🎱 | L8.
12h44, segunda-feira.Fiquei o resto da manhã toda com o Henrique, ele tava animadão querendo ver mais do morro, já tinha arrastado ele pra todo canto e agora estava esperando ele se arrumar pra deixar ele no colégio.
Henrique: Tio, eu queria que você fosse meu pai. — Levantei o olhar pra ele, fiquei parado sem nenhuma reação.
L8: Mas tu tem o teu, que bagulho é esse? — Cheguei perto colocando a mão no ombro dele. — Teu pai é o Carlos, não fala besteira.
Henrique: É, mas pai é quem cria e ele não me criou.
L8: Quem tá falando essas paradas pra tu? — Olhei pra ele serinho.
Henrique: Um menino lá da escola disse que pai é quem cria, disse que o Carlos não tinha esse direito de ser chamado de pai.
L8: Presta atenção moleque. — Me abaixei na altura dele, que olhou pra mim. — Não liga pra essas paradas na escola não, o Carlos é teu pai ainda pô, ele tá cuidando de tu de onde ele tá, logo menos ele vai estar contigo e correr atrás do tempo que vocês passaram longes.
Henrique: Mas você que me criou, tio. — Insistiu nisso.
L8: Posso até ter cuidado de tu, Henrique, mas o Carlos não deixa de ser teu pai. Não quero tu falando mais isso, belê? — Ele balançou a cabeça. — Eu te amo e teu pai te ama mais ainda. — Ele ficou quieto mas abraçou meu pescoço, dando dois tapinhas nas minhas costas. — Bora pra tu não se atrasar pra escola.
Henrique: Eu já tô pronto. — Fiquei de pé e esperei ele pegar a mochila pra gente ir.
L8: Vai lá dar tchau pra tua vó. — Ele foi correndo, esperei ele voltar e fui de carro deixar ele na escola. — Se cuida ein, moleque.
Henrique: Aqui eu dou aulas. — Ele riu puxando a mochila do banco de trás.
L8: Tá cheio de marra né. — Dei um tapinha na cabeça dele. — Eu vou te buscar mais tarde e te deixar em casa, jaé?
Henrique: Beleza, tio. — Ele fez toque comigo e desceu do carro, indo pro lado de um molequinho.
- Esse que é teu pai? — Escutei o menor falar.
Henrique: Quase isso. — Neguei com a cabeça e perdi ele de vista no meio daquele monte de criança. Voltei pro morro com esse bagulho na mente.
Tá certo que desde que o Cacá foi preso eu que cuidei do Henrique, menorzinho tinha três anos e enquanto a Flávia morava com ele no morro eu criava o moleque como filho mesmo, mas nunca deixei de lembrar que o pai dele é o Carlos, jamais tiraria esse título dele.
Sei que meu mano tava correndo pelo certo, se entregou é tá cumprindo a pena pela família, ele faz de tudo pro moleque lá de dentro. Henrique sente falta de ter a presença dele, tô ligado nisso porque a Flávia vive deixando claro, mas hoje foi a primeira vez que ele falou esse tipo de coisa.
Carla: Mas ele tem que entender que o Carlos não é presente, mas não é por que ele não quer. — A coroa falou. Tinha falado pra ela assim que pisei o pé em casa.
L8: É mãe, mas vai explicar isso pro garoto que tem nove anos. — Passei a mão no rosto.
Carla: Teu irmão ficar sabendo disso vai ficar doido.
L8: Por isso a senhora vai deixar isso quieto. — Ela confirmou com a cabeça.
Carla: Mas não deixa de ser verdade filho, se pro Henrique falar uma coisa dessa é porque ele sentiu todo o amor que você teve com ele durante esses seis anos. Não desmerecendo o fato dele ser filho do Carlos, mas ele te vê como uma figura paterna, leva isso como uma coisa boa e importante.
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Um novo (re)começo
General FictionMaria Fernanda merecia uma segunda chance, um novo (re)começar, precisava por ela e por aqueles que amava. Seu caminho traçou por lugares escuros e difíceis, mas sua motivação por sair do fundo do poço não a deixou desistir.