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Otto Vitello

Mastigando um pouco da comida, olhei por um instante às minha esposa. Ignorei as falas ao redor focando minha atenção em seu olhar perdido.

— Nora? — toquei em sua mão.

— Hum? — olhou-me — O que foi?

— Eu que te pergunto. Parece perdida, aconteceu alguma coisa? — seus olhos azulados finalmente focaram.

— Ah, não, nada... Nada de mais... — pigarreou — Só estou preocupada...

— Com o que?

— Jasmine não apareceu até agora...

— Mas, é normal, não é?

— Eu sei meu bem, mas, depois do que aconteceu hoje cedo, foi...

— Você não me disse nada... — a adverti.

— Você já terminou? — deu de ombros.

— É... — olhei para meu prato e a sobra no canto.

— Vamos no escritório... — pediu se levantando em seguida, fiz o mesmo e nos retiramos sem dizer nada.

Ao entrarmos, ela andou em direção a uma das cadeiras enfrente a mesa de madeira.

— Então Nora...

— Mais cedo ela voltou, me disse que iria desistir. Mas depois da conversa que tivemos e depois de me contar que iria pensar, a deixei. Depois disso, não a achei mais...

Me calei por um instante pensando no que foi falado.

— Será que fizemos algo errado para ela desistir tão rápido?

— Eu não sei... — bufei passando minha mão na nuca.

— Isso que dá Nora, envolver mais pessoas em algo que... — foi interrompido pela porta sendo batida, engoli em seco ao notar o que poderia acabar falando e machucando o coração daquela que surgiu.

Valentina nos informou que Isabella mandou nos chamar, nos entre-olhamos e fomos em direção ao nosso destino. Ao chegar, minha esposa entrou primeiro e virou a esquerda, fui em seguida e a vi se sentar próxima da garota. Isabella estava deitada de lado com sua cabeça sobre o grande travesseiro com a mão por debaixo do rosto. Me sentei nós pés da cama na mesma direção que minha mulher.

— Filha... — sussurrou tocando-a.

A menina tinha um olhar tão vago e distante que doía.

— Hum... — resmungou.

— Estamos aqui... — nos olhou — Você pediu para que viéssemos, e aqui estamos.

A garota deu um sorriso fraco, se ajeitou sobre às cobertas se sentando por debaixo delas.

— Sim... — sussurrou. — Eu já queria ter falado com vocês e, é melhor eu dizer logo — engoliu em seco — Eu quero mudar de escola.

Nos calamos por alguns segundos.

— Mas, por quê? — questionou sua mãe — Você gosta tanto da que está, sua notas são tão altas...

— Retirem minha matrícula de lá. Me coloquei para um colégio mais próximo de casa. — suspirou, chorosa. — Eu não aguento mais estar naquele lugar...

— O que vem acontecendo? — peguei em suas mãos.

— Desde o dia que Ângelo resolveu ir, sofro tanto...

Meu coração apertou ao entender a situação.

— Tudo bem. — fui rápido, Nora me olhou — Vou conversar com a diretoria. — Me levantei. — E vê se fica melhor... — pedi. A menina sorriu e encostou sua cabeça no peito da mãe.

A Verdadeira Felicidade | Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora