabando —  apenas pela forma que se arruma ou o que usa, já me dá a oportunidade de reconhecê-lo de longe.