🐆 | Maria Fernanda.
10h11, sábado.A correria no trabalho foi grande, mal havia parado pra comer alguma coisa.
Tinha acabado de sentar no primeiro lugar disponível e abri minha barrinha para comer, foi coisa de segundos até a Daniela aparecer na minha frente.
Daniela: Mafê, tem um paciente no corredor da emergência.
Mafê: Ué, pode cuidar. — Ela queria o quê, minha aprovação?
Daniela: Ele disse que só aceita ser atendido por você. — Falou indiferente e eu revirei os olhos. Terminei a barra de cereal e levantei sem saco, nem comer direito eu consigo.
Fui até a emergência e não foi difícil achá-lo no meio de outros pacientes.
Mafê: O que você está fazendo aqui? — Olhei séria, vendo o rastro de sangue no chão.
🚬 | Espinha.
10h14, sábado.Espinha: Não vai me atender?
Mafê: Bem que eu poderia deixar você aí, mas não posso negar atendimento. — Me encarou com a pior cara dela. — Levanta. — Mandou serinha. Só a acompanhei até uma sala, tinha outras pessoas ali e ela me conduziu até uma maca vazia.
Espinha: Não vai perguntar como me machuquei? — Perguntei enquanto ela separava uns materiais na bandeja.
Mafê: Prefiro nem saber. — Ela pegou uma quantidade de gase e passou em cima do corte, tirando o excesso de sangue. — Não precisa puxar papo comigo, Eliseu.
Espinha: Porquê tão grossa, Fernanda?
Mafê: Não faço ideia... — Percebi que ela estava separando a agulha pra fechar.
Espinha: Vai dar quantos pontos? — Ela não respondeu, observei cada movimento dela e fiz careta vendo cada puxada que ela dava no fio, estava fazendo para machucar mesmo, e seria engraçado se não estivesse doendo tanto. — Fiquei sabendo que terminou com o Roger.
Mafê: Não é da sua conta. — Respondeu grossa.
Espinha: Vocês dois combinavam juntos. — Falei debochado, odiava aquele merdinha.
Mafê: Já terminei aqui, pode ir. — Ela finalizou a sutura e saiu pra lavar as mãos. — Quer que eu te pegue no colo? — Me olhou séria, eu pelo contrário dei risada da sua ironia.
Espinha: Estou esperando a Sandrinha. — Tava mesmo, tinha ligado pra ela assim que entrei aqui no posto.
Mafê: Deveria largar essa vida, ao menos por ela. — Comentou baixo me olhando.
Espinha: Isso não é da sua conta. — Devolvi a sua mesma resposta.
Alessandra: Mais uma vez arrumando problema, né Eliseu? — Seu tom de voz alto chamou nossa atenção. — Oi, Fernanda. — A cumprimentou rápido.
Mafê: Oi. Olha, se caso inflamar o remédio tá prescrito aqui, só higienizar sempre e evitar muito esforço, o corte tava fundo e precisou de seis pontos. — A Alessandra escutava atenta e a Mafê assim que terminou de falar, saiu dali sem nem me olhar.
Alessandra: Claro que você tinha que vir perturbar sua irmã, né Eliseu? — Me beliscou assim que a Maria sumiu da sala.
Espinha: Um dia ela vai ter que falar comigo.
Alessandra: Você deveria deixar a menina seguir a vida dela, assim como você fez. — Ela me ajudou a descer da maca e foi andando comigo apoiado em seu corpo até a saída do postinho. — Não adianta você tentar pagar de irmão mais velho fodão, porque você nunca foi. — Jogou na minha cara.
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Um novo (re)começo
Ficción GeneralMaria Fernanda merecia uma segunda chance, um novo (re)começar, precisava por ela e por aqueles que amava. Seu caminho traçou por lugares escuros e difíceis, mas sua motivação por sair do fundo do poço não a deixou desistir.