06. Tudo são flores

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🐆 | Maria Fernanda.
06h02, sábado.

Na madrugada o Roger me bateu tanto que eu fiquei desacordada, o desgraçado ainda saiu e me deixou sozinha em casa.

Acordei sentindo meu corpo dolorido, tomei um banho frio e fiz minhas higienes matinais. Vesti uma calça, uma blusa de manga, calcei meu tênis e ajeitei meu cabelo com a escova. Fiz milagre no meu rosto para esconder as marcas, quando estava pronta peguei minha bolsa e o meu celular, que estava descarregado.

E você deve estar se perguntando porque eu ainda continuo com ele, né?

O Roger ameaça fazer algo contra a minha mãe toda vez em que falo que vou largar ele ou denunciá-lo. O medo dele machucar ela é maior, por isso eu me sujeito a passar por essa situação.

Saí de casa sem tomar café e fui direto para o postinho, meu turno começava em poucos minutos. Entrei na salinha onde ficavam os nossos pertences e encontrei a Ana já arrumada.

Mafê: Bom dia. — Beijei o rosto dela, que parou pra me encarar na hora.

Ana Alice: Fê... — Ela apoiou as mãos nos meus ombros e me analisou de cima a baixo. — Ele te bateu de novo não é? — Falou baixo, acariciando meu rosto.

Mafê: Tá tão difícil aguentar tudo isso.

Ana Alice: Você tem que contar pra alguém Fernanda, ele não pode te espancar até você ficar desacordada e depois você agir como se nada tivesse acontecido. Eu posso contar para o Leozinho, ele vai tomar alguma atitude, sei que vai.

Mafê: Por favor, não faz isso. — Implorei. — O Roger pode fazer algo pra minha mãe, por favor Alice, não fala nada pra ninguém.

Ana Alice: Não concordo com isso. — Ela me deu as costas, saindo desapontada. Caminhei até o meu armário e comecei a me arrumar para mais um longo turno.

Alice sempre me ajudou em tudo, ela realmente não suporta me ver nessa situação e não poder fazer nada, porque eu não deixo com medo dele fazer algo com a minha mãe, ou até mesmo com ela.

Infelizmente o que me resta é continuar aceitando que não existe nenhuma saída. Ou eu aguentava calada todo esse inferno ou o Roger atingiria o meu ponto fraco, que são as pessoas que eu amo.

🎞 Flashback On| Noite passada.

Roger: Vou precisar repetir que não quero você em baile sem que eu não esteja presente? — Foi a primeira coisa que ele disse ao entrarmos em casa.

Mafê: Eu estava apenas me divertindo Roger.

Roger: E esperou eu não estar presente no morro pra me tirar de otário? Saquei. — Ele riu fraco, passou a mão no pescoço.

Mafê: Eu ainda tenho o direito de sair, me divertir.

Roger: Claro que tem, amor. — Falou sarcástico. — Eu não gosto de te machucar, Maria Fernanda, mas parece que você pede caralho. — Sua mão apertava meu braço cada vez mais forte.

Mafê: Por favor, eu não aguento mais Roger.

Roger: Antes tivesse me respeitado. — Sua íris completamente sombria me aterrorizou.

Mafê: Você é um monstro, Roger. Um monstro! — O primeiro soco veio, logo depois o segundo, o terceiro... — Para, por favor! — Tentei proteger meu rosto, mas seus socos e chutes acertavam todo o meu corpo, principalmente a região do meu abdômen.

Um novo (re)começoOnde histórias criam vida. Descubra agora