38. Dor do luto

562 29 1
                                    

🐆 | Maria Fernanda.
11h07, domingo.

A dor do luto era horrível, mas eu me encontrava no estágio de negação. Não conseguia acreditar que isso tinha acontecido.

A minha mãe morreu. Não tinha como acreditar.

Eu estava no hospital novamente, me colocaram no soro, desmaiei outras duas vezes, minha pressão foi nas alturas com toda a informação que chegou em mim.

Ana Alice tentava não chorar perto de mim, mas eu a havia visto ela soluçar durante a madrugada.

Meu peito ardia, não conseguia chorar sem que minha costela ardesse com os movimentos.

Mafê: Me tira daqui. — Supliquei ao Mateus, que não tinha saído do meu lado um minuto sequer.

Teteu: Já tá terminando, princesa. — Ele apontou pro soro e eu encarei o teto lembrando de todos os meus momentos com a minha mãe.

Nosso último encontro não foi o melhor, e eu poderia ter deixado de lado a questão do Eliseu e aproveitado mais da dona Josi.

Mafê: Ela não tinha nada haver, Mateus. — Olhei pra ele, sentindo as lágrimas rolarem.

Teteu: Eu sei amor, não entra em desespero... — Ele segurou minha mão vindo beijar o meu rosto.

🦋 | Ana Alice.
17h43, terça-feira.

Foram longos três dias desde todo o acontecido de sábado, o enterro da tia Josi foi pior do que a notícia, pois sabíamos que dali pra frente a dor só aumentaria, ela já não voltaria mais.

A Mafê estava numa situação de crise, tinha pesadelos recorrentes, não se alimentava direito e sua ansiedade estava acabando com ela.

Ela preferiu ficar na casa do Teteu em Lucas, e eu revezava com o Leozinho pra ficar com ela lá, porque o Mateus tinha os afazeres dele como dono do morro e não podia ficar com ela 100% do dia.

Hoje eu tinha plantão de 24 horas e vim na casa do Teteu só pra ver como a Mafê estava.

Ana Alice: Você tem que se alimentar, Maria. — Passei a mão pelo cabelo dela.

Teteu: Tô tentando convencer ela.

Mafê: Eu não sinto fome. — Falou baixo, se cobrindo com a coberta.

Ana Alice: Mas você não pode ficar sem comer nada, amiga. — Estava mantendo a calma.

De tanto insistir acabou que ela jantou um pouquinho de comida e não quis assunto, me despedi saindo do quarto junto do Teteu.

Teteu: Eu vou levar ela naquela psicóloga que você falou, bagulho pode ajudar.

Ana Alice: Ela aceitou ir?

Teteu: Tem essa de aceitar não, eu vou levar e pronto. — Ele riu baixo.

Ana Alice: Me liga qualquer coisa.

Teteu: Fica suave.

🎱 | L8.
19h32, terça-feira.

Desde domingo que eu não via a morena, ela pediu pra ir pra casa do Teteu e eu não tive como pedir pra ela ficar, apenas respeitei a vontade dela.

O Espinha também tava sumido desde o enterro da coroa, não tinha colocado as caras até hoje, e agora estava no maior ódio aqui na boca.

Espinha: Tu sobe comigo, L8. — Apontou indo lá pra fora e eu segui ele de moto.

Já imaginava aonde ele estava indo e tive a certeza quando paramos na frente da casinha.

A porta foi aberta e eu entrei atrás dele vendo o merda do Roger todo estourado no chão. O Espinha pelo visto já tinha dado um trato nele, os machucados e cortes por todo o corpo indicava um pouco do que ele recebeu.

Roger: Você não iria ficar de fora dessa né... — Ele falou cuspindo sangue no chão, mal respirava direito mas estava cheio de gracinha.

L8: Sua morte vai ser tão pouco para o que você merecia ter.

Roger: Como a Fernandinha está, irmão? — Ele falava com dificuldade, mas com a voz carregada de maldade.

Senti a raiva subir e eu chutei a cara dele, vendo ele cuspir sangue longe.

L8: Tu vai pagar tudo que fez com ela seu filho da puta. — Pisei encima da ferida na perna dele, ouvindo ele gemer de dor.

Descarreguei o ódio nele, dando só bicuda na cara do infeliz, o Espinha estava calado, porém os pneus e a garrafa de gasolina indicavam o que ele pretendia fazer.

Nós dois colocamos ele dentro dos pneus e amarramos ele para que ficasse de pé, o Espinha acendeu o isqueiro e jogou fazendo a chama de fogo subir.

O Roger se contorcia lá dentro e aos poucos seus gritos foram parando, eu dei as costas vendo ele já morto dentro do microondas e parei do lado do Espinha.

Espinha: Se hoje isso tudo tá acontecendo, o culpado sou eu de ter comprado briga com inimigos e ter metido minha família nisso.

L8: Nem sempre dá pra cuidar de tudo, Espinha.

Espinha: Mas era o meu dever manter as duas em segurança e o que eu tenho agora? — Ele passou a mão no rosto, estava exausto com essa situação. — A culpa de ter minha mãe morta por causa do meu envolvimento com o tráfico e uma irmã que sequer vai olhar na minha cara.

Um novo (re)começoOnde histórias criam vida. Descubra agora