🐆 | Maria Fernanda.
18h24, sexta-feira.Dois meses se passaram desde todo o acontecido, eu estava melhor, fisicamente sim, porém mentalmente não estava 100% recuperada ainda.
Estava indo na psicóloga duas vezes na semana, com medicação controlada para dormir e acompanhamento rígido, mas eu entendia que tudo era para que eu me recuperasse do trauma da melhor forma.
Estávamos na metade de Outubro e faltavam apenas dois meses para 2023 terminar, o que eu não via a hora de acontecer.
Sai do postinho e meu neguinho já me esperava lá fora pra me deixar na faculdade.
Mafê: Chegou no horário hoje. — Sorri abraçando ele pelo pescoço.
Teteu: Adiantei minhas paradas pra te levar com calma.
Mafê: Hum. — Me estiquei pra dar um selinho nele.
O Mateus ficou comigo o tempo todo durante minha recuperação, eu estava praticamente morando na casa dele, vinha aqui em Vigário apenas para trabalhar mesmo.
Mas o tempo que eu fiquei em sua casa ele respeitou meu limite e desde então a gente só troca beijos e carinhos, nada além disso.
Teteu: Tem tempo de jantar hoje?
Mafê: Minha aula de hoje termina às 21h, acho que dá pra gente jantar. — Falei subindo na garupa da moto.
Teteu: E tu quer comer aonde?
Mafê: Estou com saudade da comida da dona Marta. — Sorri abraçando ele pela cintura, que acelerou pra sair de VG rumo à Caxias, onde era minha faculdade.
Minha aula começa às 19h e chegamos lá faltando quinze minutos, aproveitei o tempinho pra conversar com ele.
Teteu: Você tem que distrair a mente, a Raquel mesmo falou isso. — Tentou me convencer de ir ao baile amanhã.
Mafê: E vai ser em baile por acaso, Mateus? — Revirei os olhos.
Teteu: Você não pode parar sua vida, princesa.
Mafê: Em casa a gente conversa sobre esse assunto.
Teteu: E quando tu vem morar comigo mesmo? — Ele sorriu me puxando pro meio das suas pernas.
Mafê: E eu já não estou?
Teteu: Tu entendeu minha pergunta. — Ele soprou próximo ao meu ouvido.
Mafê: Sabe que estou lá apenas como sua amiga. — Soltei a respiração.
Teteu: Porque quer, por mim a gente já tava namorando a muito tempo.
Mafê: Outra coisa que a gente vai conversar depois, eu não quero te magoar neguinho. — Avisei contornando o rosto dele com a unha. — Eu vou entrar, tudo bem?
Teteu: Você é foda cara. — Ele negou com a cabeça. — Eu não vou estar pra tu pra sempre, Maria. — Falou sério, com a mão presa na minha cintura.
Mafê: E eu não estou pedindo isso, Mateus. Você sabe que pra mim é complicado, entrar em um relacionamento não é o que eu quero agora.
Teteu: Em casa a gente conversa. — Ele repetiu e eu me desgrudei dele, odiava "brincar" com os sentimentos dele, mas eu não estava preparada para oque ele queria no momento.
Entrei no polo da Unigranrio e me dirigi até o meu bloco, a mente estava um turbilhão de coisas já. Encontrei a Ana Alice já dentro da sala e ela comia alguma besteira enquanto mexia no celular.
Mafê: Nem comprou pra mim. — Sentei atrás dela, fingindo estar bolada.
Ana Alice: Tu fala demais, ó o teu aqui. — Ela me entregou a sacolinha com duas coxinhas lá dentro.
Mafê: Viu só como eu te amo. — Beijei o braço dela que estava apoiado na minha mesa. — Chegou antes de mim hoje, milagre é esse? — Perguntei já comendo a minha coxinha.
Ana Alice: A Braga me trouxe. — Levantei o olhar pra ela com ar de riso.
Acontece que a Alice estava a dois meses revezando os irmãos, uma hora ficava com o Kauê outra hora com a Braga, e isso sem os dois saber desse galinhagem. — Não me julga, os dois são... — Ela se abanou rindo.
Mafê: Tu esquece que os outros tem sentimentos.
Ana Alice: Ah tá, você mesmo esquece disso né. — Ela pontuou virando pra trás pra me olhar.
Mafê: Meu rolo com o Teteu é complicado Alice, ele quer...
Ana Alice: Sabe que eu não tô falando do Mateus. — Ela me cortou. — Amiga, o L8 cuidou de tu com todo o carinho, cara, você simplesmente não retornou uma mensagem do menino. — Fiz careta lembrando disso.
Mafê: Aí Alice, parece até que eu fui ingrata.
Ana Alice: E não foi? — Ela tinha razão. — Ele abriu as portas da casa dele pra você, ficou contigo e aí? Tu correu de Vigário deixando tudo pra trás.
Mafê: Eu não corri...
Ana Alice: Correu sim, amiga. Me desculpa, eu entendo a sua situação, não foi nada fácil superar tudo aquilo, mas o Espinha também não sofreu com tudo isso? O L8 que se apegou a você?
Mafê: Você conversou com eles?
Ana Alice: Eu encontro com os dois direto, teu irmão sempre pergunta como você tá.
Mafê: Agora ele parece se preocupar. — Fui debochada.
Ana Alice: Ele realmente está, não quero me meter nesse assunto, mas você deveria conversar com ele.
Mafê: Falou como dona Josi agora.
Ana Alice: E você sabe que ela concordaria comigo.
Mafê: O L8 pergunta de mim? — Mudei o rumo.
Ana Alice: Agora não mais. — Assenti com a cabeça. — O Teteu faz questão de dizer lá em Vigário que tu tá com ele, o L8 iria entender isso como o que né?
Mafê: O Mateus é foda cara. — Passei a mão no rosto. — Não queria ter vacilado com o L8, não é como se eu tivesse esquecido tudo que ele fez por mim, sou muito grata pelo contrário, mas o Mateus que faz parte da minha vida a mais tempo, me sinto bem com ele, mas não para um relacionamento agora.
Ana Alice: É, mas sua dúvida e indecisão vai acabar deixando você sem os dois, escuta só.
- Boa noite, turma! — A voz da professora ecoou na sala e a Ana Alice virou pra frente, fazendo minha mente queimar com o que ela falou.
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💌 | Recadinho às leitoras:
O que estão achando? Responde aí, vai.
Beijos, K. 😊
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Um novo (re)começo
General FictionMaria Fernanda merecia uma segunda chance, um novo (re)começar, precisava por ela e por aqueles que amava. Seu caminho traçou por lugares escuros e difíceis, mas sua motivação por sair do fundo do poço não a deixou desistir.