🎱 | L8.
17h51, sexta-feira.L8: Isso tá na tua responsabilidade, qualquer parada que acontecer tu vai se resolver comigo. — Dei por fim o papo com ele.
Telca: Não chefe, fica suave. — Voltei à contabilidade depois que ele se retirou do cômodo.
Xadrez: Aí L8. — Ergui a cabeça esperando ele terminar de falar. — Tua cunhada tá lá embaixo com o teu sobrinho.
L8: Não subiu porquê? — Franzi o cenho.
Desde quanto a Flávia tinha que ter autorização pra subir a favela?
Xadrez: Ela só pediu pra tu ir lá chefe, não disse o motivo. — Balancei a cabeça e agradeci pelo recado.
Desci de moto na tranquilidade e chegando no pé do morro, me assustei vendo a Flávia com uma mala grande ao seu lado e o Henrique com sua mochila nas costas, com a maior carinha de choro.
L8: Que isso? — Fui pro lado deles depois de largar a moto estacionada de qualquer forma na rua. — Qual foi Flávia, o que aconteceu?
Flávia: Podemos ir pra sua casa pra gente conversar? — Encarei seu olhar cansado e confirmei na mesma hora.
L8: Kaju, faz favor. — Esperei o branquinho se afastar do carro e ele veio até mim, estralando os dedos. — Tá com a chave aí? — Assentiu confirmando. — Sobe com a minha moto que eu vou com o carro até a minha casa. — Entreguei o cordão com a chave da minha moto e abri a mão pegando a chave da XC60.
Inclinei a cabeça pra Flávia e ela segurou na mão do Henrique entrando os dois no carro prata. O menor estava calado, não havia nem olhado pra mim, estava com o pensamento longe o moleque.
Já tava começando a ficar intrigado com esse bagulho, coloquei a mala grande no porta malas e entrei no carro já guiando até a minha casa.
Os dois desceram calados e eu pedi que entrassem enquanto eu devolvia a chave para o Kaju.
L8: Viu quem deixou os dois lá embaixo? — Passei a mão no queixo, esperando sua resposta.
Kaju: Vieram de ônibus, vi eles descendo no ponto.
L8: Valeu. — Fiz sinal pra ele ir e entrei na minha casa acertando o boné na cabeça. — Vocês são de casa, fica a vontade. — Olhei de lado para os dois, vendo a Flávia parada do lado do sofá e o Henrique preso ao seu corpo.
Henrique: Mãe, posso ir dormir?
Flávia: Pode, tá sentindo dor ainda? — Ele negou com a cabeça e subiu as escadas andando rápido até lá em cima.
L8: Qual o desenrolo? — Larguei o corpo no sofá esperando uma explicação dela.
Flávia: Ainda não chegou no teu ouvido? — Ela cruzou os braços em frente ao peito, assumindo uma postura firme. Maneio com a cabeça para que ela continue. — Teu irmão tá de mulher nova. — Olhei atento pra ela, surpreso pela novidade. — Nega foi atrás de mim lá no meu trabalho, você tem noção da humilhação que foi ouvir daquela mulher que meu marido está com outra mesmo estando preso? — Pela maneira que ela cuspia as palavras, dá pra imaginar a forma que foi tratada. — Eu mereço tapa na minha cara, Luís. — Ela sorriu nervosa, andando para o outro canto da sala. — Como eu fui idiota de acreditar no teu irmão, porra?
L8: Estou tão surpreso quanto você.
Flávia: A garota tem dezenove anos cara, uma ninfeta, desgraçada. — Flávia rosnou, passando a mão nos fios curtos de seu cabelo. — Estou sem casa. — Ela se sentou do meu lado, curvando a cabeça entre as pernas. — A vagabunda fez questão de aparecer lá com uns mandados dizendo que a casa era dela e que me queria ver longe, deixando claro que era vontade do Carlos.
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Um novo (re)começo
Ficção GeralMaria Fernanda merecia uma segunda chance, um novo (re)começar, precisava por ela e por aqueles que amava. Seu caminho traçou por lugares escuros e difíceis, mas sua motivação por sair do fundo do poço não a deixou desistir.