15. A verdade

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🐆 | Maria Fernanda.
10h11, sábado.

A correria no trabalho foi grande, mal havia parado pra comer alguma coisa.

Tinha acabado de sentar no primeiro lugar disponível e abri minha barrinha para comer, foi coisa de segundos até a Daniela aparecer na minha frente.

Daniela: Mafê, tem um paciente no corredor da emergência.

Mafê: Ué, pode cuidar. — Ela queria o quê, minha aprovação?

Daniela: Ele disse que só aceita ser atendido por você. — Falou indiferente e eu revirei os olhos. Terminei a barra de cereal e levantei sem saco, nem comer direito eu consigo.

Fui até a emergência e não foi difícil achá-lo no meio de outros pacientes.

Mafê: O que você está fazendo aqui? — Olhei séria, vendo o rastro de sangue no chão.

🚬 | Espinha.
10h14, sábado.

Espinha: Não vai me atender?

Mafê: Bem que eu poderia deixar você aí, mas não posso negar atendimento. — Me encarou com a pior cara dela. — Levanta. — Mandou serinha. Só a acompanhei até uma sala, tinha outras pessoas ali e ela me conduziu até uma maca vazia.

Espinha: Não vai perguntar como me machuquei? — Perguntei enquanto ela separava uns materiais na bandeja.

Mafê: Prefiro nem saber. — Ela pegou uma quantidade de gase e passou em cima do corte, tirando o excesso de sangue. — Não precisa puxar papo comigo, Eliseu.

Espinha: Porquê tão grossa, Fernanda?

Mafê: Não faço ideia... — Percebi que ela estava separando a agulha pra fechar.

Espinha: Vai dar quantos pontos? — Ela não respondeu, observei cada movimento dela e fiz careta vendo cada puxada que ela dava no fio, estava fazendo para machucar mesmo, e seria engraçado se não estivesse doendo tanto. — Fiquei sabendo que terminou com o Roger.

Mafê: Não é da sua conta. — Respondeu grossa.

Espinha: Vocês dois combinavam juntos. — Falei debochado, odiava aquele merdinha.

Mafê: Já terminei aqui, pode ir. — Ela finalizou a sutura e saiu pra lavar as mãos. — Quer que eu te pegue no colo? — Me olhou séria, eu pelo contrário dei risada da sua ironia.

Espinha: Estou esperando a Sandrinha. — Tava mesmo, tinha ligado pra ela assim que entrei aqui no posto.

Mafê: Deveria largar essa vida, ao menos por ela. — Comentou baixo me olhando.

Espinha: Isso não é da sua conta. — Devolvi a sua mesma resposta.

Alessandra: Mais uma vez arrumando problema, né Eliseu? — Seu tom de voz alto chamou nossa atenção. — Oi, Fernanda. — A cumprimentou rápido.

Mafê: Oi. Olha, se caso inflamar o remédio tá prescrito aqui, só higienizar sempre e evitar muito esforço, o corte tava fundo e precisou de seis pontos. — A Alessandra escutava atenta e a Mafê assim que terminou de falar, saiu dali sem nem me olhar.

Alessandra: Claro que você tinha que vir perturbar sua irmã, né Eliseu? — Me beliscou assim que a Maria sumiu da sala.

Espinha: Um dia ela vai ter que falar comigo.

Alessandra: Você deveria deixar a menina seguir a vida dela, assim como você fez. — Ela me ajudou a descer da maca e foi andando comigo apoiado em seu corpo até a saída do postinho. — Não adianta você tentar pagar de irmão mais velho fodão, porque você nunca foi. — Jogou na minha cara.

Um novo (re)começoOnde histórias criam vida. Descubra agora