05. Indecifrável

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🐆 | Maria Fernanda.
02h08, sexta-feira.

Mafê: Amigo, você me leva em casa? Tô cansada, amanhã eu levanto cedo. — Deitei a cabeça no ombro dele.

Léozinho: Aguenta só mais um pouquinho. — Fez bico e eu balancei a cabeça.

Carolina: Garotinha chata ein. — Murmurou pra ele, mas deu muito bem para todos ouvirem.

Mafê: Tá se referindo a quem mesmo? — Olhei bem pra fuça dela.

Carolina: Você mesmo, vagabunda.

Mafê: Se enxerga garota, nunca conversou comigo pra saber do meu caráter. Ao contrário de você, não preciso ficar julgando os outros pra me sentir melhor, muito menos fico arrumando barraco pra chamar atenção. — Peguei minha bolsa na mesa e saí daquele lugar, ouvindo piadinhas de algumas pessoas.

Léozinho: Mafê! — Ouvi a voz dele e apressei meus passos. — Fernanda, espera, mano. — Ele me alcançou e segurou meu pulso sem força. — Eu te levo em casa.

Mafê: Eu vou sozinha Léo, não precisa se incomodar.

Léozinho: Para cara, eu te levo.

Mafê: Não precisa, de verdade. — Sorri sem mostrar os dentes. — Só aprende a controlar a sua namorada, não me exaltei por respeito à você e também pra não descer ao nível daquela garota. — Saí andando antes que ele tentasse justificar um monte de coisa.

Eu amo meu amigo, mas ele é muito otário na mão da Carolina e dela eu quero distância.

🎱 | L8.
02h23, sábado.

Léozinho: Tu tem que mudar tua postura, Carolina.

Carolina: Mudar o caralho, aquela cadela tava me estressando o baile todo.

Braga: A menina nem fez nada contigo. — Revirou os olhos. Braga tava certa mesmo, a morena não tinha nem olhado pra cara da Carol e ela arrumando caô pra cima da garota.

Carolina: Ah, claro! Ficou em cima do Leonardo toda hora e esse imbecil não deu um chega pra lá na piranha.

Léozinho: Carolina, namoral, some da minha frente.

Carolina: Senão o que? Vai me bater? — Apontou o dedo na cara dele.

L8: Chega né, vai caçar outro lugar pra tu aparecer. — Empurrei ela pra longe do Léozinho, vi que o mano já tava no limite e a Carolina ainda fica falando na mente do cara. — Tira ela daqui, DG. — Falei com o vapor pra carregar ela dali.

Eu também já estava sem saco de ficar ali, saí daquela muvuca e respirei fundo quando estava do lado de fora.

Fui descendo cumprimentando os moradores que estavam na rua, me enfiei no primeiro beco que eu vi e encostei no muro pra queimar um.

- Você é uma safada garota, me arrasta pra baile e depois me larga sozinha. — Ouvi uma voz feminina um pouco mais na frente de onde eu estava, mas continuei fumando. — Relaxa, dou meu jeito pra ir embora... Tá tudo bem, tudo bem... Vai dar, vai. — A morena que estava peitando a Carolina minutos antes apareceu ali.

Mafê: Ah, oi. — A voz saiu baixa quando me viu e ela desviou o olhar.

L8: É um perigo tu estar sozinha por aí, tá tarde já. — Fitei meu relógio vendo que marcava 02:31.

Mafê: Talvez.

L8: Hum. — Soprei a fumaça para o lado oposto.

Mafê: Posso? — Apontou para minha mão e eu hesitei antes de entregar o baseado pra ela, que tragou sem dificuldades.

L8: Já tinha fumado antes?

Mafê: É o que parece né. — Sorriu me estendendo o baseado de volta. — Fumo pra aliviar a mente.

L8: É um bom refúgio.

Mafê: Quase sempre funciona. — A acompanhei com o olhar enquanto ela sentava em cima da base de concreto que tinha naquele beco estreito.

L8: Qual foi?

Mafê: Não é nada. — Garota estranha do caraí, eu hein.

Ficamos quietos até queimar o baseado todo, ela fitava um ponto fixo com uma expressão vazia e eu fiquei olhando meio assim.

L8: Já vai? — Perguntei assim que ela levantou.

Mafê: É, vou indo andando.

L8: Te faço companhia, pô. — Ela deu de ombros e foi andando pra sair do beco, não deixei de reparar no belo par de pernas que ela tinha, além da bunda redondinha. — Cuidado! — Puxei o seu corpo antes que ela rolasse na escadaria ao pisar em falso em um dos degraus. — Tu ía cair feio aí.

Mafê: Já pode me soltar. — Senti sua respiração fraca no meu pescoço e soltei ela. — Obrigada. — Fiquei a encarando, até o seu celular começar a tocar e ela pegar pra atender. — Oi... Eu já estou indo... Sim... Já disse que já vou... Tchau, Roger. — Ela guardou o celular e me encarou sem graça.

L8: Quer que eu te deixe em casa?

Mafê: Não! — Falou meio alto. — É... Não precisa, obrigada.

L8: É só um bonde pô, também já tô indo pra casa. — Custa nada ser útil e também estava tarde pra ela ir sozinha. — Melhor do que tu ir sozinha.

Mafê: Tudo bem.

L8: Bora, minha moto tá logo ali na frente. — Ela balançou a cabeça e me seguiu até a minha moto. — Segura aí. — Dei partida, ela foi me explicando o caminho até sua casa, observei a casa simples antes de parar, ela desceu da moto e ficou me olhando, mesmo com pouca iluminação vi ela abrir um sorriso generoso e antes de ir subir as escadas ela virou pra mim.

Mafê: Obrigada novamente. — Quando eu já tava saindo dali, um vapor saiu de dentro da casa e pela cara, ele não tava muito de boa não.

Roger: Que parte do "não quero você em baile" você não entendeu porra? — Ele que não tinha me visto ainda, empurrou ela contra o muro, aí eu já olhei torto e fui logo descendo da moto, odeio essas paradas de covardia com mulher.

Mafê: Eu... — Tentou se explicar, mas ele forçou ela ainda mais contra no muro chapiscado.

Roger: Só entra nessa porra. — Apertou o braço dela, forçando ela a entrar na casa.

L8: Qual foi, parceiro? Precisa fazer isso com a mina não, pô. — Me meti no meio dos dois, ele ficou todo nervoso quando me viu e largou ela.

Roger: Não chefe, tá tudo tranquilo aqui, não tá Maria? — Ela olhou pra ele assustada e concordou com a cabeça rapidamente.

L8: Beleza então. — Olhei pra eles pela última vez e a morena fez uma expressão indecifrável pra mim, dei de ombros e virei as costas pra ir embora.

Mina mó linda, toda princesinha, pena que já é casada com mano meu.

💌 | Recadinho às leitoras:
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Um novo (re)começoOnde histórias criam vida. Descubra agora