Capítulo 3

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Nop encarava pela milionésima vez a foto sobre a prateleira da sala de seu apartamento, fora a última coisa que sobrara do seu relacionamento com a irmã, uma foto dele, Sam e o pai no dia do casamento dela, uma foto feliz, os sorrisos dos três demonstrava claramente isso, uma lembrança esquecida no tempo, e ali parado em frente a prateleira se deu conta que nunca poderia casar-se sem que a irmã estivesse presente lá, passara tanto tempo se culpando pela morte do pai, e imaginando que Sam o odiaria para sempre, que esquecera-se das palavras do pai: "Família quer dizer amor incondicional" e ele amava a irmã incondicionalmente, e apesar dele ter certeza que ela o odiava pelo que fizera, ele queria acreditar que Sam ainda era capaz de amá-lo incondicionalmente após a morte do pai.

- Não está pensando em fugir, esta ? - disse Tee entrando na sala com um tom brincalhão.

- Tenho que buscar Sam - foi tudo que saiu da boca de Nop.

- Está louco, Nop? Você bebeu? - Tee perguntou encarando o amigo sério, será que ele havia bebido antes do casamento? - Certamente Mon o matará se chegar bêbado ao casamento - Tee riu, mas Nop continuou sério, então Tee notou que ele encarava a foto sobre o móvel - Não vai dar tempo de você ir buscá-la - disse receosa.

- Não posso fazer isso sem a minha irmã Tee, Sam é tudo que sobrou da minha família - disse Nop encarando o porta retrato - E de qualquer forma, é caminho da cerimônia

- E se ela não estiver em casa? - questionou Tee achando aquilo uma loucura do amigo

- Pelo menos saberei que tentei até o último minuto - disse ele convencido.

- Tudo bem, eu te levo lá - disse a amiga solícita.

- Não, eu preciso fazer isso sozinho - disse ele pegando o relógio que fora do pai sobre a prateleira e colocando no pulso - Te encontro na igreja, avise a Mon que fui buscar minha irmã, sei que ela vai entender - disse ele encarando novamente o porta retrato antes de pegá-lo da estante - Tee? - ele chamou a amiga.

- Sim - disse Tee voltando a encará-lo.

- Cuide bem do meu apartamento até eu voltar da lua de mel - os dois trocaram um sorriso e se abraçaram, logo depois Nop desapareceu pela porta de seu apartamento, precisa encontrar Sam, lhe pedir perdão e dizer que a amava e que não pode suportar ver seu pai morrer, porque o homem que os criara sozinho após a morte de sua mãe era importante demais, pois sempre fora abrigo para os dois, e simplesmente não conseguia se despedir assim de seu pai, talvez dizendo como se sentirá, Sam o perdoaria e assim celebraria aquela importante data para ele e Mon.

Enquanto dirigia em direção a casa de Sam, Nop vez ou outra olhava o banco do carona onde a foto deles estava, uma sensação de euforia lhe invadia, ter Sam em seu casamento, assim como ele estivera no dela, comemorando um dia feliz seria o que mais o pai gostaria de ver, pegou o porta retrato e o encarou.

- Papai eu vou consertar as coisas com Sam, eu prometo - disse ele, mas quando seus olhos se voltaram à estrada assim que passou apelo cruzamento um caminhão acertou o carro em cheio.

Linhas Cruzadas (Sam&Mon)Onde histórias criam vida. Descubra agora