20. Esquemas

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🎱 | L8.
06h55, segunda-feira.

Segunda-feira bateu na porta e eu já tava de pé desde às cinco da matina, tava pilhadão com uma missão que tinha pra essa semana, carregamento das drogas chegava na quarta-feira, as paradas tinham que acontecer tudo certinho.

Tava com uma dor de cabeça do caralho logo cedo, peguei a moto e parei uma rua antes pra chegar na farmácia, com a moto não dava pra passar. Comprei o remédio e saí com a sacolinha nas mãos. Cortei o caminho pra chegar onde tinha largado a moto e antes de chegar até lá topei com a Mafê entrando no mesmo beco que eu tava.

L8: Opa, bom dia. — Sorri de lado olhando pra ela.

Mafê: Bom dia. — Desejou me olhando de volta. Aproveitei pra observar a roupa que ela usava, a calça branca apertava suas coxas e a deixa mais gostosa ainda. — Já tá por aí cedo assim?

L8: Fui comprar um remédio. — Levantei a sacola.

Mafê: Dor de cabeça? — Concordei. — Conheço um remédio ótimo pra isso. — Abri um sorriso na maldade e ela abriu mó olhão. — Não, não nesse sentido que você tá pensando. — Falou rápido.

L8: E você sabe o que eu tô pensando? — Molhei o lábio inferior vendo que ela ficou sem jeito, deu pra notar que era mania colocar um mecha atrás da orelha ou sorrir fraco quando estava sem graça. — Tá indo pro trampo? — Mudei de assunto, querendo ficar com ela ali mais um tempinho.

Mafê: Sim, começa em... — Parou pra olhar o relógio no pulso. — Dez minutos, inclusive tenho que ir pra não chegar atrasada. — Ela passou a alça da bolsa pro outro ombro e foi pra passar por mim.

L8: Minha moto tá ali na frente, posso te levar.

Mafê: Essa carona também conta no seu caderninho?

L8: Acho que a primeira dívida já foi quitada. — Pisquei vendo ela sorrir. — Falando nisso, tu meteu o pé naquele dia que eu nem vi.

Mafê: Não tinha pra que dormir lá. — Deu de ombros. Fiquei calado e ela me acompanhou até onde tava minha moto. — Não vai estragar seus esquemas andando comigo direto? — Comentou subindo na moto, ela apoiou a mão na minha coxa e chegou perto pra poder me escutar.

L8: Não esquento com isso. — Liguei a moto e parti com ela acariciando meu ombro uma vez ou outra. — Tu é liberada que horas? — Perguntei diminuindo a velocidade da moto.

Mafê: Geralmente seis e pouquinha eu já tô saindo. — Ela desceu da moto e parou do meu lado. — Porquê?

L8: Se pá eu venho te buscar.

Mafê: Tá levando a sério a parada de motorista particular ein. — Sorriu largo.

L8: Quem sabe não me dá um bom retorno? — Desci o olhar pra boca dela, vermelhinha por conta daquela parada de brilho. — Tá entregue.

Mafê: Obrigada. — Abriu um sorriso. Já estava me acostumando em ver essa mulher sorrir, era algo bonito demais de olhar. — Tenha um bom dia! — Ela deu um beijo no canto da minha boca, virou as costas e entrou no postinho.

Neguei com a cabeça e voltei pra minha casa, tomei o remédio e peguei minha arma, botei na cintura e fui rumo à boca. Só tinha o Leozinho lá, tava morgadão no sofá com a blusa no rosto.

L8: Vai trabalhar seu puto. — Bati na cabeça dele.

Leozinho: Maior sono, papo reto. — Tirou o pano da cara e me olhou. — E a parada quarta? Tudo nos conformes?

L8: Tem que repassar o esquema pra tropa, quero pouca gente, só os de confiança. — Ele balançou a cabeça confirmando.

A gente esperou os caras chegar e passei pra eles a missão certinha, expliquei tudo e avisei que não tinha margem pra erro.

Xadrez: Aí chefe. — Apareceu na porta olhando pra mim. — Flávia tá aí fora querendo falar contigo. — Levantei da cadeira e fui lá ver o que ela queria, o moleque tava atrás dela mexendo no celular e nem me viu chegando.

Flávia: Oi, L8. — Mencionou meu vulgo e ele na hora levantou a cabeça me procurando.

Henrique: Tio! — Abri os braços pegando ele no colo. — Tá feião de perto.

Flávia: Carlos Henrique! — O repreendeu.

L8: Se liga, menor. — Apertei o nariz dele, colocando ele no chão. Garoto tava pesadão. — Fala a tua, Flávia. — Abracei ela de lado.

Flávia: Ele encheu o saco pra vir hoje. — Olhei pra ele que observava tudo em volta. — Ultimamente anda perguntando muito do Carlos, pediu pra visitar vocês.

L8: Dá um desconto. — Ela passou a mão no rosto, respirando fundo. — E tu, tá de boa?

Flávia: De boa não tem como né, a gente tem que ir levando. — Falou sem jeito.

L8: Tu sabe que tem a gente aqui pra ajudar, não é porque o Cacá não tá presente que a família dele não vai tá pra vocês dois. — Toquei o ombro dela. — De que horas é a escola dele?

Flávia: Ele pega às 13h, consegue levar? — Concordei com a cabeça.

L8: Vou levar ele na minha mãe, vem com a gente? — Ela negou.

Flávia: Vou aproveitar pra resolver umas coisas no médico.

L8: Precisa de grana?

Flávia: Não. Carlos mandou um menino entregar esses dias.

L8: Bora moleque, quer ver tua vó? — Ele abriu um sorrisão.

Flávia: Se comporta Henrique, seu tio vai te deixar na escola depois, tá bom? — Ele balançou a cabeça e veio pro meu lado, depois dela encher ele de beijos.

Henrique: Mãe eu não sou neném. — Meteu mó marra.

Flávia: É meu neném ainda. — Ela riu. Esperei ela me entregar a mochila dele e subi ele na moto, ficando atrás. Deixei ele guiar só por um pouquinho e fui tranquilo sem acelerar até a casa da minha mãe.

Saí abrindo o portão e ele veio atrás falando que ía dar um susto na velha.

Henrique: Tio não estraga. — Passou por mim rindo e saiu na minha frente, só escutei o grito da minha mãe lá de dentro e entrei na casa rindo.

Carla: Garoto, o que você tá fazendo aqui?

Henrique: Fugi da minha mãe. — Ele riu pilantra e se jogou no sofá. Dona Carla olhou pra mim com as mãos na cintura e levantou a sobrancelha.

L8: Ele vai ficar aqui um pouco, mais tarde eu deixo na escola.

Carla: Que saudade que eu tava do meu amor. — Ela foi apertar ele, minha coroa encheu ele de beijos.

Geral aqui em casa se amarrava no moleque, ele tinha todo o jeito do Cacá, lembrava muito meu irmão.

Um novo (re)começoOnde histórias criam vida. Descubra agora