43. Compromisso

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🐆 | Maria Fernanda.
21h57, quinta-feira.

Minha segunda-feira foi tão corrida que na minha folga na terça eu não fiz mais nada além de organizar minha casa, fiz as compras do mês e coloquei todas minhas coisas da faculdade em ordem.

Tirei um tempinho para visitar uma casa aqui no morro e fiquei apaixonada de cara, o preço do aluguel me agradou e vendendo ou alugando a minha casa eu conseguiria me manter lá com tranquilidade.

A mente chega transborda com o tanto de planos e pensamentos.

Ana Alice: Eu achei sua cara. - Alice olhava animada todas as fotos que eu tirei da casa.

Mafê: Muito linda não é? - Olhei novamente a fachada pela tela do celular, toda trabalhada em pedras, coisa simples porém linda.

Ana Alice: Mas ele disse quando você pode se mudar?

Mafê: Em duas semanas. - O dono da casa estava finalizando a obra e me deu o prazo de catorze dias para me entregar as chaves, o que eu achei o suficiente para organizar minha singela mudança e dar um destino à minha casa atual.

Ana Alice: Eu ainda tenho aquela prima interessada, posso ver se ela quer fechar ainda.

Mafê: Caraca, real. Vê pra mim isso.

Ana Alice: Até fim de semana eu te confirmo uma resposta dela. - Assenti guardando meus pertences na bolsa. - A Karina disse que já chegou. - Ela bloqueou o celular e me olhou já com a bolsa no ombro.

Saímos da sala após a chamada e descemos do nosso bloco até a entrada da Unigranrio. Não foi difícil achar a Braga, ela em si já chamava atenção, com aquele carro todo apagado então. - Oi, loirinha. - Esperei o beijo das duas e olhei rindo para a Braga.

Mafê: Ana Alice já está te explorando assim é? - Ela sorriu fazendo tsc. - Boa noite. - A cumprimentei beijando a sua bochecha.

Braga: Que nada, eu que vim dar essa moral pra vocês duas hoje. - Alice deu a volta pra entrar no carro e eu entrei no banco de trás.

Ana Alice: De carro é novidade. - Comentou olhando o interior do carro.

Braga: Bofe dela aí que emprestou. - Apontou pra mim pelo retrovisor. fingi que nem escutei. Ela saiu com o carro e fomos conversando até chegar em Vigário. - Tá entregue.

Ana Alice: Amanhã passo cedo aqui pra gente ir. - Falou comigo e eu assenti abrindo a porta do carro. - Beijos. - As duas me deixaram primeiro em casa e seguiram rumo morro a cima.

Mafê: Dona Leni. - Cumprimentei a vizinha da casa de baixo, um amor de pessoa.

Subi as escadas procurando a chave na bolsa. Abri a porta dando de cara com a silhueta masculina no meu sofá, acendi a luz na hora assustada. - Porra, que susto! - Espalmei a mão no peito, sentindo o disparo da frequência cardíaca. - Tá louco, Mateus?

Mateus: Não quis te assustar. - Levantou do sofá vindo até mim. - Foi mal aí.

Mafê: Não entra assim na minha casa, custava avisar que estaria aqui, merda? - Passei por ele, indo guardar minhas coisas no quarto.

Mateus: Eu vim pra gente conversar. - Veio atrás, acompanhando os meus passos.

Mafê: Sobre? - Não me dei o trabalho de encarar sua face. - Achei que você já tinha dito tudo na sexta. - Tirei o tênis indo até o meu guarda-roupa.

Mateus: Falei certas coisas de cabeça quente. - Ouvi ele respirar fundo. - Olha pra mim, Mafê, namoral.

Mafê: Beleza, Mateus. - Encarei ele, cruzando as mãos na frente do corpo. - Estou te ouvindo.

Mateus: Não quis ser grosso contigo.

Mafê: Eu também não fui muito simpática na nossa conversa. - Pontuei.

Ótimo. Os dois reconheceram que agiram errados um com o outro.

Mateus: Mafê, tu tá ligada no quanto eu me amarro em você, parada de...

Mafê: Nego, o que a gente teve foi há o quê? 12 anos atrás. Eu não quero te decepcionar, de verdade, mas o amor e carinho que eu sinto por você é e não passa de amizade. - Ele deu risada, a cara não negava a raiva.

Mateus: Amigo, porra? Fernanda, tu vivia dizendo que me amava, tá querendo foder com a minha cabeça?

Mafê: Eu sempre deixei claro que... - Busquei argumento, mas estava tonta com ele me pressionando dessa forma.

Caralho cara, Mateus nunca me cobrou compromisso. Que coisa era essa agora?

Mateus: Deixou claro que o quê? Que tava brincando comigo?

Mafê: Eu não estava. - Esfreguei o rosto sem paciência.

Mateus: Vai mentir assim mesmo, na minha cara?

Mafê: Mentir o que Mateus? Tu tá me cobrando uma parada nada haver aí, nós tivemos um namoro de adolescência, sou muito grata sim por tudo que você me fez, mas eu ter ficado esse tempo na sua casa não significa que nós iriamos levar aquilo pra frente.

Mateus: E porquê tu deixou chegar nisso? - O olhar dele passava sua raiva e chateação.

Mafê: Mateus, eu... - Abri a boca sem ter o que falar. - Olha, não quero te magoar.

Mateus: Não se preocupa, tu já fez isso. - Foi ríspido.

Mafê: Quantas desculpas vão ser necessárias? Eu não tenho que me justificar a vida inteira, não mando no meu coração, Mateus. - Bati na minha perna, impaciente. - Eu sinto muito você ter colocado esperança em uma relação que não vai existir. - Tentei me aproximar dele, mas o mesmo se afastou. - Não estou pronta pra você... - Sussurrei olhando ele apreensiva.

Mateus: Não está pronta pra mim? - Ele sorriu debochado, mas com uma lágrima solitária escorrendo pela sua bochecha. - Tu tá com alguém, Fernanda? - Encarei o olhar baixo, podendo notar o seu peito subir e descer freneticamente.

Mafê: Não, não estou. - Ouvi o estalar de língua dele e antes de sair do meu quarto ele me olhou pela última vez, desaparecendo da minha frente.

Se antes eu estava mal com o nosso desentendimento de sexta, pode ter certeza que agora eu estou muito mais.

Acima de tudo eu realmente amo o Mateus, mas como um irmão. Ele é meu melhor amigo há tanto tempo, não queria que um amor não correspondido abalasse nossa amizade, se é que ela irá permanecer agora depois disso.

Chorei de raiva por ter deixado ele sair magoado, nunca foi essa a minha intenção, machucar logo ele que sempre esteve ali comigo.

Um novo (re)começoOnde histórias criam vida. Descubra agora